O presidente da CPI da
Petrobras na Câmara dos Deputados, Hugo Motta (PMDB-PB), anunciou nesta
quinta-feira (5) a criação de quatro sub-relatorias que ficarão sob o comando
do PSDB, PP, PSC e PR. Motta indicou os nomes sem submetê-los ao
plenário. Partidos contrários à medida, como o PT e o PSOL, protestaram,
e houve forte discussão entre os parlamentares.
As sub-relatorias serão
comandadas pelos deputados Bruno Covas (PSDB-SP), Arnaldo Faria de Sá (PP-SP),
André Moura (PSC-SE) e Altineu Côrtes (PR-RJ).
A justificativa de Motta para
a criação das sub-relatorias é descentralizar os trabalhos. Na prática, vai
enfraquecer os poderes do relator da CPI, Luiz Sérgio (PT-RJ), em mais um
indício de descontentamento do PMDB com o governo.
Diversos partidos se queixaram
de não terem sido ouvidos sobre a criação de sub-relatorias ou para indicar
nomes para assumir as vagas.
Aos gritos e com o dedo em
riste, o deputado Edmilson Rodrigues (PSOL-PA) chamou o presidente da comissão
de “moleque” diversas vezes.
“Não serei fantoche para me
submeter. Não tenho medo de grito”, rebateu Motta, exaltado.
“Não fomos ouvidos para
nenhuma candidatura. É um fato grave, estranha, causa desconfiança entre aqueles
que formam o bloco”, afirmou o líder do PPS, Rubens Bueno (PR), acrescentando
que a legenda deixará o bloco parlamentar com o PSDB e PSB.
Para o deputado Ivan Valente
(PSOL-SP), a formação das sub-relatorias não pode ser feita “a partir de acordo
de coxia”.
Motta rebateu as críticas
dizendo que o regimento da Casa não impõe nenhum impedimento para que o
presidente da comissão indique sub-relatores. “Não abrirei mão de indicar as
sub-relatorias”, afirmou.
Instalada na semana passada,
a comissão que vai apurar denúncias de desvios na Petrobras realizou a sua
primeira reunião efetiva de trabalho nesta quinta.
Sub-relatorias
A primeira sub-relatoria, a cargo de Côrtes, vai investigar superfaturamento e gestão temerária na construção de refinarias no Brasil.
A segunda, que terá Covas à
frente, investigará a constituição de empresas subsidiárias e sociedades com o
fim de praticar atos ilícitos.
A terceira ficará com Faria
de Sá e será sobre o superfaturamento e gestão temerária na construção e
afretamento de navios de transporte, navios-plataforma e navios-sonda.
A última, sob o comando de
Moura, vai apurar irregularidades na operação da companhia Sete Brasil e na
venda de ativos da Petrobras na África.
Vice-presidências
Foram eleitos nesta manhã os três vice-presidentes da CPI: Imbassahy (PSDB-BA), Felix Mendonça (PDT-BA), Kaio Maniçoba (PHS-PE).
O PT contestou a indicação da
chapa única, alegando que não havia sido consultado. “Não temos objeção
individual a ninguém, entretanto, não participamos de acordo para as
vice-presidências”, queixou-se o deputado Afonso Florence (PT-BA).
Motta disse que não foi
procurado pelos petistas ao longo da semana para que manifestassem interesse em
indicar candidatos à vice-presidência. “Procuramos membros de partidos
diferentes para ter composição eclética para darmos legitimidade a essa CPI”,
afirmou.
Próximos passos
O colegiado ainda vai analisar e votar 336 requerimentos apresentados pelos partidos. Segundo a secretaria da comissão, Motta pretende ainda levar a voto um requerimento para contratar a consultoria Kroll para buscar recursos de delatores em contas no exterior.
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