Neguinho da Beija-Flor e Raíssa posam para foto
com o troféu do carnaval 2015; Enzo Celulari,
filho de Edson e Claudia
Raia, aparece ao fundo, à direita
Aos gritos de
“A campeã voltou”, os torcedores da Beija-Flor festejaram o 13º título da
escola de Nilópolis pouco despois das 18h desta quarta-feira (18), antes mesmo
de a vitória ser declarada oficialmente. Mas, pela contagem dos pontos, a
azul-e-branca da baixada Fluminense não tinha mais chance de perder.
Por volta das
20h, quando chegaram à quadra Neguinho da Beija-Flor, que cantou o samba no
desfile vitorioso, e o presidente de honra da escola Aniz Abraão David, o
Anísio, a quadra já estava lotada.
Esse título é
uma redenção do ano passado. O sétimo lugar a Beija nunca mereceu. Esse título
é resultado da abnegação do ano passado e da garra da Beija-Flor”, disse o
presidente Farid Abraão David.
O sétimo lugar
de 2014 ficou entalado na garganta de Neguinho: "O sentimento é de dever
cumprido porque ficou engasgado. Ganhou a escola que errou menos”.
O mau resultado
de 2014 também abalou Selminha Sorriso: ”A gente trabalhou muito para pagar o
ano passado, quando a Beija-Flor ficou fora do Desfile das Campeãs. Sem raiva e
sem rancor. Só trabalho. Tenho oito títulos, mas a emoção é sempre a mesma”,
disse a porta-bandeira da Beija-Flor, que já desfilou 20 carnavais pela escola.
Raíssa de
Oliveira, a rainha de bateria, considerou o desfile da Beija-Flor muito bom.
"Eu estava confiante porque fizemos um ótimo desfile”, disse.
Boni criticou o Sambódromo
Enzo Celulari, filho de Claudia Raia, comemora a
vitória
Enzo Celulari,
filho da musa da escola, a atriz Claudia Raia, com Edson Celulari, era só
elogios: "Foi um desfile sensacional. A Beija-Flor tem um dos melhores
sambas-enredo. Uma escola que acompanho desde pequenininho",
comemorou.
Para o
carnavalesco Fran-Sérgio, colecionando seu oitavo título pela escola de
Nilópolis, o desfile foi impecável. "Eu achava que o Salgueiro também
tinha feito um desfile impecável, mas tivemos algo a mais. A briga acirrada foi
justa. A Guiné Equatorial é um enredo maravilhoso", disse.
Com o título de 2015, a
Beija-Flor, com 13 campeonatos, se aproxima da Mangueira, que já venceu 17
vezes e é a segunda maior campeã do Grupo Especial, desde 1932. A Portela
lidera com 21 títulos.Para Laíla, diretor da Comissão de Carnaval, a vitória
veio acompanhada de desabafo: “A gente está sempre buscando fazer o melhor para
a escola de samba. Eu amo a minha escola, mas o enredo foi tão questionado, até
mesmo dentro da escola. Me questionaram muito”, disse, aos prantos.
O título da
escola de Nilópolis não era conquistado desde 2011. Os outros campeonatos
vencidos foram em 1763 ,1977, 1978, 1980, 1983, 1998, 2003, 2004 , 2005, 2007 e
2008.
Quadra da Beija-Flor fica lotada
para a comemoração
No sábado (21),
seis escolas voltam à Sapucaí a partir das 21h30 para o Desfile das Campeãs. A
ordem é inversa à da colocação. A sexta colocada, Imperatriz, abre a festa,
seguida de Portela, Unidos da Tijuca, Grande Rio e Salgueiro, fechando com a campeã
Beija-Flor.
Na quadra da
Beija-Flor, às 21h já não cabia mais ninguém e o calor era forte. A festa se
trasnformou em baile de carnaval, com os músicos tocando marchinhas e sambas.
Os torcedores vestiam em sua maiora roupas com as cores da escola: azul e
branco. E diziam que a festa não tinha hora para acabar.
Diretor da comissão
de carnaval da Beija-Flor, Laíla comemora resultado
A escola
mostrou o enredo: "Um Griô conta a história: um olhar sobre a África e o
despontar da Guiné Equatorial. Caminhemos sobre a trilha de nossa
felicidade". A exaltação da cultura e da alma africana já havia dado à
escola azul e branca da Baixada Fluminense vários campeonatos, que no total
faturou 12 títulos no carnaval carioca.
Quadra da Beija-Flor fica lotada após a vitória da
escola
Em 2015, a
Beija-Flor voltou a abusar do luxo e da tradição. Foram poucas as
inovações ou os recursos tecnológicos. A aposta maior foi na perfeição técnica
e na empolgação dos integrantes, que na avenida esqueceram o sétimo lugar de
2014 para voltar a sonhar com um posto mais alto.
A voz única e marcante de
Neguinho da Beija-Flor, que completa 40 anos de escola, fez do samba-enredo o
ponto alto e manteve a empolgação dos 3.700 componentes, distribuídos em 42
alas, sete carros e um tripé.
Homenagem
polêmica
A Beija-Flor recebeu
patrocínio da Guiné Equatorial, o país africano homenageado no enredo, que é
uma ditadura comandada há 35 anos por Teodoro Obiang Nguema Mbasogo e tem como
base da economia a exploração do petróleo. O patrocínio gerou muita polêmica.
O presidente da
Beija-Flor, Farid Abraão,
negou que o governo da Guiné Equatorial tivesse investido R$ 10 milhões no
carnaval da escola, mas admitiu ter
recebido contribuição, sem, no entanto, informar o valor.
"A gente
pegou um enredo para falar de um país africano, um país que até então muita
gente não conhecia. Nossa questão aqui é carnaval. O regime não nos compete.
Cuba era odiado pelo mundo democrático e hoje está sendo abraçado", disse
Farid.
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