Quarta 02 de maio de 2012 "A cegueira
que tomou conta da maioria dos parlamentares e também de setores importantes do
Governo. Não tomam em devida conta as mudanças ocorridas no sistema-Terra e no
sistema-Vida que levaram ao aquecimento global", escreve Leonardo Boff, filósofo,
teólogo e escritor.
Segundo ele, "agora é o momento da cidadania popular
se manifestar. O poder demanda do povo. A Presidenta e os parlamentares são
nossos delegados e nada mais. Se não representarem o bem do povo e da nação, de
nossas riquezas naturais, de nossas florestas, de nossa fauna e flora, de
nossos rios, de nossos solos e de nossa imensa biodiversidade perderam a
legitimidade e o uso do poder público é usurpação". E Leonardo Boff
afirma: "Temos o direito de buscar o caminho constitucional do referendo
popular. E ai verá o que o povo brasileiro quer para si, para a humanidade,
para a natureza e para o futuro da Mãe Terra". Eis o artigo. Lamento
profundamente que a discussão do Código Florestal foi colocada preferentemente
num contexto econômico, de produção de commodities e de mero crescimento
econômico.
Isso mostra a cegueira que tomou conta da maioria dos parlamentares
e também de setores importantes do Governo. Não tomam em devida conta as
mudanças ocorridas no sistema-Terra e no sistema-Vida que levaram ao
aquecimento global. Este é apenas um nome que encobre práticas de devastação de
florestas no mundo inteiro e no Brasil, envenenamento dos solos, poluição
crescente da atmosfera, diminuição drástica da biodiversidade, aumento
acelerado da desertificação e, o que é mais dramático, a escassez progressiva
de água potável que atualmente já tem produzido 60 milhões de exilados.
O Aquecimento global significa ainda a ocorrência cada vez mais frequente de
eventos extremos, que estamos assistindo no mundo inteiro e mesmo em nosso
país, com enchentes devastadoras de um lado, estiagens prolongadas de outro e
vendavais nunca havidos no Sul do Brasil que produzem grandes prejuízos em
casas e plantações destruídas. A Terra pode viver sem nós e até melhor. Nós não
podemos viver sem a Terra. Ela é nossa única Casa Comum e não temos outra. A
luta é pela vida, pelo futuro da humanidade e pela preservação da Mãe Terra.
Vamos sim produzir, mas respeitando o alcance e o limite de cada ecossistema,
os ciclos da natureza e cuidando dos bens e serviços que Mãe Terra gratuita e
permanentemente nos dá. E vamos sim salvar a vida, proteger a Terra e garantir
um futuro comum, bom para todos os humanos e para a toda a comunidade de vida,
para as plantas, para os animais, para os demais seres da criação. A vida é
chamada para a vida e não para a doença e para morte. Não permitiremos que um
Código Florestal mal intencionado ponha em risco nosso futuro e o futuro de
nossos filhos, filhas e netos.
Queremos que eles nos abençoem por aquilo que
tivermos feito de bom para a vida e para a Mãe Terra e não tenham motivos para
nos amaldiçoar por aquilo que deixamos de fazer e podíamos ter feito e não
fizemos. O momento é de resistência, de denúncia e de exigências de
transformações nesse Código que modificado honrará a vida e alegrará a grande,
boa e generosa Mãe Terra. Agora é o momento da cidadania popular se manifestar.
O poder demanda do povo.
A Presidenta e os parlamentares são nossos delegados e
nada mais. Se não representarem o bem do povo e da nação, de nossas riquezas
naturais, de nossas florestas, de nossa fauna e flora, de nossos rios, de
nossos solos e de nossa imensa biodiversidade perderam a legitimidade e o uso
do poder público é usurpação. Temos o direito de buscar o caminho constitucional
do referendo popular. E ai verá o que o povo brasileiro quer para si, para a
humanidade, para a natureza e para o futuro da Mãe Terra.
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