Os fortes ventos que
acompanharam os temporais na atual estação de chuvas ajudaram a derrubar mais
de 1.700 árvores na cidade de São Paulo e algumas delas estão sendo
reaproveitadas para virar móveis para a cidade.
Segundo a Secretaria do Verde
e do Meio Ambiente, todas as madeiras provenientes das árvores que caem nos
parques municipais são reaproveitadas. O problema acontece quando elas caem nas
ruas e praças. Segundo a Secretaria das Subprefeituras, a "queda
atípica" dos últimos meses em razão de ventos de mais de 90 km/h fez com
que exemplares se acumulassem sem lugares para ser estocados.
Artistas e empresas da cidade
apresentam projetos para reutilizar essas árvores em parques, praças e ruas.
Até parklets, espaços de convívio construídos onde antes havia vagas de Zona
Azul para carros nas ruas, vão receber móveis feitos com essas árvores.
Não é um entulho. “Ela teve
seu ciclo e ainda pode ser útil para os outros”
Sérgio Cabral, diretor da Urbanit
Duas delas, que foram
removidas na Lapa, na Zona Oeste, após serem afetadas pelas chuvas, estão sendo
trabalhadas em um galpão em Cotia para integrar um parklet que deverá ser
instalado na região central de São Paulo.
“Não é um entulho. Ela teve
seu ciclo e ainda pode ser útil para os outros”, afirma Sérgio Cabral, diretor
da Urbanit, que desenvolve o projeto.
Ele explica que as árvores,
após chegarem ao galpão da empresa, foram limpas e cortadas. A seiva
avermelhada ainda líquida deixou um rastro no móvel do que um dia já foi uma
árvore viva.
Segundo Cabral, a ideia é não
aplicar nenhuma resina para manter um aspecto natural. “As pessoas podem sentir
a árvore assim, não fica um móvel todo seladinho”, afirma. Ele diz ainda que o
móvel não estraga em um período de três anos, que é também o prazo pelo qual
empresas recebem autorização para instalar os parklets.
Esse novo tipo de serviço na
cidade já existe em locais como a Rua Padre João Manuel, perto da Avenida
Paulista. Ele conta com bancos e paisagismo.
Ibirapuera
O Parque Ibirapuera já tem 16 obras feitas desde 2010 pelo escultor mobiliário Hugo França. Seu último projeto foi feito a partir de um eucalipto que caiu morreu em dezembro, possivelmente em razão de um raio.
É um resíduo que acaba indo
para aterros. “Mas essa não é a maneira mais coerente de descarte”
Hugo França, artista.
O mais novo banco do artista
foi feito a partir de um eucalipto de 35 metros de altura e 30 toneladas.
França conta que o banco foi esculpido com um motosserra. A árvore tinha pelo
menos 50 anos e recebeu um tratamento com lixa e verniz para ter durabilidade,
já que a variação de umidade afeta a madeira, conta. Dois guindastes precisaram
ser usados na operação, e a escultura foi doada ao parque. O móvel foi levado
para o Largo da Batata, em Pinheiros.
A ideia de França é
aproveitar cada vez mais árvores em toda cidade, inclusive no Ibirapuera, e
fazer uma parceria com a Prefeitura de São Paulo para promover um grande
programa de aproveitamento dos restos das árvores nos espaços públicos da
cidade.
“É um resíduo que acaba indo
para aterros. Mas essa não é a maneira mais coerente de descarte”, conta. “Um
dos efeitos benéficos para o meio ambiente é a manutenção do gás carbônico
armazenado nas árvores.”
Só no dia 29 de dezembro, 25
árvores do parque caíram. A região é considerada uma área de alta incidência de
raios. Na cidade, 800 mil pessoas sem energia em razão das várias árvores que
caíram na fiação.
Para o diretor do Parque do
Ibirapuera, Heraldo Guiaro, o aproveitamento das árvores permite oferecer não
apenas um mobiliário, mas também “uma vivência”. “As pessoas descobrem a
escultura. As crianças aproveitam de forma lúdica. Pais e filhos brincam
juntos”, disse.
Um exemplo disse, segundo
França, é um banco que permite aos frequentadores deitar. “É uma experiência
sensorial.” Outra escultura bastante disputada no parque é uma composta de um
tronco de árvore e redes, uma das favoritas das crianças.
Secretaria
Segundo a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, todas as madeiras provenientes das árvores que caem nos parques municipais são reaproveitadas na confecção de "bancos, brinquedos para playground, totens, mini viveiros, entre outros itens que contribuem para as melhorias da infraestrutura dos parques municipais."
Já as árvores que caem nas
ruas e praças são normalmente reutilizadas para compostagem e adubação de mudas
e praças. Ainda segundo a secretaria, a administração trabalha para ampliar a
capacidade de reutilização da madeira, expandindo a ação que já é feita por 28
das 32 subprefeituras.
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