A
classificação passou toda pela dupla de zaga pela seleção brasileira. Ou pela
cabeça da dupla de zaga da seleção. David Luiz tinha tudo para ser o nome do
dia. Cheio de identificação justamente com o Chelsea, foi ele quem salvou o PSG
de uma eliminação ainda mais rápida. O time inglês havia aberto o placar com
Cahill, mas David usou toda a cabeleira característica para subir mais que todo
mundo em uma cobrança de escanteio e mandar uma bomba de cabeça para igualar o
placar e garantir a prorrogação de maneira heroica - o PSG atuou com um a menos
desde os 30 do primeiro tempo, quando Ibrahimovic recebeu o vermelho.
Thiago
Silva, porém, não vivia um dia nem um pouco parecido com o companheiro. Em um
lance inexplicável, o capitão do PSG entregou o duelo ao Chelsea. Em uma bola
na área, ele subiu com o braço levantado em dividida com Zouma, encostou na
bola e cometeu um pênalti bizarro. Na cobrança, Hazard rolou bonito para
balançar as redes.
Não
vivia, repare bem no verbo. Não vivia até aos 8 minutos do segundo tempo da
prorrogação. Thiago Silva precisou de duas chances para se redimir, para vencer
o também brilhante goleiro Courtois. Mas o brasileiro levou para dentro de
campo toda sua história de superação e, em pouquíssimos minutos, renasceu das
cinzas para garantir um dos empates mais heroicos da história e colocar o PSG
nas quartas de final.
O rival
da próxima fase será conhecido na próxima sexta-feira, em sorteio. Já o Chelsea
deixa a competição com o péssimo gosto de ser eliminado em um jogo em casa, em que
jogou com um a mais por quase todo o tempo. Uma punição para quem não saiu para
o jogo, uma justíssima recompensa para um time que deu em campo tudo que tinha
e que não tinha.
O
jogo - O duelo
desta quarta começou a ser escrito com as linhas que já estavam mais que claras
desde antes da partida. Com o regulamento - e o 0 a 0 - embaixo dos braços,
José Mourinho estacionou o seu time na defesa e ofereceu ao PSG o campo. Os
franceses, claro, aceitaram a bola, mas pararam na fortíssima barreira inglesa.
E também no apito holandês.
Em um
jogo de tantos craques, um dos nomes mais importante acabou sendo o de um
‘desconhecido'. Björn Kuipers roubou a cena ainda no meio do primeiro tempo.
Aos 31 minutos, Ibrahimovic entrou pesado em uma dividida com Oscar. O lance
foi forte, mas nem tanto assim. O sueco recolheu as pernas e mal se encostou ao
rival. Mesmo assim, o juiz holandês não teve dúvidas e levantou o cartão
vermelho para o atacante - o quarto dele na Champions League, um recorde
dividido com Edgar Davids.
A partir
dali, o jogo mudou. Se já tinha dificuldades para encontrar espaços na defesa
adversária, o PSG passou a ter dificuldades também para ficar com a bola. Em
pouco tempo, a posse mudou, o Chelsea se soltou um pouco mais para o ataque e
até conseguiu suas primeiras finalizações - na melhor delas, Sirigu fez boa
defesa em chute de Oscar. Os ingleses chegaram até a reclamar de pênalti no
finalzinho da etapa inicial, em queda de Diego Costa em lance com Cavani, mas o
juiz nada marcou.
O segundo
tempo começou na mesma toada do final do primeiro, só que com William no lugar
de Oscar. E foi justamente com o ex-corintiano que o Chelsea quase abriu o
placar. Em cobrança de falta pela intermediária, ele tentou surpreender Sirigu
e só não balançou as redes porque o goleiro italiano voltou rápido para
espalmar para escanteio. Na cobrança, o Chelsea ainda assustou mais uma vez,
mas a rebatida de Diego Costa não teve o rumo certo.
O
problema é que os primeiros minutos da etapa final foram os únicos em que o
Chelsea realmente tentou uma pressão ofensiva. E a falta de apetite dos
ingleses só não custou caro por pura sorte. Aos 14 minutos, Pastore descolou um
passe perfeito e deixou Cavani na cara de Courtois. O uruguaio fez tudo certo,
deixou o goleiro na saudade em um ótimo drible e ficou com o gol aberto. Ou
quase tudo certo! Na finalização, o atacante vacilou e mandou na trave.
Dez
minutos depois, mais uma ótima chance para o PSG. Pastore invadiu a área pela
esquerda, tabelou com o impedido Matuidi e chutou cruzado. O juiz não parou o
lance, mas Courtois fez outra ótima defesa. No rebote, Cavani ainda ficou com
ela e não soube muito bem o que fazer. Ele devolveu para o argentino, que
encheu o pé para muito longe do gol.
E o
futebol costuma mesmo punir quem não aproveita as chances que tem. Aos 34
minutos, o Chelsea deu o aviso do que estava por vir. Ramires apareceu pela
direita, tabelou com William e saiu na cara do gol para chutar e para em ótima
defesa de Sirigu. O problema para o PSG é que a cobrança do escanteio no lance
seguinte seria mortal. No ponto mais forte da equipe, a bola parada, Cahill
garantiu a tranquilidade. Após bate-rebate, a bola se ofereceu limpa para o
zagueiro encher o pé do meio da área e estufar as redes do PSG.
Mas o
mesmo futebol que pune, também não se cansa de mostrar o quanto é imprevisível.
Quando tudo parecia definido, quando o Chelsea parecia ter as duas mãos na
vaga, apareceu David Luiz. Bem ele, que fez história justamente com a camisa
dos Blues. Após cobrança de escanteio de Lavezzi pela esquerda, o brasileiro
subiu mais que todo mundo no meio da área e acertou uma bomba de cabeça, sem
chance alguma para Courtois. Comemoração contra o ex-time? Claro! Também pudera
em tais circunstâncias. Era o gol da sobrevida, o gol da prorrogação.
O problema
é que o PSG gastou todas as forças que tinha para buscar o empate. E o Chelsea
sabia disso. Na base do abafa, o time inglês foi com tudo para cima e precisou
de apenas seis minutos para conseguir o que queria. E muito por conta de uma
enorme trapalhada brasileira. Após cruzamento na área, David Luiz afastou na
primeira e Thiago Silva subiu para afastar de vez. Mas Thiago subiu
inexplicavelmente com o braço para cima, encostou na bola e deu um tapa nas
chances francesas. O juiz marcou pênalti, e Hazard, com a calma costumeira,
rolou entro o meio e o lado direito dele para sair para a comemoração.
David
Luiz ainda tentou salvar mais uma vez o dia do PSG. Em cobrança de falta muito
traiçoeira inda da intermediária do campo, o brasileiro encheu a bola de efeito
só não marcou um golaço porque Courtois se esticou todo para mandar para
escanteio.
Mas o futebol
de novo mostrou tudo que pode proporcionar. Das cinzas, o PSG ressurgiu mais
uma vez. E ressurgiu com aquele que tinha tudo para ser vilão. Thiago Silva
aproveitou uma cobrança de escanteio para mandar a bola para as redes e
garantir um dos empates mais heroicos da história.
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