terça-feira, 1 de setembro de 2015

Ações de combate ao barbeiro são intensificadas em Petrolina, no Sertão

No Norte, condições inadequadas de processamento e preparo de alimentos fazem com que o inseto barbeiro (Triatoma infestans e suas variáveis) ou suas fezes contendo o parasita Trypanosoma cruzi sejam ingeridas, levando à contaminação. (Foto: Wiki Commons )A doença de chagas é transmitida pelo barberio
(Foto: Wiki Commons )
Os Agentes de Combate às Endemias de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, intensificaram nas últimas semanas as ações de combate ao barbeiro, inseto transmissor da doença de chagas. Das 20 áreas da Zona Rural da cidade, classificadas como prioritárias para receber à visita dos profissionais, 14 já foram vistoriadas. A próxima etapa para as comunidades que já foram inspecionadas, é a borrifação nas casas onde o inseto foi encontrado. A expectativa é de que os trabalhos sejam realizados até o mês de dezembro.

Segundo o gerente de endemias do município, Jailson Araújo, durante a primeira etapa é feita uma vistoria nas residências para verificar a presença do barbeiro. “Nossa equipe é treinada e já sabe os locais onde o inseto costuma ficar. Procuramos embaixo de colchão, atrás de quadros, móveis, chiqueiros de galinha, nas frestas das casas de taipa. São nesses locais onde eles costumam ficar. E quando não achamos o barbeiro, conseguimos identificar vestígios do inseto”, explicou.

Em caso positivo, o inseto é enviado para o laboratório onde será realizado o exame para saber se está ou não infectado. “Nós fazemos a coleta e o barbeiro é examinado. É feita a classificação da espécie, o sexo, a idade, se é adulto, além do exame do intestino para saber se as fezes têm o protozoário”, detalha o gerente. Este ano, apenas um caso deu positivo na localidade de Serra da Santa.

Se o barbeiro estiver infectado com o protozoário da doença de chagas, os agentes de endemias realizam o encaminhamento para a equipe de saúde que irá prestar a assistência necessária. Os profissionais ainda fazem a sorologia, coletando o sangue de todos os moradores da casa para saber se algum foi infectado. Se houver, é feito o encaminhamento para o serviço de referência.

Mapeamento
As 20 localidades foram selecionadas pela Secretaria do Estado de Pernambuco, por serem consideradas áreas com maior incidência para proliferação do barbeiro. “O estado tem um banco de dados baseado em pesquisas anteriores. Como um dos critérios, eles escolhem as áreas que já apresentaram resultados positivos. Mas, isso não quer dizer que vamos fazer somente esses locais. Nós observamos a necessidade de fazer o trabalho em outras regiões. Então, nós ampliamos o raio porque verificamos a importância”,  disse Jailson.

As localidades atendidas são: Pau Ferro, Izacolândia, Lajedo, Caldeirão II, Capim, Olho d’ Água da Bela Vista, Serra da Santa, Santa Fé, Barra Franca, Romão, Cruz, Simpatia, Boa Vista I, Muquém, Terra Nova, Picos, Serrote do Urubu, Poço da Cruz, Nova Descoberta e Rajada.

Equipe intensifica fiscalização de combate a doença de Chagas em Muzambinho. (Foto: Reprodução EPTV / Michel Diogo)Fiscalização de combate a doença de Chagas. (Foto: Reprodução EPTV / Michel Diogo)
Combate ao barbeiro

A segunda parte do trabalho consiste na borrifação. “A partir do dia 11 de setembro vamos realizar a borrifação nas 14 localidades já visitadas. Como as outras áreas são muito grandes, preferimos fazer  por etapas e vamos logo contemplar essas regiões. Até porque, a população fica apreensiva esperando a borrifação para interromper o ciclo de transmissão da doença”, argumenta Jailson Araújo. 

Apesar de todo o trabalho realizado pelos agentes de endemias, Jailson destaca que é comum encontrar o inseto na Zona Rural do município. “De 50 casas que visitamos, no mínimo 10 estão infectadas. A positividade é de 20%”, ressalta o gerente.

Doença

Ainda de acordo com Jailson Araújo o número de casos da doença de chagas na região ainda é grande.”Infelizmente é difícil o diagnóstico na fase inicial porque os sintomas são semelhantes aos de outras patologias e essas pessoas não procuram os sistemas de saúde. Quando se descobre, já está na fase crônica, com o comprometimento dos órgãos. Os registros oficiais ainda são poucos, mas, extraoficialmente, sabemos que é muito maior”, garante.

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