sexta-feira, 3 de julho de 2015

Mulher mata grávida, corta barriga e rouba o bebê em Minas Gerais


Parentes e amigos de Patrícia Xavier da Silva, de 21 anos, procuram explicações para a brutalidade do crime que tirou a vida da funcionária de uma fábrica de laticínios em Ponte Nova, município de 57 mil habitantes, na Zona da Mata em Minas Gerais. A população está chocada, sem acreditar que a jovem, grávida de nove meses, foi morta com golpes de madeira e passou, desacordada, por um parto extremamente traumático, com cortes de gilete na barriga, e teve o filho roubado. Essas foram as condições a que Patrícia foi submetida, segundo Gilmária Silva Patrocínio, de 33 anos, presa nessa quarta-feira (01) pela Polícia Civil. Ela confessou o crime aos delegados e investigadores e fez a reconstituição. A trama macabra de Gilmária foi descoberta quando a polícia recebeu informação de que uma mulher tinha dado entrada no hospital da cidade afirmando que teria dado à luz em casa, mas sem sinais de parto recente. Gilmária, que trabalha como cuidadora de idosos, apresentou várias versões, até admitir que premeditou o crime para ficar com o bebê. Ela alegou à polícia que temia ser abandonada pelo marido caso não tivesse um filho com ele. “A autora diz que simulou uma gravidez e, sendo assim, uma hora a criança tinha que nascer. Ela inventou uma história de que tinha roupas de bebê e um berço para doação, conquistando a confiança da vítima. de quem já era conhecida”, informou o delegado Silvério Rocha Aguiar. Segundo ele, Gilmária já conhecia Patrícia, inclusive, chegou a colocar piercing no umbigo dela e de uma irmã. O policial disse que Gilmária, ao chegar com Patrícia ao terreno onde pretendia praticar o crime, inventou outra história, dessa vez para encorajar a vítima a entrar no lote. “Já dentro da cena do crime, ela conta que se armou com um pedaço de madeira de uma cama desmontada e atacou Patrícia. Depois, a prendeu com uma caixa d’água vazia e desceu até a construção. Com o pedaço de madeira deu outro golpe no pescoço, causando hemorragia”, disse o delegado. Os golpes finais foram duas incisões na barriga e no útero com lâminas de gilete para retirar a criança, colocá-la em um pano e uma caixa e seguir a pé até encontrar um táxi e ir para casa, de onde ligou para os bombeiros, que cortaram o cordão umbilical e a levaram ao hospital. 

Reconstituição 

Depois da prisão de Gilmária e de um andarilho que morava no local onde o corpo de Patrícia foi encontrado, a polícia fez a reconstituição. O terreno abriga uma antiga lavanderia, no Bairro Vale Verde, mais afastado do Centro de Ponte Nova. Para chegar ao andarilho Herly Marçal, de 39, que já tem passagem na polícia por furto, os investigadores encontraram um cupom fiscal de um supermercado da cidade e o identificaram pelas câmeras de segurança do estabelecimento. Ele nega participação no crime. A polícia também refez os últimos passos de Patrícia e descobriu, por meio de um cartão de ônibus, que ela havia ido ao Bairro Vale Verde. Testemunhas contaram que viram Patrícia na companhia de uma mulher com as características de Gilmária na região do crime. Na entrada do terreno abandonado, parentes, amigos e moradores da cidade se juntaram esperando respostas, enquanto acontecia a reconstituição. O namorado de Patrícia, Leandro Carlos Gomes Dias, de 30 anos, que trabalha como auxiliar de manutenção, disse que a namorada saiu de casa na sexta-feira para uma consulta de rotina do seu pré-natal e não deu mais notícias: “Quando acordei, ela já tinha saído e depois não consegui mais contato. Inicialmente, imaginei que o celular tivesse descarregado”. A Justiça de Ponte Nova decretou a prisão temporária de Marçal por 30 dias. A polícia aguarda agora a mesma decisão para Gilmária. O marido da assassina confessa foi ouvido e liberado, mas sua participação no crime bárbaro ainda não está descartada pela polícia. 

Crueldade abala moradores

A brutalidade cometida com a jovem Patrícia Xavier dominou a roda de conversas em Ponte Nova, ontem. Nas bancas de jornais, restaurantes, pontos de táxi e em qualquer esquina, as pessoas estavam perplexas com a crueldade. “Foi muito assustador pelo tamanho da violência que fizeram com ela. O que mais me assusta é que ela poderia estar viva quando a mulher cortou a barriga para tirar o neném”, lamentou Fabiana Costa, de 22 anos, que está desempregada. Caminhando com o filho de 2 anos no colo, ela disse que se lembrou de sua própria gravidez: “Eu me coloquei no lugar da Patrícia e pensei que poderia ter sido eu a vítima. Ninguém consegue acreditar nessa barbaridade”. O eletricitário Giovani Roncali Alves, de 43, afirmou que é difícil imaginar um crime com tamanha crueldade. “Aqui em Ponte Nova, estamos acostumados com crimes motivados por drogas. Essa história está muito esquisita”. Na Escola Estadual Coronel Cantídio Drumond, que fica em frente à Delegacia de Ponte Nova, as professoras Lucimar Maia, de 45, e Andréa Almeida, de 43, liberaram os alunos mais cedo, para evitar aglomeração na porta da delegacia na saída dos alunos. “A gravidez é quase sagrada. (O crime) é uma violação que ultrapassa qualquer limite de direitos humanos”, protestou Lucimar. “Ponte Nova está completamente chocada; essa situação diminui muito o ser humano”, acrescentou Andréa. 

Casa montada para receber o bebê

Há exatamente uma semana, um sentimento de alegria estava espalhado pela casa da empregada doméstica Ivânia Xavier da Silva Gonzaga, de 37 anos, moradora do Bairro Cidade Nova, em Ponte Nova. Primogênita de seus cinco filhos (três mulheres e dois homens), Patrícia ajudava a preparar os docinhos para comemorar o aniversário de um ano da primeira neta de Ivânia, filha de de sua irmã. Na cabeça da jovem, certamente aquele momento se repetiria em breve, pois o pequeno Bernardo já estava em sua barriga com nove meses. Com a casa toda montada aguardando a chegada do bebê, o namorado de Patrícia, Leandro Carlos Gomes Dias, de 30 anos, auxiliar de manutenção, afirma que está dividido por um sentimento de tristeza pela perda da companheira, mas de alívio por saber que a criança foi resgatada e está bem. “Só tenho lembrança boa da Patrícia. Mulher tranquila companheira, carinhosa, não dormia sem colocar a perna em cima de mim. Falava que queria tirar carteira de moto e viajar para BH”, contou. Revoltada, uma tia da jovem não acreditava na tragédia. “Acabou a nossa vida. Como alguém pode fazer isso com quem nunca fez nada de mal para ninguém? Ela guardava uma máquina fotográfica na bolsa, para não perder a foto do primeiro dia de Bernardo, que estava quase nascendo”, desabafou Flávia Xavier da Silva, de 33. 

Entrevista: Ivânia Xavier, de 37 anos, mãe de Patrícia, pretende criar o neto

Como era Patrícia como filha? 

Era uma ótima filha, muito companheira. Ela queria reformar a casa, viver com o neném, construir uma família. Quando completou 18 anos, correu atrás de um emprego. Era uma menina cheia de sonhos, pronta para começar uma vida. 
A senhora pretende criar a criança? 
Sim, quero que ele fique comigo. Quero dar todo o amor possível para o meu neto, porque a minha filha foi tomada de mim. O que eu não pude fazer para ela, vou fazer para ele. Quero que fique esse pedaço, porque o outro já levaram.
 
Por que a senhora acha que sua filha foi vítima dessa barbaridade? 

Não consigo pensar em nada que possa explicar uma coisa dessas. Quero escutar essa mulher falando porque fez isso, já que ela também tem filhos. Espero que a Justiça de Deus seja feita. 

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