O coordenador da Defesa Civil do Estado de São Paulo, José Roberto Rodrigues de Oliveira, afirmou no começo da tarde desta quinta-feira (9) que não há mais fogo em nenhum dos tanques da área industrial de Santos, no litoral de São Paulo. Apesar disso, ainda há fogo em vários pontos, na altura do solo, por causa do vazamento de combustíveis.
Durante toda a manhã desta quinta-feira, os bombeiros jogaram espuma e água para diminuir a quantidade de fogo nos tanques. Oliveira disse que todo o fogo foi apagado por volta das 10h. "O tanque de gasolina que estava em chamas foi preenchido com espuma. O fogo agora está concentrado apenas nas áreas de vazamento. No momento, há vazamento nos recipientes de álcool e gasolina", diz.
Ainda segundo ele, 500 mil litros de LGE (Líquido Gerador de Espuma) foram importados e estão sendo encaminhados para o local do incêndio. Em um primeiro momento, devem chegar cerca de 180 mil litros provenientes dos Estados Unidos, 11 mil litros da Bahia, que chegaram em um avião da Força Área Brasileira, e cerca de 20 mil litros do Rio Grande do Sul.
Na manhã desta quinta-feira, uma reunião na Codesp entre várias autoridades discutiu uma possível transferência do acrilato de butila, que ocupa alguns tanques próximos ao incêndio. Alguns técnicos avaliaram a situação e a possibilidade foi completamente descartada.
No começo da tarde, a Ultracargo, empresa responsável pela área do incêndio, emitiu uma nova nota para a imprensa. Segundo a empresa, os trabalhos para o isolamento da área e contenção do fogo prosseguem. A operação continua com sete rebocadores que auxiliam na captação de água do mar e abastecem os caminhões de incêndio na frente de combate.
Durante todos os dias do incêndio, dezenas de moradores de várias cidades da Baixada Santista relataram problemas respiratórios e procuraram atendimento. Uma imensa nuvem de fuligem cobriu a região e afetou a rotina dos moradores. Um morador de Santos, por exemplo, registrou imagens da piscina dele antes e depois do incêndio, completamente suja.
O incêndio na empresa Ultracargo começou por volta das 10h de quinta-feira (2). Seis tanques de combustível foram atingidos. No início do incêndio, a temperatura chegou a 800°C mas, segundo os bombeiros, já foi reduzida para cerca de 400°C. As causas do incêndio ainda são desconhecidas.
Bilhões de litros de água do mar são usados para combater as chamas. Como parte da água é poluída e devolvida para o mar, estudos já apontaram que o incêndio é responsável por uma alta taxa de mortalidade de peixes na região afetada. De acordo com o Corpo de Bombeiros, ainda não há previsão para o término dos trabalhos.
Técnicos da empresa americana Williams Fire & Hazard Control, especializada em incêndio, virão a Santos, nesta sexta-feira (10), para ajudar a estancar os vazamentos nos tanques da Ultracargo, que impedem o fim do incêndio na área industrial da cidade. A empresa já atuou, por exemplo, durante a Guerra do Golfo para combater incêndios criminosos em poços de petróleo.
Ajuda Federal
O ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi visitou Santos a pedido da presidente Dilma Rousseff. "Estou em Santos para reforçar o apoio federal neste momento de crise. Vim com a demanda de reforçar o estoque de produtos químicos e de caminhões para o combate ao incêndio. O Governo Federal continua acompanhando os desdobramentos de todos os problemas que estão ocorrendo. Na cidade temos representantes do Ministério da Defesa, da Integração Nacional, do Meio Ambiente e da Pesca", afirma. O coronel José Roberto Rodrigues de Oliveira, coordenador estadual da Defesa Civil no Estado de São Paulo, confirmou que fez alguns novos pedidos ao Governo Federal como mais caminhões e um estoque maior de produtos químicos para apagar o fogo.
De acordo com o porta-voz do Corpo de Bombeiros na operação, Marcos Palumbo, a quantidade de água utilizada para resfriar os tanques é impressionante. Ele explica que, nesta quarta-feira, 83 mil litros eram despejados por minuto. Segundo ele, em São Paulo, no ano passado, foi combatido com 240 mil litros de água.
Trânsito de caminhões
A entrada de caminhões na Margem Direita do Porto de Santos foi permitida das 22h às 4h para veículos com agendamento nos terminais autorizado pela Codesp. A liberação, válida desde quarta-feira, será feita mediante a apresentação de documento comprobatório e com o limite de até 800 veículos de carga. A medida foi acertada em reunião entre representantes da prefeitura e do setor portuário e de transportes.
A triagem dos veículos e a liberação no Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI) e nos pátios de estacionamento serão realizadas pela Polícia Rodoviária e Ecovias, seguindo a orientação da Secretaria Municipal de Assuntos Portuários.
Na área urbana, a Companhia de Engenharia de tráfego (CET) fará o controle dos comboios de caminhões. No ingresso, os veículos de carga terão como trajeto a Avenida Martins Fontes, ruas Visconde do Embaré e Cristiano Ottoni (que ficará com mão única) até o Porto Valongo. A partir dali, o controle fica a cargo da Guarda Portuária.
Prejuízos ambientais
Apesar de não ter deixado feridos, o incêndio provocou grandes danos ambientais e econômicos. Durante os dias de combate, os bombeiros utilizaram bilhões de litros de água retirada do mar para resfriar os tanques. Parte da água, já contaminada, acabou sendo devolvida ao mar e provocou a morte de cerca de 7 toneladas de peixes.
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