O consultor Julio Camargo afirmou em depoimento prestado nesta segunda-feira (2), em Curitiba, ao juiz federal Sérgio Moro e a procuradores do Ministério Público Federal que atuam na Operação Lava Jato que pagou R$ 12 milhões de propina ao ex-diretor da Petrobras Renato Duque e ao ex-gerente da estatal Pedro Barusco.
Os advogados de Duque e Barusco, mas não tinha conseguido localizá-los até a última atualização desta reportagem.
Segundo Camargo, na ocasião executivo da Toyo Setal, uma das empresas fornecedoras da Petrobras, disse que a propina foi cobrada sobre um contrato de R$ 2,4 bilhões para fornecimento de coque e ácido sulfúrico para a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária (PR).
De acordo com o consultor, somente quem pagava a propina conseguia contratos nas áreas de abastecimento e de engenharia da Petrobras.
"Mas isso aí era muito flexivel e muitas vezes isso era negociado, e no meu caso sempre negociei para menor, nunca para maior", disse. "Eu paguei em torno de R$ 12 milhões", afirmou Camargo, que fez acordo de delação premiada com o MP.
"Havia uma regra do jogo. Se o sr. não pagasse propina nas áreas de engenharia e de abastecimento, o sr. não teria sucesso ou o sr. não obteria seus contratos na Petrobras", afirmou aos investigadores.
Segundo ele, parte do dinheiro da propina era pago no Brasil e outra parte noutros países. "A maioria dos pagamentos, feitos no exterior, em contas indicadas no exterior, e outra parte em reais aqui no Brasil", declarou.
Antes de Camargo, depôs nesta segunda-feira à Justiça Federal o executivo Augusto Mendonça, da Setal Engenharia - os vídeos dos depoimentos, que não estão sob segredo de Justiça, foram adicionados a um dos processos da Operação Lava Jato.
Mendonça afirmou que o ex-diretor da Petrobras Renato Duque recebia propinas de empreiteiras sem a intermediação de um operador. Mendonça, que firmou acordo de delação premiada, disse ainda que Duque ou o ex-gerente da estatal, Pedro Barusco, indicavam as contas em que os pagamentos deveriam ser feitos.
o executivo.O executivo fez a afirmação ao ser questionado se Duque tinha um operador que mediava os pagamentos no exterior, a exemplo de Alberto Yousseff, doleiro preso na Operação Lava Jato com Duque, Mendonça, e outros empreiteiros e servidores ligados à Petrobras.
Mendonça também explicou que Duque ou Barusco indicavam as contas onde os pagamento deveriam ser feitos.
"Nós pagávamos uma empresa. Na verdade eram talvez cinco ou seis empresas, como tem detalhado na minha declaração, e estas emprsas depositavam na conta indicadas por eles", completou.
O executivo detalhou ainda que, para justificar o dinheiro da propina, essas empresas eram pagas por serviços que não tinham sido prestados.
"Eram prestadores de serviços, que alugavam equipamentos, esse tipo de coisa. Nós assinamos contratos pela obra para eles por uma, vamos dizer, prestação de serviço que não ocorreu, e pagávamos, e eles disponibiliavam o saldo do valor", disse Mendonça.
O executivo acrescentou que era procurado diretamento por Duque e Barusco e que os dois ex-servidores da Petrobras tinham poder de beneficiar ou prejudicar uma empresa.
Quando foi perguntado pelo advogado de Yousseff se Duque e Barusco "tinham poder para tirar alguma empresa, convidar ou não uma empresa para uma licitação", Mendonça afirmou que sim.
Também nesta segunda, Mendonça apresentou à Polícia Federal documentos que comprovariam o pagamento de propina ao ex-diretor Renato Duque.
Entre os documentos, estão notas fiscais, cópias de contratos e comprovantes de transferências bancárias. Ao todo, as notas somam mais de R$ 5 milhões.
O advogado Alexandre Lopes de Oliveira, que representa Duque, disse que os recibos apresentados por Augusto Ribeiro são falsos. Afirmou ainda que as informações prestadas por ele durante a delação premiada não fazem sentido e que cabe ao juiz federal Sérgio Moro selecionar o que é ou não verdade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário