Um casal do Sertão de Pernambuco tem motivos de sobra para comemorar este 12 de junho, Dia dos Namorados. Depois de mais de 40 anos separados, com a bênção do casamenteiro Santo Antônio e a facilidade das redes sociais, Fátima Canejo e Daniel de Sales se reencontraram e já planejam a união. Na juventude, eles viveram uma inesquecível história de amor, um namoro proibido pelas famílias. Cada um deles, casou e formou suas respectivas famílias. Apesar de terem seguido suas vidas, as lembranças do romance persistiram, até que a paixão veio à tona novamente.
A história desse casal é um romance da vida real que aconteceu por volta dos anos 70 em Pernambuco. Fátima tinha 16 anos e morava na capital Recife com os pais e o Daniel era mais velho, com aproximadamente 22 anos e vivia com a família em Petrolina, no Sertão. Eles se conheceram durante as férias escolares, quando os dois passavam o período de recesso na casa de familiares na cidade pernambucana de Serrita, também no Sertão.
Morena, cabelos longos e pretos, desta forma Fátima era quando se apaixonou à primeira vista por Daniel. “Eu estudava em Recife e todas as férias mamãe levava a gente para Serrita. Eu bati o olho nele e ele bateu o olho em mim e nunca perguntou se queria namorar comigo, ele foi logo me beijando durante uma tertúlia na casa de amigos. Ele foi meu primeiro namorado”, conta.
Por conta de desavenças políticas, o namoro entre Fátima e Daniel era proibido pelas famílias. “Eu apanhava todos os dias, porque meus pais não queriam o namoro. O padre João, irmão do Daniel, sempre foi muito dinâmico em Serrita e conquistou as pessoas da cidade e a minha família nesta época comandava o município politicamente. Então, as nossas famílias entraram em choque”, explica Fátima.
Como não tinham a aprovação dos pais, o casal se arriscava para os encontros escondidos. “Era muita adrenalina provocada pela emoção do encontro e o medo de sermos flagrados. Pedíamos ajuda até às nossas amigas para que ficassem vigiando a cozinha da minha vizinha, a Dona Gida, e avisar caso qualquer pessoa se aproximasse. Até que um dia o senhor Manuel Gonçalves, esposo da Dona Gida, nos surpreendeu namorando e contou tudo aos meus pais e ao tio de Daniel”, conta Fátima.
O casal acabou se separando no fim das férias sem ter oportunidade de terminar o namoro. Fátima disse que chegou a ir outras vezes em Serrita, mas não conseguiu encontrar o Daniel. “Eu voltei outras vezes para Serrita, mas eu não o vi. Ele estudou na mesma faculdade que eu em Recife, mas nunca o encontrei. O nosso sentimento ficou adormecido e até hoje a ficha não caiu. Acho que estava predestinado a gente ficar juntos”, revela.
Fátima Canejo, de 61anos, casou e foi morar no Rio de Janeiro. Ela teve dois filhos, há 20 anos é separada e trabalha como paisagista. “Tinha momentos no meu relacionamento que eu pensava se eu podia ter sido mais feliz com o Daniel. Então, eu vim à Petrolina durante um trabalho e tive contato com um amigo em comum que me falou que ele havia casado e tido filhos. Mas eu procurava na internet. Não me interessava se estava casado ou não. Eu queria vê-lo, saber como estava, porque sempre eu lembrava dele”.
Já Daniel é professor aposentado, tem 66 anos, morou 15 anos em Recife, 20 anos em Montes Claros, em Minas Gerais. Ele casou duas vezes e ganhou dois filhos de cada esposa. Mas garante que nunca deixou de pensar na 'Fatinha'. “Eu fui embora para Recife, casei e tive filhos. Um dia inclusive, a Fátima chegou a passar pertinho de mim em Recife e não me viu, comento sempre com ela. Mas são as coisas do tempo. Acredito que nós estávamos sempre juntos espiritualmente”, afirma Daniel.
A grande surpresa foi quando o Daniel achou a namorada da adolescência em uma rede social. “Eu sempre a procurava e a encontrei. Em setembro de 2014 nós começamos a se relacionar através do Facebook”, explica Daniel. Contudo, a Fátima disse que precisou tomar atitude. “Quando eu vi o convite de amizade, achei que não fosse ele. Eu vasculhei a página, aceitei e enviei uma mensagem. Só que depois, ele entrava no face e não falava comigo. Quando eu fui para Recife em novembro, resolvi perguntar porque ele não conversava e nós começamos a nos falar. Comprei um chip para falar com ele e passávamos até seis horas ininterruptas ao telefone. Ele ligava pra mim até seis vezes e eu fiquei totalmente adolescente”.
Vestido com uma camisa amarela, cor preferida da amada, foi assim que aconteceu o reencontro do casal após 40 anos distantes. No dia 28 de dezembro de 2014, Fátima desembarcou em Petrolina, no Sertão de Pernambuco. “Quando eu vi o Dani, me perguntei o que estava fazendo naquele lugar. Ele tremia tanto e tentou me beijar. Eu tentei resistir, mas acabei cedendo e foi muito bom, porque a química permaneceu. Foi melhor do que quando éramos adolescentes. Eu fiquei surpresa pela pele dele e o cheiro que continuavam os mesmos”, conta emocionada Fátima.
No dia 1º de fevereiro de 2015, o casal noivou em Petrolina na casa da irmã do Daniel. E os planos não param, Fátima e Daniel já estão procurando uma casa na cidade para alugar. Mas, antes disso, vão comemorar juntos duas datas importantes, o dia do casamenteiro 'Santo Antônio' e o 'Dia dos Namorados'. “Esperamos que o nosso Dia dos Namorados seja uma lua de mel maravilhosa. Pedimos a Santo Antônio que interceda junto a Deus por nós”, diz Fátima. Enquanto que Daniel agradece a benção do santo por ter abençoado seu reencontro com a amada. “Estamos noivos e tentando reafirmar nossa história. Vamos festejar Santo Antônio e pedir a nossa união e pedir que ele sempre nos proteja”.
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