- Gustavo Basso/UOLGrupo de manifestantes se reúne diante do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista
Quatro dias após um protesto marcado pela violência policial em São Paulo, mais de65 mil manifestantes voltaram a ocupar as principais vias da capital paulistanesta segunda-feira (17) contra o aumento da passagem de ônibus --apesar de o tema da manifestação ter se expandido bastante-- em um clima de paz. Ainda que o MPL (Movimento Passe Livre) tenha uma reunião com os membros do Conselho da Cidade, às 9h desta terça-feira (18), para discutir o transporte público no município, a entidade já convocou um novo ato com concentração a partir das 17h, na praça da Sé, região central de São Paulo. O trajeto da passeata não foi divulgado.
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Diferente do protesto da última quinta (13), que teve mais de 200 detidos, o quinto dia de manifestação teve um saldo pacífico, exceto por um grupo menor de manifestantes que tentou invadir o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, que fica na avenida Morumbi, zona oeste da cidade.
Este grupo restrito chegou a arrombar um dos portões de acesso ao local em uma tentativa de invasão, que logo foi recebido com bombas de gás lacrimogêneo pela Tropa de Choque. Estes manifestantes chegaram a atear fogo em lixo e pichar um ônibus que ficou parado na avenida Morumbi, mas logo se dispersaram.
Protestos pelo Brasil
Mais de 250 mil pessoas participaram de protestos em várias cidades de norte a sul do Brasil nesta segunda-feira (17). A onda de protestos, que nas últimas semanas tinha como foco principal a redução de tarifas do transporte coletivo, ganhou proporções maiores e passou a incluir gritos de descontentamento com várias causas diferentes, inclusive com a realização da Copa das Confederações. É a maior mobilização popular do Brasil desde os protestos pedindo o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello (hoje senador), em 1992.
Muitos desses protestos foram marcados pela violência. Em Brasília, dezenas de manifestantes conseguiram furar o bloqueio da Polícia Militar e invadiram a área externa do Congresso Nacional, aos gritos de "a-ha, u-hu, o Congresso é nosso". Eles ocuparam a marquise onde ficam as duas cúpulas, a da Câmara e a do Senado.
Ao menos duas pessoas foram detidas. Em alguns momentos, os policiais chegaram a usar spray de pimenta para reprimir os ativistas. Uma vidraça do prédio também foi quebrada. Os ativistas pediam recursos para educação, saúde, além do passe livre no transporte público. Eles também se posicionaram contra os gastos públicos na Copa das Confederações e do Mundo (2014).
No Rio de Janeiro, os manifestantes invadiram a Assembleia Legislativa durante o quinto ato contra o aumento da tarifa de ônibus. Muitas balas de borracha e bombas de efeito moral foram disparadas pela Tropa de Choque, e os manifestantes dispersaram rapidamente. Ao menos 20 PMs e outros sete manifestantes ficaram feridos.
O entorno do local se tornou um campo de batalha, com o confronto entre policiais e ativistas. Os manifestantes chegaram até atear fogo em um carro.
O Palácio Iguaçu, em Curitiba, também sofreu tentativa de invasão durante um protesto que teve como principal alvo o recente aumento de R$ 0,20 na tarifa do transporte público da cidade, que reuniu cerca de 10 mil pessoas, segundo a Polícia Militar –ou 20 mil, de acordo com a organização.
Alguns manifestantes picharam na parede do prédio a frase "Estado fascista", sob vaias de outros, que criticaram o que chamaram de vandalismo. Assim como em São Paulo, homens do Batalhão de Choque da PM, responderam a ação dos manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo.
Em Belo Horizonte, o protesto, que reuniu cerca de 20 mil pessoas, também acabou em confronto. A Polícia Militar lançou bombas de gás lacrimogêneo para conter os participantes que fecharam a praça Sete, um dos principais pontos da região Central da cidade, e seguiu em direção ao Estádio Mineirão.
Segundo o Tenente Coronel Alberto Luiz, bombas de efeito moral foram usadas porque os manifestantes tentaram ultrapassar a barreira criada pela Polícia. Ele afirma que balas de borracha não foram utilizadas, porém vítimas já foram identificadas.
Policiais também lançaram bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes que saíram às ruas em Porto Alegre, em resposta à ação de um grupo chamado de "anarquistas", que quebrou e saqueou uma revenda da Honda e uma agência do Banrisul.