A votação para escolha dos
integrantes da comissão especial da Câmara dos Deputados que analisará o
pedido de abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma
Rousseff será secreta, informou a Secretaria-Geral da Casa, horas antes
da eleição marcada para esta terça-feira.
Segundo
a Secretaria-Geral, a eleição dos 65 membros da comissão por meio de
votação secreta baseia-se em dispositivo do regimento interno da Casa. A
decisão pode atrapalhar o governo, que trabalha por uma composição
favorável no grupo que analisará o pedido.
O
adiamento da eleição dos membros da comissão, antes prevista para
segunda-feira, levou líderes da base governista a acusarem o presidente
da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de realizar uma "manobra" em conluio
com a oposição.
A
expectativa inicial era que os 65 membros da comissão especial fossem
apontados pelos líderes de bancadas de cada partido de acordo com o
número de vagas para cada legenda, mas a oposição e dissidentes da base
governista pretendem apresentar uma chapa alternativa para disputar a
composição do colegiado.
O
vice-líder do PT, deputado Henrique Fontana (PT-RS), criticou a escolha
por votação secreta, e não descartou que o assunto seja levado ao
Judiciário.
“Eu acredito que
a votação secreta é uma vergonha para o Brasil”, disse a jornalistas.
“É um desrespeito à democracia representativa no Brasil.”
Para
a oposição, a decisão está respaldada pelo regimento interno. Segundo o
líder do PPS, Rubens Bueno (PPS-PR), a votação secreta foi sugerida na
segunda-feira ao presidente da Casa durante reunião de líderes.
"Neste caso o regimento fala, a eleição vai se dar pelo voto secreto de cada parlamentar”, afirmou Bueno.
Cabe
à comissão especial elaborar um parecer sobre a abertura de processo de
impeachment de Dilma. O parecer da comissão precisa ser referendado
pelo plenário da Câmara e, caso 342 deputados votem favoravelmente ao
processo, Dilma será afastado por 180 dias da Presidência até que o
Senado a julgue e decida sobre o impedimento. Durante esse período o
vice-presidente Michel Temer, que também preside o PMDB, assume a
Presidência.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)
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