quinta-feira, 9 de abril de 2015

À CPI da Petrobras, Vaccari diz que todas as doações ao PT são legais

Em depoimento à CPI da Petrobras, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, reafirmou nesta quinta-feira (9) que todas as doações recebidas pelo partido são legais, feitas por meio de transações bancárias e mediante entregue de recibo. Na sessão tumultuada, na qual ratos foram soltos no plenário, o dirigente petista destacou que todas as doações ao PT são declaradas à Justiça Eleitoral.
"Todas doações são feitas por meio de transações bancárias, estão dentro da legislação vigente e são declaradas à Justiça eleitoral", declarou o tesoureiro aos integrantes da CPI.
O nome de Vaccari apareceu na delação premiada do ex-gerente da Petrobrás Pedro Barusco, um dos delatores do esquema investigado pela operação Lava Jato. Segundo o executivo da estatal, o dirigente petista recebia propina de empresas que firmavam contratos irregulares com a Petrobras.
O doleiro Alberto Youssef, outro dos delatores do esquema, disse contou às autoridades que Vaccari recebia a fatia da propina destinada ao PT. Desde que surgiram as denúncias, o tesoureiro nega participação no esquema.
Antes de responder às perguntas dos parlamentares, Vaccari fez uma apresentação no telão em que mostrou reportagens publicadas pela imprensa que mostram que doações feitas pelas empresas investigadas na Operação Lava Jato também abasteceram os caixas de outras legendas. "A forma de arrecadação entre os partidos se mantém", disse.
Vaccari Neto foi perguntado pelo relator da CPI sobre a relação que mantinha com outros acusados de envolvimento no esquema de corrupção que atuava na Petrobras, entre os quais os ex-diretores da estatal Paulo Roberto Costa (Refino e Abastecimento) e Renato Duque (Serviços). Ele admitiu conhecer os dois ex-dirigentes da petroleira, mas negou que tenha tratado sobre financiamento de campanha com eles. Costa e Duque também são réus da Operação Lava Jato.Relação com acusados
“Nunca discuti qualquer tipo de assunto financeiro do PT com o senhor Paulo Roberto Costa [ex-diretor de Abastecimento]. Estive com ele uma vez, em jantar, por volta de 2010. Desde então nunca mais tive qualquer contato”, disse.
Em relação a Renato Duque – supostamente indicado para a diretoria de Serviços pelo PT –, o tesoureiro afirmou que o conhecia, mas assegurou que não falavam sobre doações quando se encontravam. “Nunca discuti com Renato Duque qualquer assunto que envolvesse finanças do PT. Sempre soube dos limites nas relações com as empresas públicas, que são vedadas de fazer doações.”
O petista também negou ter tratado de contribuições a campanhas com o doleiro Alberto Youssef, apontado como um dos líderes do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. Em depoimento ao Ministério Público Federal, o doleiro afirmou que entregou dinheiro de propina da Petrobras a Vaccari, para que ele abastecesse o caixa do PT.
“Conheci Youssef casualmente há muitos anos atrás. Não tenho relacionamento com ele e nunca tratei de assuntos financeiros do PT”, disse o tesoureiro.
Em outro trecho do depoimento, Vaccari admitiu ter ido uma única vez ao escritório do doleiro, porém, disse que Youssef não estava no local e, por isso, foi embora em seguida. O dirigente do PT contou ter ficado apenas quatro minutos no local, mas não explicou aos parlamentares que assunto pretendia tratar com ele.
A relação entre Vaccari e Youssef foi questionada por vários deputados. O líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), ao ouvir o tesoureiro repetir que ele foi embora do escritório sem falar com o doleiro, retrucou de forma irônica: "O senhor deu azar, então".
Em outro momento, Vaccari foi novamente interrogado sobre a questão, desta vez pelo deputado Ivan Valente (PSOL-SP). Na hora em que o tesoureiro ia responder, seu microfone foi cortado pelo presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB). O peemedebisya pediu que o parlamentar encerrasse as perguntas já que o seu tempo para uso da palavra expirado.
Fontes de financiamento
No depoimento, Vaccari afirmou que assumiu a Secretaria de Finanças do PT na campanha de 2010, quando Dilma Rousseff disputou pela primeira vez a Presidência da República. Ele destacou que é o único responsável pelas finanças do partido. “Eu sou responsável pela Secretaria de Finanças e Planejamento. Não há outro responsável que não eu”, enfatizou.

O relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), indagou o tesoureiro sobre as formas de arrecadação do PT. Vaccari destacou que além das repasses do fundo partidário e das doações de empresas, outra importante fonte de financiamento do partido é a doação de filiados. Ele informou que está iniciando uma campanha para colher contribuições.
“Nós também elaboramos e temos tradição nisso. Que é a busca e captação de recursos de nossos filiados. Estamos planejando uma nova campanha na busca de captação de recursos de filiados e simpatizantes”, contou aos deputados.
Vaccari disse que o PT não possui nenhum imóvel ou avião. Conforme ele, os carros usados pelo partido são de leasing (contrato de arrendamento). O tesoureiro também destacou que os bens da legenda se restringem a móveis de escritório.
“O partido não tem imóveis. Os carros são leasing e não temos aviões. Temos móveis de escritório”, observou o dirigente.
Ele ainda negou manter contas bancárias fora do país. “Eu não tenho conta em nenhum banco no exterior. Tenho apenas uma conta corrente e um cartão de crédito aqui no Brasil”, declarou, acrescentando que o PT também não possui conta bancária no exterior.
O tesoureiro do PT disse desconhecer a existência de cartel entre as empresas que prestavam serviço para a Petrobras. “Nunca tive essa informação”, declarou.
Delações de Barusco e Youssef
Indagado sobre as acusações feitas contra por Pedro Barusco e Alberto Youssef, o tesoureiro do PT repetiu reiteradas vezes que os termos dos depoimentos de delação premiada dos dois delatores "não são verdadeiros". A insistência nessa resposta gerou irritação em alguns integrantes da comissão.

O deputado Bruno Covas (PSDB-SP), um dos sub-relatores da CPI, disse que a resposta que ele esperava era "simples" e bastava o dirigente petista dizer se confirmava ou negava as acusações. Vaccari, entretanto, se limitou a repetir a mesma resposta.
Quando questionado sobre se a sua cunhada Marice Correa Lima recebeu R$ 110 mil de Youssef, como o doleiro declarou à Polícia Federal, Vaccari continuou insistindo que os termos das delações não são verdadeiros e que a relação com a cunhada é estreitamente "familiar".
Apoio do PT
Pressionado por uma ala do PT a se desligar da direção do partido, Vaccari Netto disse que, na avaliação dele, ele te, o apoio da sigla para continuar à frente da Secretaria de Finanças.

Apesar das reivindicações de setores da legenda para que Vaccari deixe o cargo, a direção petista já manifestou que ele permanecerá na função enquanto não for condenado.
Mais cedo, antes do início do depoimento do tesoureiro, o líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), disse que correligionários petistas que defendem a saída de Vaccari estão “fora do eixo” e que essa medida representaria uma “pré-condenação” do dirigente.
"Ao Diretório Nacional [do PT], até o dia de hoje, não foi apresentada nenhuma proposta para que eu deixe a Secretaria de Finanças. Até o dia de hoje, a avaliação que eu tenho é que  tenho apoio do Diretório Nacional para permanecer no cargo", ressaltou Vaccari aos integrantes da CPI.
O tesoureiro acrescentou que a decisão sobre a sua permanência caberá ao comando da sigla. "É um debate que tem que ser feito no Diretório Nacional, na presença de todos", enfatizou.
Ratos no plenário
O depoimento de João Vaccari Neto iniciou às 10h02. No momento em que o dirigente petista entrou no plenário, um funcionário da Câmara soltou cinco ratos no recinto. Os animais geraram gritos e confusão (assista ao vídeo ao lado).

A assessoria da Câmara informou que o homem que soltou os ratos no plenário se chama Márcio Martins de Oliveira. Ele era funcionário em cargo de comissão da Segunda-Vice-Presidência da Casa. Depois do espisódio, a assessoria do órgão informou que ele foi exonerado.
Segundo a assessoria da Câmara, Oliveira foi admitido no cargo em março deste ano. Entre abril de 2014 e 8 de março de 2015, ele atuava como secretário legislativo do deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força.
Conforme informações do Portal da Transparência da Câmara, Oliveira ocupava um Cargo de Natureza Especial (CNE) 15, com remuneração de R$ 3.020,85.
A assessoria da Câmara informou que Márcio Oliveira poderá responder judicialmente por tumulto em ato público, uma contravenção penal. A denúncia pod
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