Pesquisadores da Unesp e da USP lançaram uma página na internet para divulgar projeções de até 30 dias para o Sistema Cantareira. De acordo com os cálculos, os reservatórios devem entrar no mês de maio, quando o período seco começa de vez, com cerca de 15% da capacidade, não conseguindo recuperar a primeira cota do volume morto.
Essa marca é um pouco abaixo da registrada nos últimos sete dias, de 15,4%, segundo cálculo da Sabesp que começou a ser divulgado em março e que considera na capacidade total as duas cotas do volume morto.
Segundo as previsões dos pesquisadores da Unesp e da USP, o nível do Cantareira ainda vai subir nos próximos dias, podendo chegar a 15,9%. A queda porém, é inevitável com o fim da estação das chuvas, mas será lenta. As represas deverão ter ainda 15,1% de água dentro de um mês.
Segundo Paulo Prado, professor do Instituto de Biociências da USP e um dos autores do projeto, o site permite concluir que a situação é muito grave e que não se deve baixar a guarda.
“Nós estamos entrando no período seco com 15% e não vai sair muito disso. E pra manter esses 15% é preciso manter essa retirada de água que a gente está praticando”, disse.
O site tem projeções para o período de um mês que levam em conta a chuva na região do Sistema Cantareira em um período histórico de 30 anos. E também leva em conta a retirada de água praticada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) no último mês.
Com esses dados, os pesquisadores concluíram que o valor mais provável para o nível de água do Cantareira no dia 17 de maio, daqui a um mês, é de 15,1%. Considerando a margem de erro, a quantidade de água armazenada poderá estar entre 13,2% a 17,6%.
Outra projeção, porém, que considera a previsão meteorológica para os próximos dias, indica que o Cantareira vai subir pelo menos até 15,9% na próxima terça-feira (21). A previsão do tempo utilizada é a do Consórcio PCJ, que acompanha a situação dos rios que fazem parte do Sistema Cantareira.
O site é também uma criação dos pesquisadores Renato Mendes Coutinho, doutor em física pelo Instituto de Física Teórica da Unesp, e Roberto André Kraenkel, pesquisador do instituto.
Junto com Paulo Prado, os pesquisadores concluíram que os modelos matemáticos que eles já usavam para outros temas ligados à ecologia poderiam ser utilizados para acompanhar a crise hídrica.
Segundo Prado, o modelo complementa outro já disponível, o do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemadem), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia e tido como referência nacional para previsão de níveis de represas.
“O nosso modelo complementa. É um modelo simples, que qualquer cidadão pode rodar em casa”, afirmou. O site dos pesquisadores permite ver com clareza qual o nível que o sistema deve alcançar em até um mês. Já as previsões do Cemadem permitem também análises de longo prazo, até o final do ano, por exemplo.
Nível
O nível de 15,4% do Cantareira, usado pelos pesquisadores, é resultado de um dos três métodos de calculo que vêm sendo utilizados pela Sabesp para divulgar quanta água ainda resta nas represas. Ela considera no nível total do sistema os 287 bilhões de litros adicionados no ano passado com o uso do volume morto.
Outro método, que considera apenas a capacidade inicial do sistema de 982 bilhões de litros (sem o volume morto, portanto), aponta que o nível é de 19,9%. Uma terceira medição passou a ser divulgada na quinta-feira pela Sabesp em atendimento a uma decisão judicial que determinou que a companhia só considere que o sistema tem nível positivo quando recuperar totalmente o volume morto. Nesta fórumula, o nível está em -9,3.
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