argem da represa Atibainha, na cidade de Nazaré
Paulista (SP), que integra o Sistema Cantareira, principal manancial de São
Paulo. Apesar das chuvas de fevereiro e começo de março, sistema está pouco
mais de 15% de sua capacidade com água
Um novo
relatório divulgado pelas Nações Unidas nesta sexta-feira (20) afirma que, se
nada for feito, as reservas hídricas do mundo podem encolher 40% até 2030 e,
por isso, é preciso melhorar a gestão deste recurso para garantir o
abastecimento da população mundial.
O documento, elaborado pela agência da ONU para Educação, Ciência e Cultura, a Unesco, aponta ainda que 748 milhões de pessoas no planeta não têm acesso a fontes de água potável.
O documento, elaborado pela agência da ONU para Educação, Ciência e Cultura, a Unesco, aponta ainda que 748 milhões de pessoas no planeta não têm acesso a fontes de água potável.
Outra
conclusão é que o Brasil está entre os países que mais registraram estresse
ambiental após alterar o curso natural de rios. As mudanças nos fluxos
naturais, segundo a análise feita entre o período de 1981 e 2010, mas que foi
concluída em 2014, foram feitas para a construção de represas ou usinas
hidrelétricas.
Entre as
consequências dos desvios estão uma maior degradação dos ecossistemas, com
aumento do número de espécies invasoras, além do risco de assoreamento.
Os autores
do texto cobram do governo brasileiro e das demais nações da América Latina que
priorizem a gestão da água para reduzir a poluição, principalmente em áreas
urbanas, e evitar conflitos entre o desenvolvimento econômico e a preservação
dos recursos naturais. Segundo a ONU, o gerenciamento dos mananciais deve ser
vetor para o desenvolvimento sócio-econômico e redução da pobreza.
Aquíferos
ameaçados
De acordo
com o documento, 20% dos aquíferos mundiais já são explorados excessivamente, o
que pode gerar graves consequências como a erosão do solo e a invasão de água
salgada nesses reservatórios.
Os
cientistas preveem ainda que em 2050, a agricultura e a indústria de alimentos
vão precisar aumentar em 400% sua demanda por água para aumentar a produção.
Angela
Ortigara, doutora em engenharia ambiental e integrante da Unesco na Itália,
o relatório é dar subsídios aos países para
o enfrentamento da crise hídrica.
Segundo
ela, a falta de acesso à água potável já melhorou muito – de 1990 até agora,
2,3 bilhões de pessoas deixaram de acessar recursos contaminados. No entanto, o
número apresentado no relatório deste ano ainda é alto.
Para
melhorar a situação, o relatório apresenta quatro sugestões aos países:
- É preciso conhecer seus recursos hídricos, melhorar o monitoramento para saber de onde vem à água, qual é a sua qualidade e como realizar uma distrubuição melhor;
- É preciso conhecer seus recursos hídricos, melhorar o monitoramento para saber de onde vem à água, qual é a sua qualidade e como realizar uma distrubuição melhor;
- Definir
estratégias para o futuro, com a previsão de cenários em torno da distribuição;
- Integrar
as decisões dos setores de energia, agricultura e recursos hídricos para que as
ações atendam a todas as áreas e sejam feitas de forma sustentável;
- promover
a boa governança: as decisões em torno da água precisam ser transparentes e
devem ter a participação da sociedade civil, para que a população se sinta
obrigada a colaborar para atingir a sustentabilidade.
Tais
medidas podem, por exemplo, ajudar o Brasil a resolver o atual problema de
desabastecimento que atinge várias regiões metropolitanas do país.
A ausência
de chuvas ao longo de 2014 baixou o nível de reservatórios importantes de São
Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, que tiveram que implantar políticas
restritivas de acesso a água, como racionamento ou aplicação de multa para quem
gasta mais recursos hídricos.
Risco de
escassez maior
Ary Mergulhão, coordenador de ciências naturais da Unesco no Brasil, explica que as políticas voltadas à água em grande parte do mundo ainda estão em formação, já que o tema “está em constante mutação e desafia a criatividade e o poder de gestão dos governos”.
“Alguns
países que acreditavam que tinham muita água enfrentam atualmente problemas de
escassez, má distribuição e má preservação. A consciência [dos governos]
atualmente está mais crítica que antes, mas precisamos trabalhar mais”,
explicou.
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