domingo, 24 de maio de 2015

Policial americano acusado de matar 2 suspeitos negros é absolvido


O policial norte-americano Michael Brelo, de 31 anos, foi absolvido neste sábado (23) da acusação de matar dois suspeitos negros desarmados em Cleveland, nos Estados Unidos, em 2012. As duas pessoas mortas foram Malissa Williams e Timothy Russell.
Após a decisão, manifestantes tomaram as ruas da cidade. Segundo o porta-voz da polícia Jennifer Ciaccia, pelo menos 20 pessoas foram presas durante o protesto, que começou pacífico e se intensificou durante a noite.
Segundo o Twitter da corporação, spray de pimenta foi utilizado para dispersar um incidente com uma grande multidão.

A morte de suspeitos negros em ações de policiais brancos têm gerado uma série de protestos - muitos deles violentos - no país desde agosto, quando o jovem negro Michael Brown foi morto por um policial branco na cidade de Ferguson.

Episódios semelhantes ocorreram em outras cidades dos EUA. Os manifestantes denunciam o uso excessivo de força nos procedimentos contra suspeitos e alegam preconceito racial por parte dos agentes.
O policial Michael Brelo se emociona ao ouvir neste sábado (23) o veredito que o absolveu da acusação de matar dois suspeitos (Foto: AP Photo/Tony Dejak)
O juiz que analisou o caso de Brelo, John O'Donnell, disse que o policial agiu razoalmente quando atirou nos suspeitos em cima do capô do seu carro, disparando através do pára-brisa, quando eles já estavam cercados.

Antes do cerco aos suspeitos, uma perseguição policial, que começou no centro de Cleveland após relatos de tiros vindos do veículo em que o homem e a mulher se encontravam, se estendeu por várias cidades, com velocidades que chegaram a 145 km/h, e terminou após o disparo de 137 tiros por 13 policiais.

Russell foi atingido por 24 tiros e Malissa por 23. Nenhuma arma foi encontrada no carro ou ao longo do trajeto percorrido, e especialistas forenses testemunharam que o carro, fabricado em 1979, estava sujeito a produzir disparos pelo escapamento.
"Brelo estava agindo em condições difíceis até mesmo para funcionários experientes", disse o juiz ao dar a sentença.
"A acusação neste caso não poupou e foi de fato implacável. Foi um caso clássico de David vs Golias", disse o advogado de Brelo, Patrick D'Angelo.
Renne Robinson (dir.) e Alfredo Williams (esq.), primos de Malissa Williams, protestam após absolvição (Foto: Aaron Josefczyk/Reuters)
Outros cinco supervisores policiais foram indicados por contravenção e abandono do dever e o julgamento está programado para julho. Ao todo, 64 oficiais foram punidos.
A prefeitura de Cleveland pagou US$ 1,5 milhão de dólares a cada uma das famílias das vítimas para encerrar um processo por morte indevida.
Brelo, que renunciou ao seu direito a um julgamento com júri, poderia ter enfrentado de 3 a 11 anos de prisão se fosse condenado.
O julgamento, iniciado em 6 de abril, ocorreu em meio a um clima de forte criticismo contra os agentes de segurança pública dos EUA, devido ao uso de força letal contra grupos minoritários.
Veredito provoca protesto
O protesto deste sábado contra o veredito começou em frente ao tribunal de Cleveland. Manifestantes gritavam "não há justiça, não há paz", enquanto policiais da tropa de choque monitoravam a situação. Os manifestantes simularam um velório e fizeram procissão pelas ruas próximas ao local. Também houve uma forte reação contrária à sentença nas redes sociais.

Manifestantes simulam velório após decisão de juiz de Cleveland, nos EUA, absolver policial branco da acusação de matar dois suspeitos brancos em 2012 na cidade (Foto: AP Photo/Tony Dejak)
Manifestantes protestam contra a absolvição de Michael Brelo (Foto: Aaron Josefczyk)
Manifestantes caminham perto do tribunal em Cleveland que absolveu o policial Brelo neste sábado (23) (Foto: AP Photo/Tony Dejak)


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