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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

PRECISAMOS FICAR DE OLHO NA CHINA


As ações chinesas foram agitadas com as notícias e finalmente fecharam em queda.

Pelo segundo dia consecutivo, o governo chinês desvalorizou sua moeda diante do dólar. O yuan, ou remninbi, caiu 3,5% desde terça-feira e atingiu hoje seu patamar mais baixo nos últimos quatro anos, 6,43 por dólar. Mais importante que o nível da desvalorização é o sinal que ela envia. Embora o Banco Central da China tenha afirmado em comunicado que “nada justifica atualmente uma depreciação sustentada do Yuan”, a medida terá um efeito sobre os mercados globais que contribui para agravar ainda mais a crise econômica brasileira.


O principal fator responsável pelo crescimento do Brasil durante a era Lula foi a alta das commodities exportadas para todo o mundo, sobretudo para a China. A crise de 2008, a queda no preço das commodities e a política desastrada adotada no primeiro governo Dilma nos trouxeram à recessão atual. Olhar para a economia chinesa é fundamental para nós. A China é hoje o maior parceiro comercial do Brasil, destino de R$ 40,6 bilhões de dólares em exportações e origem de US$ 37,3 bilhões em importações. Seu efeito nos mercados globais é gigantesco, e o poder de compra do 1,2 bilhão de chineses é encarado como um dos motores do crescimento da economia mundial.



O objetivo da política cambial chinesa sempre foi estimular a exportação de seus produtos para fortalecer o crescimento econômico e o emprego local. Foi a cotação baixa do yuan que levou dezenas de indústrias americanas a instalar-se na China e a transformou o país num sorvedouro de empregos. Até 2005, o yuan era mantido artificialmente baixo, a uma cotação de 8,28 por dólar. Na ocasião, o governo chinês aceitou sob pressão deixar a moeda apreciar-se, e seu valor subiu cerca de 30% desde então, até 6,33 por dólar. Isso não impediu que, nesse período, as exportações chinesas crescessem de US$ 761 bilhões para US$ 2,3 trilhões, no ano passado.



Agora, o cenário mudou. Em julho, as exportações chinesas foram 8,3% menores do que no mesmo período do ano passado. As previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a economia chinesa estão hoje muito distantes do crescimento de dois dígitos comumente registrados até 2010. O FMI estima que a China crescerá 6,8% em 2015 e 6,3% em 2016. Na semana passada, o FMI também afirmou que, por causa do controle cambial, o Yuan ainda não estava maduro para fazer parte de uma cesta de moedas globais  que podem ser usadas como reserva e para transações com o fundo (a cesta inclui dólar, euro, libra esterlina e iene).



Com reservas cambiais hoje em torno de US$ 3,5 trilhões, seria fácil segurar a cotação do yuan e o poder de compra da população. Mas isso significaria mais desaceleração no crescimento. Desde o início do ano, a tensão nos mercados chineses é palpável. O mercado acionário local, inflado artificialmente por uma mania, atingiu seu ápice em 12 de junho, quando começou a sofrer uma sucessão de quedas bruscas. As ações desvalorizaram 32%, enquanto o governo tomou uma série de medidas para tentar conter a saída de dinheiro das bolsas e manter as cotações em alta. O pânico passou, mas as reservas chinesas caíram US$ 300 bilhões.



Todo esse quadro colocou o governo chinês diante de um dilema. Há duas alternativas para voltar a crescer. A primeira, mais fácil, é fortalecer as exportações com a desvalorização. Nesse caso, o crescimento continua a ser movido pelo mercado externo – e representa fuga de empregos dos Estados Unidos, da Europa e também do Brasil. A outra alternativa seria manter a moeda forte para incentivar o consumo e o mercado interno. É um caminho mais sustentável, embora represente mais desemprego no primeiro momento e uma queda nas reservas chinesas em dólar.



A China tem altos níveis de poupança e investimento. Ergueu em menos de dez anos a maior rede de trens de alta velocidade do mundo. Pequim está construindo o sétimo rodoanel (atenção, paulistas: sétimo!). O que falta por lá é aquilo que o Brasil teve de sobra nos anos Lula: consumo via crédito fácil. Isso só seria possível com um mercado financeiro aberto e menos controle do governo. Ao desvalorizar o yuan, a China afirma atender à demanda do FMI e do mercado, que gostariam que a moeda flutuasse livremente. Mas isso é ilusório. O controle do câmbio continua a ser artificial, e o governo quer manter suas reservas em alta como forma de pressão sobre os Estados Unidos. 


A revista britânica The Economist, diz que a China tenta equilibrar vários pratos ao mesmo tempo: “Quer se transformar de uma economia baseada em investimentos, para um modelo baseado em consumo, sem deixar o crescimento cair. Quer deter a especulação nos ativos, sem prejudicar sua indústria. Quer participar dos mercados, sem ser atingida pela volatilidade. Quer expandir o setor financeiro, sem sofrer o influxo de capital especulativo que desestabilizou a Ásia no final dos anos 1990”. É uma tarefa complicada, e os sinais serão necessariamente ambíguos. A consequência, como afirma Patrick Chovanec na Foreign Policy, será menos crescimento na Europa e nos Estados Unidos, e um ajuste ainda mais doloroso para países como o Brasil.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Brasil corre o risco de perder o título de grau de investimento

Valorização do dólar é um dos principais impactos para o brasileiro / Guga Matos/JC Imagem

Valorização do dólar é um dos principais impactos para o brasileiro

Em 2008, o Brasil entrou para o grupo de países confiáveis para os investidores, aos olhos do mercado internacional. Naquele ano, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) concedeu ao País o título de grau de investimento, certificando o baixo risco de inadimplência da economia local. No ano seguinte, as agências Moody’s e Fitch Ratings também incluíram o Brasil no rol de “porto seguro” para investidores. Sete anos após a entrada do Brasil nesse “time de elite”, o mercado vive o temor de assistir o País ter sua nota de crédito rebaixada e perder o grau de investimento. De consumidores a empresários, todos estão assombrados com os efeitos da crise política sobre a economia. No final de julho, a S&P provocou rebuliço no mercado, quando revisou a nota brasileira com perspectiva negativa. Hoje a nota está no limite e, se for rebaixada, o Brasil perde o investment grade. Em comunicado, a S&P destacou que as investigações de corrupção impactam os cenários político e econômico do País.
“Não precisa ser especialista em economia para entender que o Brasil não vai bem. Diante das dificuldades nos campos político e econômico, os investidores estão pensando duas vezes antes de aportar dinheiro aqui. Se o País perder o grau de investimento, essa condição adversa estará sacramentada”, diz o estudante de engenharia elétrica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Pedro Cavalcanti, 22 anos. Ele está sentindo, na prática, um dos efeitos que o rebaixamento terá na vida do brasileiro. Reveses políticos e econômicos impulsionam a escalada do dólar e a desvalorização do real frente a moedas estrangeiras. A perda do investiment grade vai afugentar os investidores, diminuir a circulação de dólares no País e supervalorizar a moeda por falta de oferta.
“Vou passar um ano na Brunel University, em Londres, pelo programa Ciência sem Fronteiras. Há quatro meses a libra estava na casa dos R$ 4,60 agora bateu os R$ 5,70, enquanto o dólar também vive uma escalada. Estava me programando para viajar com 2 mil libras, mas com essa desvalorização do real, o dinheiro vai encolher”, lamenta.
O economista da Guide Investimentos, Ignacio Crespo Rey, explica que a alta do dólar e a queda das ações na Bolsa de valores são os principais efeitos práticos na vida do brasileiro. “Traduzindo para o dia a dia, a perda do grau de investimento pode significar saída de recursos estrangeiros do País. Isso faz com que o real perca valor frente ao dólar, encarecendo as importações, inflacionando os preços de vários produtos e tornando mais caras viagens ao exterior e as dívidas na moeda. A queda das ações também é outro impacto relevante, obrigando os investidores a venderem seus ativos”, observa.
As agências de viagem já convivem com a redução das vendas de pacotes internacionais, diante da desvalorização do real. “Esse impacto foi mais relevante nas vendas para as classes B e C. Nessa fatia de mercado, a queda foi de 30%”, calcula Paulo Guilherme, da PontesTur, agência de viagem prestes a completar 29 anos de atuação em setembro. Dos 15 mil bilhetes que a agência vende por mês, 20% são para destinos turísticos no exterior.
O economista do Conselho Federal de Economia em Pernambuco, Fábio Silva, alerta para o impacto do aumento progressivo da cotação do dólar para as empresas. “Companhias que se financiam emitindo títulos no exterior também terão seus problemas agravados com uma possível perda do grau de investimento. Isso porque terão mais dificuldade em captar recursos, além de enfrentar restrições de prazos e aumento de custos. É um processo semelhante ao que acontece com um banco que empresta ao cliente, mas aumenta as exigências de garantias”, compara.
A crise política entre o governo Dilma Rousseff e o Congresso Nacional agravou as incertezas sobre os rumos do País, dificultado a implementação do tão aguardado ajuste fiscal. Enquanto o impasse não se resolve, o País acumula indicadores negativos. O dólar está nas alturas, a Bolsa em queda, a inflação registrando alta de 9,56% em 12 meses, o governo precisa de receita extra pra fechar as contas, a poupança tem o pior julho em 20 anos. “Duas ações precisam ser imediatas para evitar o rebaixamento do Brasil pelas agências de risco: ter um governo mais forte em termos políticos e votar o ajuste fiscal para melhorar a saúde das contas públicas. Esses avanços vão reverter a trajetória de piora das notas, que já vêm piorando desde novembro de 2011”, observa Crespo Rey. Baixo risco depende de previsibilidade.

Fonte: Editoria de Economia JC

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Dólar volta a subir tem maior nível em 12 anos

Em mais um dia de instabilidade no mercado financeiro, a moeda norte-americana voltou a subir e fechou no maior nível em 12 anos. O dólar comercial encerrou esta sexta-feira (24) vendido a R$ 3,347, com alta de R$ 0,051 (1,65%). A cotação está no maior nível desde 31 de março de 2003, quando o dólar fechou em R$ 3,355.
No meio da manhã, o dólar chegou a operar em leve queda, mas reverteu a trajetória e passou a subir fortemente nas horas seguintes. Na máxima do dia, por volta das 15h40, chegou a ser vendido a R$ 3,354. A moeda acumula alta de 7,66% em julho e de 25,89% em 2015.
Desde que a equipe econômica anunciou a redução para 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país) da meta de superávit primário (economia para pagar os juros da dívida pública), o dólar passou a subir. Segundo economistas ouvidos pela Agência Brasil, a possibilidade de o país perder o grau de investimento das agências de classificação de risco tem pressionado o câmbio.
Fatores internacionais também têm feito o dólar subir em todo o mundo. Nesta semana, os Estados Unidos informaram que o volume de pedidos semanais de auxílio-desemprego atingiu o nível mais baixo desde 1973. A recuperação da economia norte-americana abre espaço para que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) aumente, ainda este ano, os juros da maior economia do planeta. Juros mais altos nos Estados Unidos atraem capitais para países desenvolvidos, afetando economias emergentes, como a do Brasil.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Governo amplia corte no Orçamento para R$ 79,4 bilhões

Segundo Joaquim Levy, o governo está empenhado em garantir a disciplina fiscal e o controle da dívida pública / Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Segundo Joaquim Levy, o governo está empenhado em garantir a disciplina fiscal e o controle da dívida pública

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

A arrecadação abaixo das expectativas fez o governo ampliar em R$ 8,6 bilhões o contingenciamento (bloqueio) de despesas não obrigatórias no Orçamento deste ano. Segundo o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas, divulgado nesta quarta-feira (22) pelo Ministério do Planejamento, o corte passou de R$ 69,9 bilhões para R$ 79,4 bilhões.

O novo contingenciamento foi insuficiente para impedir que a equipe econômica reduzisse para 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país) a meta de superávit primário para 2015. O superávit primário é a economia para pagar os juros da dívida pública.
Sem o corte adicional, o governo teria de reduzir a zero a meta de esforço fiscal ou até encerrar o ano com resultado primário negativo. Para chegar ao novo valor contingenciado, a equipe econômica diminuiu a estimativa de receita em R$ 46,7 bilhões e aumentou a previsão de despesas obrigatórias em R$ 11,4 bilhões.
Segundo o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o governo está empenhado em garantir a disciplina fiscal e o controle da dívida pública. “Há um contingenciamento adicional, uma ação bastante significativa, revelando compromisso com disciplina fiscal do governo, o que é essencial para o relançamento da economia”, disse.