Edgar Degas nasceu em Paris em 19 de julho
de 1834. Provindo de uma família de banqueiros, teve a educação padrão da
classe alta no Lycée Louis le Grand. Depois de estudar direito por pouco tempo,
decidiu tornar-se um artista, trabalhando com mestres conceituados e passando
muitos anos na Itália, considerada então a “escola de aperfeiçoamento” das
artes.
Adquiriu um estilo que o tornaria famoso e diferente dos seus
colegas: a pintura histórica. Apesar desse particular não deixou de continuar a
pintar as cenas de ópera e concertos, mulheres e finalmente, as bailarinas.
Sim, as famosas bailarinas que o tornaram um pintor de renome. Desta
série que perdurou ao longo do final do seu glorioso percurso artístico,
as mais famosaspinturas são, sem dúvida, A primeira bailarina e A aula de dança. Nestes
trabalhos o francês usou vivamente os tons vibrantes, que vigoraram vulgarmente
ao longo da sua vida. Porém, durante este período os seus trabalhos tornaram-se
muito expressivos, alarmantes, assustadores. A bailarina parece que voa e o
ambiente em torno dela é inspirador e implacável. Um quadro vivo, uma
obra-prima inquestionável.
Embora as pinturas de Degas aparentem serem espontâneas, elas
eram na verdade produções de estúdio cuidadosamente planejadas, construídas a
partir de muitos croquis e estudos. Sua arte era do tipo que ocultava sua
artificialidade.
Degas era um homem intensamente introspectivo e fechado, e
externamente sua vida nada tinha de especial, exceto por seu serviço na Guarda
Nacional durante o cerco prussiano de Paris em 1870-1. Fez uma visita
prolongada a Nova Orleans para ver seus irmãos em 1872-3, mas, embora tenha
pintado diversos quadros enquanto lá esteve, ignorou os lados exóticos e
especificamente americanos da vida em Louisiana, acreditando que um artista
apenas poderia produzir bons trabalhos em seu ambiente adequado.
Já no início da década de 1870 Degas apresentava problemas com
sua visão, e nos anos 1880 ela se deteriorava alarmantemente. Mas ele continuou
a trabalhar muito, embora cada vez mais com o pastel, meio menos desgastante
fisicamente. Encontrou uma variedade não imaginada de efeitos de cores e
texturas, e seus trabalhos feitos com pastel são tão reconhecidos quanto suas
pinturas a óleo. Isto também é verdadeiro para as esculturas de Degas: traduziu
as bailarinas e os nus que tão frequentemente desenhou para estatuetas
lindamente modeladas.
Degas sempre foi uma personalidade amarga, de humor cruel,
distante e com consciência de classe social. Embora tivesse um dom para a
amizade com umas poucas felizardas, nunca se casou. Na década de 1890 tornou-se
cada vez mais ranzinza e isolado, mas foi capaz de trabalhar até 1912. Seus
últimos anos foram patéticos: passou muito de seu tempo vagando pelas ruas de
Paris, famoso, mas indiferente à sua fama e quase alheio à Guerra Mundial que
assolava o norte. Morreu em 27 de setembro de 1917.
Devido à sua brilhante técnica, hoje, as pinturas de
Edgar Degas são das mais procuradas pelos compradores de todo o Mundo.
Em2004 um trabalho de Degas de nome As corridas no Bois de Boulogne foi vendido
na Sotheby’s pela quantia espantosa de cerca de 10 milhões de Euros,
ao lado de O tomateiro,
de Pablo Picasso e de alguns outros trabalhos do seu eterno
«amigo-rival» Edouard Manet.
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PLACE DE LA CONCORDE
Depois da concepção de Place de La Concorde, enquanto nos seus antigos quadros têm bastante dinamismo, a composição deste não permitiu tal coisa. As figuras deslocam-se, perece, vagarosamente – o que é óbvio pois representava um passeio. Existe uma quase ausência de personagens na praça parisiense. Figuram duas meninas que não se sabe a quem pertencem, de onde vêm nem para onde vão. Demonstram um sorriso implacável e constrangedor, comparável ao de Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. Dois velhos de cara triste, deambulando com cartola posta, e barba arranjada, muito ecléticos. Parecem infelizes. E esta atmosfera triste realça-se mais com os trajes dos personagens, cinzas ou pretos.
Não se sabe ao certo como reagiram as pessoas ao quadro, sabe-se, porém, que ficaram eternizadas expressões de cansaço, no público. Pareciam tristes ao ver a obra. Degas já não era a mesma coisa.
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