quinta-feira, 30 de abril de 2015

Fazendeiro diz que filho sequestrado passou fome, sede e perdeu 8kg

Paulo Antônio Batista se emocionam ao reencontrar o filho resgatado em cativeiro; vídeo em Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Pai se emociona ao encontrar filho resgatado após 22 dias

O estudante de agronomia Paulo Antônio Batista Filho, de 21 anos, que foi libertado após mais de um mês em cativeiro, passou fome e sede neste período, perdendo 8kg. Pai do jovem, o fazendeiro Paulo Antônio Batista, que o filho teve "muito medo de morrer". "Eles sempre o ameaçavam. Ele disse que teve muitas horas que ele pensava que ia morrer, mas em seguida dava aquela força, acho que das orações, e isso levantava ele", conta.
Localizado na segunda-feira (27) em uma casa de Goianira, na Região Metropolitana de Goiânia, o estudante foi sequestrado na Fazenda Jaboticabal, que pertencente à sua família, em Nova Fátima, a 35 km de capital. A propriedade é famosa por ter o maior número de pés de jabuticaba no país. 
Sequestrado em 26 de março, Paulo passou o primeiro dia refém em uma mata. Em seguida, o jovem foi levado a um local não identificado, onde ficou por quatro dias. Como o esconderijo era muito pequeno, o estudante disse aos sequestradores que não sobreviveria no lugar.
"Ele ficou quatro dias em um local que não dava nem para espichar as pernas. Ele disse que não ia aguentar ficar lá e pediu para trocar de lugar. Eles viram que não dava mesmo e trocaram", relatou o fazendeiro.
Com isso, os sequestradores levaram Paulo para a casa em que foi encontrado, em Goianira. O estudante ficou algemado a uma tampa de concreto dentro do banheiro. Conforme o pai da vítima, o filho não teve muito contato com criminosos, pois eles o deixavam sozinho no imóvel. Paulo não pedia socorro por medo.
Negociação
O fazendeiro conta que foram dias “muito difíceis e angustiantes” para a família. Nesse período, ele recebeu apenas duas provas de que o filho estava vivo: duas cartas escritas à mão pelo estudante.

Sem revelar detalhes da negociação, Paulo apenas afirma que o contato por telefone com os sequestradores era complicado. “Negociar a vida do filho com bandido não é fácil. Eles não eram agressivos, mas eram duros, queriam que eu fizesse o que eles queriam, mas não tinha condições”. Ele não informou a quantia pedida pelos criminosos.
De acordo com Paulo, ele fez uma promessa para que o filho fosse resgatado com vida. “Se Deus devolvesse meu filho sem nenhum arranhão, prometi que não ia dar nenhum arranhão no sequestrador. Não estou com ódio deles, não quero vingança. Só quero que paguem na Justiça pelo que fizeram”, afirma o fazendeiro.
Presos
Oito suspeitos de participar do crime estão presos. Sete foram detidos pela polícia e, na quarta-feira (29), um jovem de 19 anos se entregou.

Paulo Antônio Batista ficou acorrentado a tampa de concreto no chão de banheiro em Goianira, Goiás (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)Estudante foi achado no chão de banheiro em casa
de Goianira 
De acordo com o advogado Luan Lucas Mota Gomes, que defende o suspeito que se entregou, o cliente levou comida para Paulo durante quatro dias no cativeiro, mas "viu que era coisa grave e decidiu ir embora". O rapaz, que morava em Goianira, fugiu para Brasília. Segundo a defesa, o ele não chegou a receber nada pelo trabalho.
Em relação aos demais detidos, três são da mesma família: um casal e o filho. Outro filho, que seria o líder do grupo, está foragido. A namorada do suspeito preso seria quem cozinhava para o sequestrado. A Polícia Civil continua com as buscas pelo fugitivo.
Mudança de rotina
Apesar da fragilidade, Paulo passa bem. Segundo o pai, ele já se encontrou com amigos, colegas e professores de faculdade. O fazendeiro adiantou que o filho vai receber acompanhamento psicológico para ajudar a superar o trauma.

No dia do crime, dois dos criminosos chegaram a pé procurando emprego. Ao serem informados de que os donos não estavam contratando, a dupla anunciou o assalto.
Os suspeitos levaram R$ 2 mil em dinheiro, um celular e um carro, onde colocaram o jovem. O restante da família foi presa em um quarto da casa e libertada dez minutos depois por visitantes.
Mesmo após o crime, a fazenda continuará funcionando normalmente e aberta ao público. No entanto, eles terão uma rotina mais segura. “A gente tem que mudar, quero segurança para a minha família, hoje em dia as coisas estão difíceis”, diz.

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