Mostrando postagens com marcador ATUALIDADE. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ATUALIDADE. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Justiça Federal aceita denúncia contra ex-diretor da Eletronuclear


Othon Luiz Pinheiro é acusado de receber R$ 4,5 milhões em propina e está preso em um quartel do Exército, em Curitiba. Ele estava afastado da Eletronuclear desde abril deste ano, após as primeiras denúncias de corrupção, e pediu demissão no início de agosto.
Othon Luiz participou, em 2011, de audiência no Senado para discutir o sistema de energia nuclear do país  (Foto: Antonio Cruz/ABr)Othon Luiz passa a ser réu na operação Lava Jato
(Foto: Antonio Cruz/ABr)
Veja os réus do processo e os crimes:

Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-diretor-presidente da Eletronuclear: organização criminosa, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, corrupção passiva e embaraço à investigação de organização criminosa.
Ana Cristina da Silva Toniolo, filha de Othon Luiz e representante legal da Aratec: evasão de divisas, lavagem de dinheiro, organização criminosa e embaraço à investigação de organização criminosa.
Rogério Nora de Sá, ex-executivo da Andrade Gutierrez: associação criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.
Clóvis Renato Numa Peixoto Primo, ex-executivo da Andrade Gutierrez: organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.
Olavinho Ferreira Mendes, ex-executivo da Andrade Gutierrez: organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.
Otávio Marques de Azevedo, executivo da Andrade Gutierrez, afastado da presidência da empresa após a prisão: organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.
Flavio David Barra, ex-executivo da Andrade Gutierrez: organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção ativa.
Gustavo Ribeiro de Andrade Botelho, executivo da Andrade Gutierrez: organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.
Carlos Alberto Montenegro Gallo, controlador da CG Consultoria: organização criminosa, lavagem de dinheiro e embaraço à investigação de organização criminosa.
Josué Augusto Nobre, titular e controlador da JNobre: organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Geraldo Toledo Arruda Junior, controlador da Deustschebras Engenharia: lavagem de dinheiro.
José Antunes Sobrinho, executivo da Engevix Engenharia: organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.
Cristiano Kok, presidente de Engevix Engenharia: organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.
Victor Sérgio Colavitti, controlador da Link Projetos: organização criminosa e lavagem de dinheiro.

 O advogado Helton Pinto, que representa Othon Luiz Pinheiro, mas ele não retornou às ligações. A Eletronuclear informou que Othon já não faz mais parte da empresa e por isso não iria se pronunciar sobre o caso.
A Andrade Gutierrez afirmou por nota que os advogados dos executivos e ex-executivos da da empresa "informam que as respectivas defesas serão feitas nos autos da ação penal, fórum adequado para tratar o assunto. E que não discutirão o tema pela mídia".
Também em nota, a Engevix informou que "forneceu informações ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal, permanecendo à disposição das autoridades competentes e do Poder Judiciário”.
A reportagem tenta contato com as defesas dos demais réus.
Acusações
O foco das investigações da 16ª fase da Lava Jato, deflagrada no dia 28 de julho, foram contratos firmados por empresas já citadas na operação com a Eletronuclear. A empresa foi criada em 1997 para operar e construir usinas termonucleares e responde hoje pela geração de cerca de 3% da energia elétrica consumida no país.

Conforme o MPF, a Andrade Gutierrez repassava valores para uma empresa de Othon Luiz, a Aratec, por meio de empresas intermediárias que atuavam na fase de lavagem de dinheiro – algumas reais, outras de fachada. O MPF sustenta que Othon Luiz Pinheiro recebeu R$ 4,5 milhões de propina.
Além do pagamento de propina, a 16ª fase da Lava Jato apura a formação de cartel e o prévio ajustamento de uma licitação para obras de Angra 3, que foi vencida pelo Consórcio Angramon – Andrade Gutierrez, Odebrecht,  Camargo Corrêa, UTC, Queiroz Galvão, EBE e Techint.
Angra 3 será a terceira usina nuclear do país e está em construção na praia de Itaorna, em  Angra dos Reis (RJ). Segundo as investigações, houve restrição à concorrência, por parte Eletronuclear, levando as empreiteiras do Consórcio Angramon a saírem vitoriosas.

sábado, 29 de agosto de 2015

Documentos secretos mostram como Lula intermediou negócios da Odebrecht em Cuba

CRIATIVOS Lula em visita a Raúl Castro, em 2014. De uma reunião de Lula com a Odebrecht, saíram ideias para obter novos financiamentos (Foto:  Instituto Lula)
No dia 31 de maio de 2011, meses após deixar o Palácio do Planalto, o petista Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Cuba pela primeira vez como ex-presidente, ao lado de José Dirceu. O presidente Raúl Castro, autoridade máxima da ditadura cubana desde que seu irmão Fidel vergara-se à velhice, recebeu Lula efusivamente. O ex-presidente estava entre companheiros. Em seus dois mandatos, Lula, com ajuda de Dirceu, fizera de tudo para aproximar o Brasil de Cuba – um esforço diplomático e, sobretudo, comercial. Com dinheiro público do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES, o Brasil passara a investir centenas de milhões de dólares nas obras do Porto de Mariel, tocadas pela Odebrecht. Um mês antes da visita, Lula começara a receber dinheiro da empreiteira para dar palestras – e apenas palestras, segundo mantém até hoje.

Naquele dia, porém, Lula pousava em Havana não somente como ex-presidente. Pousava como lobista informal da Odebrecht. Pousava como o único homem que detinha aquilo que a empreiteira brasileira mais precisava naquele momento: acesso privilegiado tanto ao governo de sua sucessora, a presidente Dilma Rousseff, quanto no governo dos irmãos Castro. Somente o uso desse acesso poderia assegurar os lucrativos negócios da Odebrecht em Cuba. Para que o dinheiro do BNDES continuasse irrigando as obras da empreiteira, era preciso mover as canetas certas no Brasil e em Cuba.

A visita de Lula aos irmãos Castro, naquele dia 31 de maio de 2011, é de conhecimento público. O que eles conversaram, não – e, se dependesse do governo de Dilma Rousseff, permaneceria em sigilo até 2029. Nas últimas semanas, contudo, ÉPOCA investigou os bastidores da atuação de Lula como lobista da Odebrecht em Havana, o país em que a empreiteira faturou US$ 898 milhões, o correspondente a 98% dos financiamentos do BNDES em Cuba. A reportagem obteve telegramas secretos do Itamaraty, cujos diplomatas acompanhavam boa parte das conversas reservadas do ex-presidente em Havana, e documentos confidenciais do governo brasileiro, em que burocratas descrevem as condições camaradas dos empréstimos do BNDES às obras da Odebrecht em Cuba. A papelada, e entrevistas reservadas com fontes envolvidas, confirma que, sim, Lula intermediou negócios para a Odebrecht em Cuba. E demonstra, em detalhes, como Lula fez isso: usava até o nome da presidente Dilma. Chegava a discutir, em reuniões com executivos da Odebrecht e Raúl Castro, minúcias dos projetos da empreiteira em Cuba, como os tipos de garantia que poderiam ser aceitas pelo BNDES para investir nas obras.

Parte expressiva dos documentos obtidos com exclusividade por ÉPOCA foi classificada como secreta pelo governo Dilma. Isso significa que só viriam a público em 15 anos. A maioria deles, porém, foi entregue ao Ministério Público Federal, em inquéritos em que se apuram irregularidades nos financiamentos do BNDES às obras em Mariel. Num outro inquérito, revelado por ÉPOCA em abril, Lula é investigado pelos procuradores pela suspeita de ter praticado o crime de tráfico de influência internacional (Artigos 332 e 337 do Código Penal), ao usar seu prestígio para unir BNDES, governos amigos na América Latina e na África e projetos de interesse da Odebrecht. Sempre que Lula se encontrava com um presidente amigo, a Odebrecht obtinha mais dinheiro do BNDES para obras contratadas pelo governo visitado pelo petista. O MPF investiga se a sincronia de pagamentos é coincidência – ou obra da influência de Lula. Na ocasião, por meio do presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, o ex-presidente negou que suas viagens fossem lobby em favor da Odebrecht e que prestasse consultoria à empresa. Segundo Lula, suas palestras tinham como objetivo “cooperar para o desenvolvimento da África e apoiar a integração latino-americana”.
Documentos secretos mostram como Lula intermediou os negócios secretos da Odebrecht em Cuba  (Foto: Reprodução)
Outro lado

Procurado, o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, afirma que, no período em que exerceu o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, “não atuou em favor de empresas, nem tampouco a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”. Diz o texto que várias empresas brasileiras participaram de consulta do governo uruguaio sobre o Porto de Rocha e o governo não atuou em favor de nenhuma das empresas. AOdebrecht afirma em nota que o ex-presidente não teve “qualquer influência” nas suas duas obras em Cuba, o Aeroporto de Havana e o Porto de Mariel. A empresa diz que as discussões sobre bioenergia com o governo cubano não avançaram, mas ainda estuda oportunidades nesse setor em Cuba, a partir da reformulação da Lei de Investimento Estrangeiro. A Odebrecht diz que a empresa na qual trabalha o ex-ministro Silas Rondeau foi uma das contratadas como parceira de estudos na área de energia.

Em nota, a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto informou desconhecer o conteúdo dos documentos aos quais ÉPOCA teve acesso. Contudo, o Planalto destaca a importância estratégica do projeto de Porto de Mariel para as relações de Brasil e Cuba. “A possibilidade crescente de abertura econômica de Cuba e a recente reaproximação entre Cuba e Estados Unidos vão impulsionar ainda mais o potencial econômico de exportação para empresas brasileiras.” O BNDES afirma que a Odebrecht é a construtora brasileira com maior presença em Cuba, portanto faz sentido que a maior parcela das exportações para aquele país financiadas pelo banco seja realizada pela empresa. Diz ainda que mantém com a Odebrecht relacionamento rigorosamente igual a qualquer outra empresa. O BNDES nega que esteja financiando projetos envolvendo direta ou indiretamente a Odebrecht no setor de energia, bioenergia ou sucroalcooleiro em Cuba. Sobre entendimento para financiamento de um porto no Uruguai, como indicou o então ministro Pimentel, o BNDES disse que não há nenhuma tratativa referente ao projeto em curso no Banco. Procurado por ÉPOCA, o ex-presidente Lula não quis se manifestar.

Em depoimento à CPI do BNDES, o presidente do banco, Luciano Coutinho, disse que Lula jamais interferiu em qualquer projeto de financiamento. Os documentos obtidos por ÉPOCA mostram uma versão diferente. Caberá ao MPF e à PF apurar os fatos.

Uma em cada três pessoas mortas por atropelamento em São Paulo é idosa

Idosos atravessam semáforo na região da Paulista (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)Idosos atravessam semáforo na região da Paulista (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
Quase um terço das pessoas que morreram atropeladas em acidentes de trânsito no ano passado, na cidade de São Paulo, era idoso. O dado faz parte do Relatório Anual de Acidentes de Trânsito realizado pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) relativo ao ano de 2014.
Ao todo, 203 pessoas com mais de 60 anos morreram no tráfego paulistano no ano passado. O número representa 32% dos 555 pedestres mortos após serem atingidos por veículos. A proporção é significativamente maior do que a presença dos idosos na cidade de São Paulo, que é de 11,9%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No domingo (23), Laurindo Cândido Pinheiro, de 63 anos, morreu quando caminhava em uma área reservada do Autódromo de Interlagos, na Zona Sul da cidade. Ele foi atingido por um carro de um motorista de 21 anos que participava de um campeonato de manobras radicais. O jovem, porém, estava no local errado, invadiu a pista de caminhada e atingiu o idoso.Os números de acidentes em 2015 ainda não saíram, mas dois acidentes envolvendo idosos em menos de sete dias chamaram a atenção. Em 17 de agosto, o aposentado Florisvaldo Carvalho Rocha, de 78 anos, morreu após ser atropelado por um ciclista sob o Minhocão, no Centro da cidade.
O atropelamento foi a maior causa de acidentes fatais envolvendo idosos no ano passado. O documento da CET informa que, das 203 pessoas com mais de 60 anos mortas no ano passado no trânsito, 178 foram atingidas por algum veículo (o que corresponde a 87,7%). A segunda maior causa de fatalidades nesta faixa de idade foram acidentes dentro de um veículo (22, ou 10,8%) e, por último, batidas ou quedas de moto (três casos, ou 1,5%).
Em nota, a Secretaria Municipal de Transportes informou que, desde 2013, realiza uma série de ações para segurança, como o Programa de Proteção à Vida (PPV) e o Centro de Treinamento e Educação de Trânsito da Companhia de Engenharia de Tráfego (CETET-CET).
Idosa atravessa semáforo no vermelho na região da Avenida Paulista (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)Idosa atravessa semáforo no vermelho na região da Avenida Paulista (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
Nesta central acontece o Programa de Educação de Trânsito para Terceira Idade. “Nos encontros são exercitadas a vivência e o diálogo a respeito de comportamentos seguros” e “abre-se entre os participantes a oportunidade de reflexão sobre a interferência de limitações físicas, decorrentes da idade, em sua segurança enquanto pedestres. para uma melhor convivência com os problemas do trânsito”.
Outra iniciativa é o curso Direção Segura para a Terceira Idade, que tem por objetivo conscientização sobre a vulnerabilidade e a diminuição da velocidade de reação “tanto como condutores como pedestres”.
Causas
Especialistas afirmam que os idosos são mais suscetíveis a acidentes mais graves em razão de dificuldades como o reflexo mais lento, mas culpam também a falta de estrutura da cidade e a falta de uma ação de educação para todos os envolvidos no trânsito de São Paulo.

Para Flamínio Fishman, urbanista especialista em trânsito, o tratamento dado ao pedestre é inversamente proporcional à quantidade de deslocamentos a pé. Ele cita a pesquisa Origem e Destino, feita pelo Metrô em 2007 e ainda tida como referência para o transporte de São Paulo. O estudo mostra que, das 38 milhões de viagens feitas na Grande São Paulo todos os dias, cerca de 12,6 milhões são a pé - cerca de um terço.
Aposentado Florisvaldo Carvalho da Rocha foi atingido na faixa de ônibus ao lado da ciclovia (Foto: Nelson Antoine/Frame/Estadão Conteudo)Aposentado Florisvaldo Carvalho da Rocha foi atingido na faixa de ônibus ao lado da ciclovia debaixo do Minhocão (Foto: Nelson Antoine/Frame/Estadão Conteudo)
"Para estar preparado precisaria ter as calçadas em condições adequadas para a circulação desses idosos, que são os que mais acidentam. Uma das medidas importantes seria alargar as calçadas", afirmou. A Prefeitura informou, sem citar datas, que "lançará, em breve, uma programação para aumentar a largura das calçadas".
Segundo Fishman, muitos investimentos têm sido feitos em ciclovias, mas a bicicleta era responsável por 340 mil viagens na cidade, segundo a pesquisa, número bastante inferior ao de deslocamentos a pé.
A opinião é semelhante à da fisiatra Júlia Greve, que conduziu estudo sobre 587 acidentes com idosos atendidos no Hospital das Clínicas em 2003. Ela afirma que os mais velhos sofrem com o reflexo mais lento. "É comum o idoso cair e bater a cabeça. Não tem aquela reação instintiva rápida do mais jovem. Isso agrava as lesões e aumenta o número de mortes.”
Com base em sua pesquisa, Júlia afirma que boa parte dos acidentes é por "desrespeito de parte a parte" e pelo comportamento no trânsito. "Tem a falta de consideração do motorista, que acha que tem o direito de passar e que o pedestre tem de esperar. Azar de a fiscalização ter afrouxado", disse ela, também questionando o fim do Programa de Proteção ao Pedestre.
Faixa de pedestre na Paulista passa por readequação (Foto: Clara Velasco/G1)Imagem de setembro de 2011 mostra orientadores
(de amarelo) informando sobre mudança na faixa
de pedestre na Paulista (Foto: Clara Velasco/G1)
Iniciado em 2011, durante a gestão de Gilberto Kassab (PSD), o programa contou com a revitalização de faixas de pedestres, instalação de semáforos, aumento de fiscalização e orientadores com placas informativas.
A Secretaria dos Transportes afirma que as faixas de pedestre em diagonal nos cruzamentos de grande movimento, os 319 bolsões de parada junto aos semáforos para motociclistas e bicicletas (os chamados "Frente Segura") “absorveram a necessidade da presença dos chamados ‘mãozinhas’ nos cruzamentos incluídos no antigo Programa de Proteção ao Pedestre, que vigorou até o final do ano passado”.
A especialista citou ainda como causas para a maior letalidade dos acidentes com idosos a falta de respeito por parte do pedestre que não atravessa na faixa, e a estrutura da cidade. Sobre isso, ela citou problemas como a falta de iluminação e os faróis para pedestres que fecham muito rapidamente. "Esses semáforos precisariam considerar que há pessoas que atravessam lentamente, com dificuldade. Mas boa parte não considera", disse.
A Prefeitura informou que atualmente há o programa “CET no seu Bairro”, que beneficiou 77 regiões. “Por seu intermédio, houve a implementação ou recuperação de 4.960 travessias de pedestres [...] sinalização de solo em 135.831 metros quadrados; colocadas 12.464 placas indicativas de trânsito e atendidas 154.558 pessoas em ações educacionais realizadas nas escolas.” A nota acrescenta que foram revitalizados os semáforos em 4.537 cruzamentos no município.
Laurindo Cândido Pinheiro, de 63 anos, morreu na tarde de domingo (23) após ser atropelado dentro do Autódromo de Interlagos, na Zona Sul de São Paulo. Veja no vídeo abaixo:
Vias perigosas

No ano passado, 1.249 pessoas morreram em acidentes de trânsito na capital, média de 3,4 óbitos por dia. De acordo com o documento da CET, a maior parte das vítimas morreu atropelada: 555 pedestres (ou 44,4%). Logo atrás vêm os motociclistas (440 mortos), motoristas ou passageiros (207) e, por último, ciclistas (47).

A Avenida Marechal Tito, em São Miguel Paulista, na Zona Leste de São Paulo, é a via mais letal para pedestres na capital paulista. No ano passado, das 15 mortes por acidentes de trânsito registradas naquela via, 11 foram causadas por atropelamentos, o que representa 73% do total de óbitos por acidentes.
A única via de São Paulo com mais mortes que a Marechal Tito é a Marginal Tietê, onde 15 pessoas morreram atropeladas em 2014. No entanto, os acidentes com pedestres correspondem a 37,5% do total de óbitos na Tietê – a maioria é relacionada a batidas entre carros ou colisão com postes, guias e capotamentos. Além disso, a via expressa tem 23,5 km de extensão, enquanto a Marechal Tito tem 7,6 km. São mais mortes por menos quilômetros na avenida da Zona Leste.
VEJA AS DEZ VIAS DE SÃO PAULO COM MAIS MORTES POR ATROPELAMENTO EM 2014
Via
Total de mortes
Mortes por atropelamento
% de mortes por atropelamento
Marginal Tietê
40
15
37,5%
Av. Marechal Tito
15
11
73,3%
Marginal Pinheiros
33
9
27,3%
Av. Senador Teotônio Vilela
20
9
45%
Av. Jacu Pêssego/Nova Trabalhadores
23
8
34,8%
Estrada de Itapecerica
22
7
31,8%
Av.Aricanduva
12
7
58,3%
Estrada M'Boi Mirim
21
6
28,6%
Av. São Miguel
11
6
54,5%
Estrada do Campo Limpo
9
5
55,5%
Fonte: CET
Segundo a CET, as mortes na Marechal Tito aconteceram por motivos como excesso de velocidade, invasão à faixa de pedestres, avanço de veículos no sinal vermelho e desrespeito dos pedestres à sinalização. O grande fluxo de pessoas também influencia, já que se trata da principal rua comercial de uma das regiões mais populosas da capital paulista.
A CET afirmou que programou a repintura e manutenção das faixas de pedestre citadas ainda para este mês. A companhia disse ainda que intensificou a fiscalização na avenida para coibir possíveis infrações ao Código de Trânsito Brasileiro
Outras conclusões
O estudo divulgado pela CET trouxe várias outras conclusões. A principal delas é que o número de acidentes de trânsito com mortos na cidade de São Paulo voltou a subir em 2014. Foram 1.114 ocorrências em 2013 contra 1.195 em 2014, uma alta de 7,2%. O número também é superior ao patamar de 2012, quando ocorreram 1.188 casos.
As mortes de quem anda de bicicleta na capital foram as que mais cresceram: de 35, em 2013, para 47 no ano passado, alta de 34,3%. As de motociclistas também tiveram alta expressiva, de 403 para 440 – aumento 9,18%.
Nas mortes por atropelamento, o destaque negativo é o crescimento dos casos de atropelamento por ônibus de 87, em 2013, para 114, em 2014 – aumento de 31%. Por outro lado, o número de mortes em atropelamentos por motocicleta caiu de 110 para 90 (redução de 18%).

ALERTA: Estudo aponta contaminação em areia de 12 de 13 praças no Rio

Praça do Leme (Foto: Divulgação/Isabela Vasconcellos)Praça do Leme foi uma das pesquisadas (Foto: Divulgação/Isabela Vasconcellos)
De 13 áreas com areia frequentadas por crianças na cidade, apenas uma, na Urca, Zona Sul do Rio, não representa risco para a saúde. As demais têm índices de coliformes muito acima do limite recomentado, segundo estudo feito pela Fiocruz, a pedido da Comissão pelo Cumprimento das Leis da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, a chamada “Comissão do Cumpra-se!”.

O resultado das amostras coletadas e analisadas pela Fiocruz foi apresentado em ato público pelo presidente da Comissão do Cumpra-se!, deputado Carlos Minc (PT), na Praça do Leme, Zona Sul do Rio, uma das mais contaminadas entre as analisadas. Na pracinha onde crianças brincam, entre elas alunos de uma escola municipal em frente, a areia dos locais com sombra apresentara um índice de coliformes de 2.200, quando o limite recomendável é até 138,44 UFC/g (unidade formadora de colônias por grama).

Cachorros circulam pela praça ao longo do dia, e mendigos à noite, usam a praça como banheiro. Fezes de cachorros, de pombos e de moradores de rua, segundo a pesquisa, são as maiores fontes de contaminação das áreas analisadas.

A única areia aprovada para a saúde entre as analisadas é a faixa de areia seca da Praia Vermelha, na Urca, ao lado da Creche Municipal Gabriela Mitral, com apenas 30 UFC/g de coliformes, uma classificação ótima segundo especialistas.

Mas é na própria Praia Vermelha que os técnicos encontraram o local mais contaminado entre os pesquisados: na creche do horto, a areia tem 2.500 UFC/g de coliformes. Na pracinha com brinquedos e no labirinto, o índice fica em 2.000 UFC/g.

O Bosque da Freguesia, na Zona Oeste, apresentou altos níveis de coliforme, fungos e parasitas. Em outro lado da cidade, em uma área carente da Zona Norte, na Tijuca, no Morro do Borel, uma creche pública também apresentou altíssimos índices de contaminantes. Outra área degradada é a Praça Saens Peña, de acordo com o estudo. Veja na tabela o grau de contaminação dos locais pesquisados. O estudo pesquisou a presença de coliformes, escherichia coli e fungos.

Índice de contaminação das areias de praças e creches (Foto: Divulgação)Índice de contaminação das areias de praças e creches (Foto: Divulgação)
Segundo o estudo, os resultados caracterizam uma situação de alerta à saúde dos frequentadores, sujeitos a contrair doenças como toxicoplasmose, candidiose e asccariadise, uma vez que mais de 90% das amostras coletadas foram negativas.  Os sintomas são os mais diversos como dor abdominal, micose, sapinho, diarreia aguda.

“A contaminação da areia desses espaços é profundamente danosa à população, principalmente para as crianças, que, brincando, levam a mão à boca. As doenças diarréicas são umas das principais causas de óbito de crianças até 2 anos de idade. É a população de maior risco”, disse o médico e especialista Luiz Roberto Tenório, que participou do ato público.

Com o resultado das amostras indicando risco de contaminação por doenças graves, Minc disse que pretende aprovar na Alerj projeto de lei que obriga o monitoramento semestral da qualidade da areia dos locais destinados ao lazer e à recreação, além de obrigar seus responsáveis a fazer o tratamento, a limpeza e a conservação da areia, para prevenir a proliferação de agentes transmissores de doenças.

A especialista da Fiocruz Adriana Sotero disse que os níveis contaminantes encontrados nos locais são assustadores.

“Existe a Lei Orgânica do município do Rio que fala sobre isso, mas não existe lei específica para creches e praças. O projeto normatizaria os padrões, principalmente de qualidade, que poderiam colocar em risco a saúde da população, principalmente de crianças, expostas a contrair bicho geográfico, que perfura a camada superficial da pele”, disse.

Minc disse que apesar de a Praça do Leme estar numa área nobre do Rio, os pais das crianças e seus responsáveis não têm a menor ideia do grau de contaminação.

“As autoridades também não. Não há prevenção, e é um risco para a criançada contrair inúmeras doenças. Com o projeto de lei, vamos informar, monitorar, prevenir e ter um padrão de referência. E quem descumprir, receberá multa, podendo até ocorrer a interdição do local", afirmou Minc
.