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segunda-feira, 6 de julho de 2015

Poupança tem maior saída de recursos da história para junho

A caderneta da poupança registrou saída líquida (retiradas menos depósitos) de R$ 6,26 bilhões em junho – a maior saída de recursos para o mês desde o início da série histórica, em 1995. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (6) pelo Banco Central.
CAPTAÇÃO DA POUPANÇA
Em R$ bilhões
-5,52-6,26-11,43-5,85-3,19-6,26jan/2015fev/2015mar/2015abr/2015mai/2015jun/2015-12,5-10-7,5-5-2,50
Fonte: BC
Até então, o pior resultado para um mês de junho havia sido registrado em 1999, quando a caderneta perdeu R$ 1,4 bilhão. Em maio, as retiradas haviam superado os depósitos em R$ 3,199 bilhões, e em abril, em R$ 5,85 bilhões. Em maio, no entanto, a captação teve resultado ainda pior, com saída líquida de R$ 11,438 bilhões.
No primeiro semestre, as retiradas totalizaram R$ 38,541 bilhões. O número também é o mais alto para o período desde o início da série histórica do BC, em 1995. Desde 2005 a poupança não perdia recursos em todos os meses de um primeiro semestre.
Com a saída de recursos em junho, o saldo total que os brasileiros têm aplicado na caderneta fechou o semestre em R$ 645,56 bilhões, o menor valor desde setembro do ano passado, quando as poupanças somavam R$ 643,4 bilhões.
A evasão de valores da mais tradicional modalidade de investimentos do país acontece em um momento de alta da inflação, dos juros, dos tributos e do endividamento das famílias, além da perda da rentabilidade frente a outras modalidades de investimentos.

Fundo de reserva


Especialistas avaliam que, independentemente do rendimento, a caderneta de poupança ainda pode ser uma boa opção de investimento em alguns casos. Pode ser uma boa alternativa, por exemplo, para pequenos poupadores (com pouco dinheiro guardado), para pessoas que buscam aplicações de curto prazo (poucos meses) ou que procuram formar um "fundo de reserva" para emergências – uma vez que não há incidência do Imposto de Renda.

Nos fundos de investimento, ou até mesmo no Tesouro Direto (programa do governo de compra de títulos públicos pela internet) há cobrança do imposto de renda e, na maior parte dos casos, de taxa de administração. Nos fundos de investimento e no Tesouro Direto, o IR incide com alíquota regressiva, ou seja, quanto mais tempo os recursos ficarem aplicados, menor é o valor da alíquota incidente no resgate.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Funcionários do Estaleiro Mauá, RJ, protestam após fechamento

Funcionários do Estaleiro Mauá, um dos mais tradicionais de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, realizavam um protesto na Manhã desta sexta-feira (3). Eles se reuniram na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói para irem até as barcas, chegar na Praça XV, no Rio, e caminhar até a sede da Petrobras.
Por volta das 11h50, o grupo que fazia a manifestação queimou um uniforme da empresa e fechou parte da Rua 1º de Março, na altura da Praça XV, no Centro. Segundo o Centro de Operações da Prefeitura, os motoristas enfrentavam lentidão na região. O protesto chegou por volta das 12h na Transpetro, que estava com a segurança reforçada.
A direção do estaleiro divulgou uma circular na quinta-feira (2) comunicando o fechamento das portas da empresa até que se adeque as questões financeiras. O comunicado pedia que os trabalhadores permaneçam em casa e não compareçam à empresa para trabalhar nesta sexta-feira (3) até um novo comunicado.
Funcionários de estaleiro protestam no RJ (Foto: Rommel Pinto/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)Funcionários de estaleiro protestam no RJ (Foto: Rommel Pinto/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)
Segundo William Chaves, assessor do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói, na última semana o estaleiro demitiu mil funcionários e outros 600 foram remanejados para um estaleiro do mesmo grupo que fica na Ilha do Governador.
"Ontem [quinta-feira] comunicaram o fechamento pedindo que os trabalhadores não fossem trabalhar. Se confirmarem esse fechamento terão mais dois mil trabalhadores demitidos. Ontem também venceu o prazo de dez dias para que fossem depositadas as indenizações, mas o estaleiro não pagou e veio com a notícia do fechamento", disse William Chaves.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói repudiou, em nota, toda a direção do Estaleiro Mauá e a péssima gestão financeira da empresa. Dois carros da Polícia Militar faziam o patrulhamento na porta do estaleiro na manhã desta sexta-feira (3).

Funcionários de estaleiro fazem protesto no RJ (Foto: Jorge Filho/TV Globo)Funcionários de estaleiro fazem protesto no RJ (Foto: Jorge Filho/TV Globo)
Dois mil funcionários de estaleiro no Rio temem ficar desempregados (Foto: Reprodução/TV Globo)Dois mil funcionários de estaleiro no Rio temem ficar desempregados (Foto: Reprodução/TV Globo)

'Sim' assume ligeira liderança em sondagem sobre referendo na Grécia

Idoso chora e é amparado em frente a agência bancária em Thessaloniki  (Foto: AFP)

A sondagem do respeitado instituto Alco para o jornal Ethnos coloca o "Sim" com 44,8% contra 43,4% para o "Não". Mas a vantagem fica dentro da margem de erro de 3,1 pontos percentuais, e 11,8% dos entrevistados disseram que ainda estão indecisos.
Com os bancos fechados durante toda a semana, os saques em caixas automáticos racionados e o comércio travado, a votação pode decidir se a Grécia receberá outro resgate financeiro em troca de mais medidas duras de austeridade ou se mergulha ainda mais fundo em uma crise econômica.
Também pode determinar se a Grécia se torna o primeiro país a deixar o bloco europeu de moeda única formado por 19 nações, cuja adesão deveria ser irrevogável.
A pesquisa mostrou que 74% dos gregos querem permanecer na zona do euro, enquanto apenas 15% querem retornar a uma moeda nacional, com 11% indecisos.
O primeiro-ministro, Alexis Tsipras, tem pedido aos gregos que rejeitem os termos "humilhantes" oferecidos na semana passada por credores internacionais em um acordo que não está mais sobre a mesa, e acusou credores de "chantagem" ao segurarem o crédito.
Conforme o descontentamento aumentava em longas filas para aposentadorias e em caixas automáticos, Tsipras prometeu que os bancos vão reabrir assim que o governo conseguir um novo empréstimo com seus parceiros da zona do euro.
A agência de rating de crédito Fitch disse que os bancos já estão efetivamente quebrados e irão à falência em dias a menos que o Banco Central Europeu (BCE) eleve a assistência de liquidez emergencial para ajudá-los a lidar com a onda de saques.
Embora tenha havido pouco tempo para campanhas, os defensores do "Não" têm direcionado a maior parte de seu veneno para a Alemanha, maior potência da zona do euro e maior credor da Grécia.
Um pôster no centro da Grécia mostra uma imagem do ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, com o slogan: "Há cinco anos ele vem sugando seu sangue. Diga agora a ele NÃO."
Um pôster no centro da Grécia mostra uma imagem do ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, com o slogan: Há cinco anos ele vem sugando seu sangue. (Foto: Reuters)Um pôster no centro da Grécia mostra uma imagem do ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, com o slogan: Há cinco anos ele vem sugando seu sangue. (Foto: Reuters)
O Conselho de Estado, mais alta corte administrativa da Grécia, vai decidir sobre a constitucionalidade do referendo em uma audiência nesta sexta-feira. O Conselho da Europa, uma entidade de direitos humanos e democracia pan-europeia, tem dito que a votação não atende aos padrões mínimos.
Dois cidadãos gregos entraram com pedido de suspensão da votação alegando ser inconstitucional e ilegal, argumentando que ela foi convocada às pressas, que a Constituição impede perguntas relacionadas à política fiscal e que a questão não é clara e complexa demais.
Muitos gregos podem não conseguir dar seu voto, ou porque estão no exterior e têm que voltar ao país para votar, ou porque não têm dinheiro para retornar a seus domicílios eleitorais devido às restrições monetárias.

terça-feira, 30 de junho de 2015

Dívida da Grécia com o FMI vence nesta terça; veja o possível desfecho

Manifestantes reúnem-se em frente ao BC Europeu em favor da Grécia, em Londres, nesta segunda-feira (29) (Foto: Reuters/Neil Hall)Manifestantes reúnem-se em frente ao BC Europeu em defesa da Grécia, em Londres, nesta segunda-feira (29) (Foto: Reuters/Neil Hall)
Vence nesta terça-feira (30) o prazo para a Grécia pagar uma parcela de 1,6 bilhão de euros de sua dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Também vence nesta terça o prazo para o país receber ajuda financeira da zona do euro, necessária para evitar um possível calote. Sem essa ajuda, o país não conseguirá pagar o FMI e entrará em situação de calote.
O Banco Central Europeu (BCE) e a União Europeia (UE) exigem, em troca da ajuda financeira, que a Grécia faça uma série de reformas econômicas que incluem medidas como aumento de impostos e cortes na aposentadoria. O esforço fiscal seria da ordem de 2 bilhões de euros. A Grécia não aceita fazer essas reformas e, caso o calote ao FMI se confirme, o país pode deixar a zona do euro.
 O referendo, porém, foi marcado para 5 de julho, quando já terá vencido o prazo de pagamento. 




se a Grécia declarar moratória?
Pensionistas aguardam em frente a uma agência fechada do Banco Nacional da Grécia, na esperança de receberem suas pensões, e discutem com um funcionário do banco em Iraklio, na ilha de Creta (Foto: Stefanos Rapanis/Reuters)Pensionistas aguardam em frente a uma agência do Banco Nacional da Grécia, na esperança de receberem suas pensões, em dia de bancos fechados após decisão do governo  (Foto: Stefanos Rapanis/Reuters)
O FMI não tem nenhuma margem de manobra e ficará legalmente impossibilitado de emprestar dinheiro a Atenas.

A Grécia já usou uma cláusula no início de junho para regrupar vários pagamentos e obter um alívio até o final do mês - ou seja, deixou acumular pagamentos que venceriam em datas distintas para quitar a soma no último vencimento. Essa soma é justamente o montante de 1,6 bilhão de euros que precisam ser pagos nesta terça.

Sem o pagamento, o país pode declarar sua própria moratória – semelhante ao que foi feito na Argentina em 2002. A moratória acontece quando um país declara não ter condições financeiras de cumprir suas obrigações.

Pelas regras do FMI, a diretora-gerente do fundo, Christine Lagarde, teria um mês para informar à junta de diretores que representam os 188 países-membros da instituição sobre a moratória. Mas ela não esperará tanto tempo "dada a visibilidade e a importância do caso grego", afirmou um porta-voz do FMI.

Manifestantes participam de um comício anti-austeridade na frente do prédio do parlamento em Atenas, na Grécia. Os gregos enfrentam bancos fechados, longas filas nos supermercados e incerteza após negociações com os credores internacionais (Foto: Marko Djurica/Reuters)Manifestantes participam de um comício anti-austeridade na frente do prédio do parlamento em Atenas, na Grécia. Os gregos enfrentam bancos fechados, longas filas nos supermercados e incerteza após negociações com os credores internacionais (Foto: Marko Djurica/Reuters)
Três meses após a moratória, e após a apresentação formal de uma queixa, a Grécia pode ser privada de sua capacidade de usar os Direitos Especiais de Giro (DEG), a moeda criada pelo FMI com base em uma cesta das principais moedas do mundo.
Depois, o FMI terá até 15 meses para emitir formalmente uma "declaração de não cooperação", que pode provocar nos três meses seguintes a suspensão dos direitos de voto de Atenas dentro da instituição. Essa decisão teria consequências sobretudo simbólicas, mas confirmaria o isolamento do país dentro do FMI.
Nos seis meses seguintes, totalizando dois anos depois do descumprimento do pagamento inicial, pode ter início então um procedimento de expulsão do FMI. Mas esse resultado é pouco provável: deve-se obter o consentimento da maioria dos Estados-membros (85%) e até agora sempre preferiu-se evitar este tipo de situação extrema.
Países em moratória
Manifestante anti-austeridade queima uma nota de Euro em frente aos escritórios da União Europeia em Atenas neste domingo  (Foto: Reuters/Alkis Konstantinidis)Manifestante anti-austeridade queima uma nota de Euro em frente aos escritórios da União Europeia em Atenas neste domingo (Foto: Reuters/Alkis Konstantinidis)
Na história do FMI, só um país, a Tchecoslováquia, foi excluído do fundo, na década de 1950, em plena Guerra Fria. Zimbábue, Sudão e Somália, que estão em moratória há décadas, nunca foram ameaçados com a exclusão, embora os montantes devidos por esses países sejam incomparáveis aos da Grécia.
Zimbábue, último país a descumprir pagamento com o FMI em 2001, deve 101,1 milhões de euros à instituição. Só em 2015, a Grécia deve pagar 5,4 bilhões ao FMI.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Mercados da Europa veem pior dia desde 2011 com crise grega


Os mercados acionários europeus caíam nesta segunda-feira (29), com os bancos do sul da Europa sendo particularmente muito atingidos, depois que a Grécia fechou seus bancos e impôs controles de capital.

Às 8h19 (horário de Brasília), o índice das principais ações europeias FTSEurofirst 300 tinha queda de 2,57%, a 1.533 pontos. O índice de blue chips da zona do euro Euro Stoxx 50 caía 3,92% para 3.479 pontos, recuperando-se da queda de cerca de 4% que marcou a mais grave perda percentual desde o final de 2011.
Os bancos da Grécia amanheceram fechados nesta segunda-feira, para evitar que a população continue sacando tudo o que tem nas contas e quebre as instituições. O país tem até terça para pagar € 1,6 bilhão de euros ao FMI, e depende de um empréstimo dos outros países europeus para fazer esse pagamento. Mas, no fim de semana, o primeiro-ministro grego decidiu que vai fazer um referendo no próximo dia 5 para saber se aceita as condições desse empréstimo, que incluem alta de impostos e cortes nas aposentadorias. Com isso, o país deve dar o calote no FMI, e pode acabar deixando a zona do euro.
Após as conversas com os credores do país falharem no fim de semana, o Banco Central Europeu (BCE) congelou o financiamento aos bancos gregos. Atenas foi forçada a fechar os bancos para evitar o colapso das instituições.
Os bancos gregos permanecerão fechados e o mercado acionário da Grécia não terá operações a semana inteira. Os caixas automáticos vão reabrir na terça-feira, mas os saques diários serão limitados a € 60. Os controles de capital devem durar por muitos meses.
Em Londres, o índice Financial Times recuava 1,82%, a 6.630 pontos. Em Frankfurt, o índice DAX caía 3,42%, a 11.099 pontos. Em Paris, o índice CAC-40 perdia 3,64%, a 4.875 pontos. Em Milão, o índice Ftse/Mib tinha desvalorização de 4,17%, a 22.808 pontos. Em Madri, o índice Ibex-35 registrava baixa de 3,88%, a 10.931 pontos. Em Lisboa, o índice PSI20 desvalorizava-se 4,68%, a 5.561 pontos.
Operador na Bolsa de Valores de Frankfurt, na Alemanha; ações europeias tomaram um tombo nas primeiras horas desta segunda-feira, após o governo da Grécia impor feriado bancário até 6 de julho (Foto: Ralph Orlowski/Reuters)
Ásia
Os índices acionários asiáticos registraram fortes quedas  nesta segunda-feira (29), com investidores assustados pelo espectro do calote da Grécia que forçou Atenas a fechar seus bancos para evitar uma corrida por saques.

Às 7h51 (horário de Brasília), o índice MSCI que reúne ações da região Ásia-Pacífico com exceção do Japão caía 2,1%. O índice tocou, com uma queda de 3%, a mínima de cinco meses.

Petróleo
Os preços do petróleo Brent recuavam mais de US$ 1 nesta segunda-feira, tocando a mínima de três semanas abaixo de US$ 62 por barril, após a Grécia fechar seus bancos e impor controles de capital, fazendo investidores evitarem ativos de maior risco e piorando as perspectivas para a demanda global por combustíveis.

O Brent perdia US$ 1,51 a US$ 61,75 por barril às 8h43 (horário de Brasília), após tocar a menor cotação desde 5 de junho, a US$ 61,35.O petróleo norte-americano caía US$ 1,32, a 58,31 dólares por barril.
Mais a expectativa é que o mercado volte a fraquejar, tendo em vista que a situação da Grécia não deverá ser resolvida até a realização de um referendo no fim de semana no qual os eleitores decidirão se aceitam as condições do programa de resgate do país, disseram analistas.

sábado, 27 de junho de 2015

Dilma viaja para os EUA em busca de investimentos em infraestrutura

Um ano e nove meses após cancelar uma visita de Estado, a presidente Dilma Rousseff embarca neste sábado (27) para os Estados Unidos com o objetivo de retomar as relações diplomáticas, atrair investimentos para concessões na área de infraestrutura (aeroportos, portos, rodovias e ferrovias) e impulsionar a economia.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que integra a comitiva da presidente Dilma, foi internado na noite desta sexta-feira (26) no Hospital do Coração do Brasil, em Brasília, com suspeita de embolia pulmonar. Ele deixou o hospital na madrugada e, apesar do problema de saúde, poderá viajar aos Estados Unidos.

Pela programação inicial, divulgada pela Presidência, Dilma embarca para Nova York, onde permanecerá até a próxima segunda (29). Nos dois dias em que estiver na cidade, a presidente terá série de encontros com empresários brasileiros e norte-americanos.
Contudo, divergem sobre o poder de negociação que Dilma terá diante de empresários norte-americanos e o presidente Barack Obama em razão do atual cenário econômico do Brasil.

Esta é a primeira vez que a Dilma fará visita oficial ao país após as denúncias de que agências de inteligência norte-americanas teriam espionado líderes mundiais, incluindo a própria presidente, há quase dois anos – ela chegou a ser no país duas vezes, mas para participar da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

Considerado "questão no passado" pela presidente, o mal-estar diplomático, avaliam especialistas, não estará na pauta do encontro.
Nos quatro dias em que permanecerá nos Estados Unidos, Dilma terá compromissos em Nova York, Washington e São Francisco. Nas três cidades, terá encontros com empresários dos setores financeiro, manufatureiro, de investimentos, tecnologia e inovação.
A presidente desembarcará na noite deste sábado em Nova York e retornará ao Brasil na próxima quarta (1º), após cumprir agenda em São Francisco.

Em meio às medidas de ajuste fiscal propostas pelo governo para reduzir os gastos da União, Dilma apresentará nos EUA o plano de investimentos em logística, linformou o Ministério das Relações Exteriores. O plano foi lançado há cerca de duas semanas e prevê concessões em aeroportos, portos, rodovias e ferrovias – o pacote envolverá, segundo o governo, R$ 198,4 bilhões.

Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro econômico do Brasil, com fluxo comercial (soma das exportações e importações) em torno de US$ 60 bilhões, atrás somente da China (US$ 77,9 bilhões).

Embaixador do Brasil em Washington, Roma (Itália) e Londres (Inglaterra) durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o diplomata Paulo de Tarso Flecha de Lima elogiou o fato de a presidente decidir ir aos Estados Unidos.
Por considerar o país o "o grande líder do mundo", Flecha de Lima disse que é preciso sempre manter o diálogo com os Estados Unidos.
Para o diplomata, o Brasil, sétima maior economia do mundo, "não é um paisinho qualquer", e, como presidente, Dilma tem "poder enorme". Ele avalia que a petista não chega "fragilizada" aos Estados Unidos em razão do atual cenário econômico, e ressalta que, eleita no ano passado, deve viajar "de cabeça erguida".

"A presidente Dilma não chega fragilizada aos Estados Unidos. Acho que ela, presidente do Brasil eleita com a maioria considerável dos votos, eleita democraticamente, tem todos os requisitos para ser nossa representante", disse.

Ao G1, Flecha de Lima afirmou que o Brasil perdeu "certo ativismo" no cenário internacional nos últimos anos, mas não o prestígio diante de líderes mundiais como Barack Obama. Ele avalia que Dilma poderá ter "muito êxito" na visita e obter resultados "positivos" para o Brasil.

 O professor do Instituto de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer, entretanto, avalia que, com a aprovação da presidente em 10%, e em meio ao ajuste fiscal, o atual cenário político-econômico do Brasil pode gerar "muitas dúvidas" aos empresários norte-americanos.

Para ele, os investidores esperam ouvir da presidente durante os encontros garantias de que a situação econômica do Brasil vai melhorar nos próximos anos.

"Ela [Dilma] vai tentar vender o peixe para os empresários. Porém, ela está chegando com uma carga negativa muito forte, até mesmo em função de todo o problema na Petrobras e com a economia em parafuso", afirmou.
Política interna
Para o professor do Departamento de História da UnB Virgílio Arraes, especialista em Relações Internacionais, as questões políticas internas do Brasil, como a popularidade da presidente, "não são tão importantes" para os empresários norte-americanos.

Segundo ele, porém, o que pode "complicar" o Brasil na tentativa de atrair investimentos estrangeiros são questões tributárias. "Nós temos uma das mais altas taxas de juros do planeta, por exemplo. Isso, sim, pode complicar a atração de investimentos", disse.
Acho que o momento para vender o Brasil no exterior não é dos melhores. Neste ponto, o governo Lula tinha muito mais facilidades, surfava em uma onda de otimismo e prosperidade econômica. Agora, o momento é completamente diferente"
Paulo Velasco, professor da FGV
O professor do MBA de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Paulo Velasco diz que, "sem sombra de dúvida", a presidente chegará aos EUA "fragilizada" em função do atual momento econômico do país.
Para ele, o cenário é diferente do período em que o Brasil foi governado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o desafio de Dilma é mostrar que a economia brasileira vai "voltar aos trilhos".

"Acho que o momento para vender o Brasil no exterior não é dos melhores. Neste ponto, o governo Lula tinha muito mais facilidades, surfava em uma onda de otimismo e prosperidade econômica. Agora, o momento é completamente diferente, há grande desconfiança internacional e interna, e o objetivo principal de Dilma deve ser mostrar que o cenário econômico brasileiro tende a se estabilizar", afirmou.

Empresários
Responsável por organizar um dos seminários com empresários dos quais presidente Dilma participará nos EUA, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) avalia que, embora o Brasil passe pelo ajuste fiscal e a aprovação da petista seja a mais baixa desde que ela assumiu, a Presidência, os empresários norte-americanos "não olham o cenário de dois ou três anos". Para a entidade, os investidores do país têm tradição de fazer investimentos a longo prazo.

 O gerente-executivo de Comércio da CNI, Diego Bonomo, afirmou que os empresários querem ouvir da presidente uma sinalização política de que o governo brasileiro buscará junto à Casa Branca medidas que possam impulsionar acordos na área econômica. Para ele, tanto a indústria brasileira quanto a norte-americana aguardam "agenda econômica mais ambiciosa" dos dois governos.

Embora Dilma tenha anunciado esta semana o Plano Nacional de Exportações, Bonomo diz que não há "medidas milagrosas" para alavancar o comércio exterior no Brasil. Ele defende ações como o fim da bitributação.

Para o representante da CNI, o Plano de Investimento em Logística pode atrair investimentos, mas a presidente precisa dar garantias aos norte-americanos de que os projetos serão rentáveis nos próximos anos.

"No fundo, o que os Estados Unidos querem é ter uma agenda econômica mais ambiciosa com o Brasil. Toda a avaliação do governo americano e dos empresários com quem nós conversamos é de grande realismo. Eles sabem que a atual fase econômica do Brasil é temporária, é um período de ajuste, com um ou dois anos mais difíceis, mas nenhuma grande empresa norte-americana está aqui pensando no curto prazo", disse.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Câmara conclui votação de MP que mantém regras de reajuste do mínimo


A Câmara dos Deputados concluiu nesta quarta-feira (24) a votação da medida provisória que prorroga até 2019 o atual modelo de reajuste do salário mínimo. A regra, em vigor desde 2011, tinha validade somente até o fim deste ano. A matéria segue agora para análise do Senado.
Pela medida provisória, o mecanismo de atualização do salário mínimo continuará a ser calculado com a correção da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano anterior, mais a variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores.

Após aprovar o texto-base da proposta, o plenário aprovou emenda que prevê o reajuste de todos os benefícios previdenciários acima da inflação. O governo era contra esse trecho, porque alegava que a regra poderia comprometer as contas previdenciárias. Segundo o ministro da Previdência Social, Carlos Gabas, a emenda gera R$ 9,2 bilhões em gastos extras por ano – sendo R$ 4,6 bilhões em 2015. Otras dez emendas foram rejeitadas.

Antes de entrar no plenário para conduzir a votação da MP, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que o momento de crise econômica não era adequado para aumentar o reajuste das aposentadorias, conforme estabelece a emenda aprovada.
“Acho que não é um bom momento para a discussão. Estamos discutindo o salário mínimo. O salário mínimo dos aposentados vai reajustar. Mas estender para o salário dos aposentados [que ganham acima do mínimo], tendo um ganho maior que a média da correção salarial dos ativos, significa dar algo para o inativo maior que o do ativo”, ressaltou Cunha.
A MP analisada nesta quarta pelos deputados foi editada em março pela presidente Dilma Rousseff diante da demora do Congresso Nacional em aprovar um projeto de lei que instituía as mesmas regras.
A Câmara chegou a aprovar o texto-base do projeto em 10 de março, mas não concluiu a análise das emendas diante da polêmica em torno da proposta de estender o reajuste aos aposentados que ganham acima de um salário mínimo.

domingo, 21 de junho de 2015

Grécia apresenta proposta aos europeus para tentar acordo


O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, apresentou neste domingo (21) por telefone as proposta do país para "tentar um acordo benéfico" para todas as partes, a fim de encerrar o impasse em torno da dívida grega. A tentativa de um novo acerto foi apresentada à chanceler alemã, Angela Merkel, ao presidente francês, François Hollande, e ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
Primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, em pronunciamento durante Fórum Econômico Mundial, em São Petersburgo, na Rússia (Foto: Grigory Dukor/Reuters )Primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras
(Foto: Grigory Dukor/Reuters )
No novo plano, a Grécia mantém os três tipos do Imposto sobre o Valor Agregado (IVA), a 6,5%, a 13% e a 23%, propostos anteriormente.
Mas agora Atenas está disposta a mudar a taxação sobre alguns alimentos e o setor hoteleiro para aumentar a arrecadação, como pedem seus credores.
Quanto às pensões – uma das questões que mais gera conflito com os credores –, o governo grego pensa em abolir as aposentadorias antecipadas a partir do próximo ano, o que geraria uma economia de 200 milhões de euros, assim como reduzir os benefícios mais elevados.
De acordo com um comunicado do gabinete de Tsipras, divulgado um dia antes de uma reunião de cúpula crucial da Eurozona em Bruxelas, o acordo "deve dar uma solução definitiva e não provisória" à situação financeira da Grécia, país à beira do default (suspensão de pagamentos).
Ministro quer dispensar FMI
O Fundo Monetário Internacional (FMI) não deveria continuar participando na ajuda financeira à Grécia, afirmou neste domingo o ministro de Estado grego Nikos Pappas, um dos coordenadores das negociações.

"Sou um dos que pensa que o FMI não deveria estar na Europa. Espero que encontremos uma solução sem a sua participação", afirmou o colaborador do primeiro-ministro Alexis Tsipras ao jornal Ethnos.
Pappas considera que a Europa "não precisa" desta instituição com sede em Washington, que tem "uma agenda unilateral e em nada europeia", e que o continente pode "seguir adiante sem ela e seu dinheiro".
O FMI se associou em 2009 à União Europeia e ao Banco Central Europeu (BCE) para a aplicação de um plano de ajuda financeira à Grécia, país sem acesso aos mercados por sua gigantesca dívida pública.
Dívida com o FMI expira este mês
Sem um acerto, a Grécia não deve conseguir pagar os 1,6 bilhão de euros devidos ao FMI. Mesma situação dos 6,7 bilhões de euros que devem ser pagos ao BCE em julho e em agosto.

Após declarar a falta de pagamento, o banco central Europeu (BCE) limitaria o acesso da Grécia ao mecanismo de assistência aos bancos (ELA), uma das poucas fontes de liquidez do país. A instituição monetária europeia aumentou em duas ocasiões esse índice nesta semana, chegando até 87 bilhões de euros.
Isso significaria a imposição de um controle de capitais para evitar maiores sangrias nos depósitos, o que, segundo os analistas, poderia levar a um "corralito".
Nesse caso, o governo poderia ser obrigado a emitir letras de câmbio para pagar os salários dos funcionários públicos e aposentados. E, a médio prazo, se não conseguir um acordo, criar uma nova moeda fortemente desvalorizada em relação ao euro.

Esse cenário é uma oportunidade para que a Grécia possa sair da crise, na avaliação de alguns analistas, mas também representa um grande risco. A introdução de uma moeda nacional desencadearia um círculo vicioso de inflação galopante, mercado negro e pobreza generalizada no país.

Se não for firmado um pacto nem no curto nem no médio prazo, a consequência final poderia ser a saída da Grécia do bloco econômico, um fato sem precedentes na zona do euro.

Os tratados europeus preveem a progressiva adesão à moeda única de todos os membros da UE, mas não o abandono do grupo. Por isso, analistas só acreditam que a saída do euro seja possível se o país também deixar a UE.

A incerteza fez com que nos últimos dias os saques tenham aumentado consideravelmente nos bancos gregos, chegando a 3 bilhões de euros só nesta semana.

No entanto, o governo grego destacou que o controle de capitais não será feito, que os depósitos têm garantia e que o sistema bancário do país é forte.

Nas ruas da capital grega, sem filas nos caixas eletrônicos, a situação econômica preocupa de forma diferente à população, que está sem perspectivas e sem uma noção clara de quais seriam os benefícios de sair da zona do euro.

Pesquisas mostram que a maior parte dos gregos é favorável à permanência. O último levantamento, realizado entre os dias 11 e 17 de junho pela empresa Public Issue e publicada pelo jornal "Avgi", mostra que 60% da população apoia o euro. Outros 36% são contra.

Parte dos gregos teme que a saída da moeda comum deixe o país sem liquidez para pagar salários e pensões, agravando a situação de quem já está abalado nesses seis anos de crise.
Outros, por outro lado, defendem levar as negociações até o limite para conseguir que as exigências dos credores não sejam impostas. Como eles já perderam tudo, não temem voltar aos tempos do dracma, que consideram como beneficente a longo prazo
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