Seu nome de batismo é Carlos
Augusto Amariz Gomes. O pai, José Mariano Gomes, era funcionário público. Da
estirpe de vaqueiros e do sangue espanhol da mãe, Joana Amariz Gomes, herdou o
gosto pelas coisas do sertão. É casado com Francisca Mousinho Gomes, que deu a
ele quatro filhos: Marcelo Augusto, Rodrigo Luis, Maíra e Carla. Netos, por
enquanto. “Sou de uma família de vaqueiros. Herdei do bisavô, o nome Carlos, do
avô herdei o Augusto, ambos eram vaqueiros”, diz o radialista.
Carlos Augusto iniciou a
vida de comunicador no Serviço de Auto Falantes Brasil Publicidade, de Manoel
Alves Sibaldo, o “Menininho”, em Petrolina, isso lá pelos anos de 1962. Nunca mais largou o microfone.
Depois, ao lado do padre Mansueto
de Lavor, a convite do bispo Dom Antonio Campelo de Aragão, fundou a Emissora
Rural, “A Voz do São Francisco”. Alvorada Alegre, Forró no Balundeiro e Forró
na Cuia Grande, foram alguns dos programas que apresentou na Emissora Rural.
Não demorou muito, topou
outro desafio: implantar a Rádio Grande Rio, do Grupo Coelho. Na nova emissora,
lançou o Forró do Povo, que logo virou um sucesso.
Fiel ao ditado “cobra que
pode vive do seu veneno”, foi à luta e comprou seu espaço na emissora. Apesar
de ser obrigado a pular da cama cedinho, para ir trabalhar na rádio, confessa
que jamais se acostumou com isso: “Gosto de dormir até tarde”, afirma. Não é
raro ele ser acordado cedinho, pelas duas ou três da manhã, por um telefonema
de um ouvinte, pedindo para comunicar um nascimento, ou, mesmo, um falecimento,
durante o programa. Atende a todos. “A vida e a morte são as maiores
comunicações do rádio”, ensina.
Longe dos microfones, um de
seus orgulhos é o título de tetracampeão da cidade, conquistado pelo América
Futebol Clube, quando era presidente. Entre os anos 1989
a 1992, foi vice-prefeito de Petrolina, na gestão de
Guilherme Coelho.
Amigo de Luiz Gonzaga, até
hoje se emociona ao recordar um fato que considera inusitado, durante homenagem
de Petrolina ao imortal “Rei do Baião”. Milhares de pessoas estavam nas ruas.
Para lembrar a música “Asa Branca”, foi feita uma revoada de pombos.
Emocionadas, as pessoas ergueram as mãos para o alto. Uma das pombinhas, em vez
de voar para a liberdade, inventou de pousar justo na mão de Carlos Augusto.
“Só de pensar, fico arrepiado”, confessa. Seriam ‘coisas’ do Luiz? Carlos não
nega, também não descarta.
Em 1967, revitalizou a
Festa do Vaqueiro, de Petrolina, que todos os anos reune centenas de vaqueiros.
No início da década de 1970, para chamar a atenção contra a matança
indiscriminada que estava dizimando o jegue, animal símbolo do sertão, lançou
em seu programa na Rádio Rural a ideia de se realizar uma corrida de jegues.
No início, foi motivo de chacota.
Muita gente na cidade torceu o nariz, dizendo que não ficaria bem para uma
cidade como Petrolina, ter uma corrida de jegues, “uma coisa provinciana”.
Obstinado, Carlos foi em frente e em 1972 realizou a 1ª Jecana, uma incrível
“Gincana de Jegues”. Quando a imprensa do Recife, do Rio e de São Paulo elogiou
a iniciativa, os críticos silenciaram.
Todos os anos, a Jecana
atrai milhares de pessoas, da cidade e regiões vizinhas, para participar da
festa. São três dias de uma divertida mistura de futebol, corrida de jegues e
burros, desfile de animais a fantasia, comida sertaneja e muito, muito forró
até a madrugada. A festa faz parte do calendário turístico da cidade.
Apesar do sucesso da
Jecana, Carlos lamenta o fato de ainda pairar sobre o jegue o fantasma da
extinção. Por isso, prega quase como uma idéia fixa a criação desses animais de
forma produtiva, para que sua carne seja exportada a países onde é muito
apreciada, como o Japão, por exemplo, o que geraria divisas para o país e
emprego para o nordestino. E, principalmente, evitaria a extinção do jegue,
hoje um animal “sem serventia”, que, substituído pela moto como meio de
transporte, vive abandonado na beira das estradas, causando – sem querer –
acidentes muitas vezes fatais.
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Depois da
termporada de eventos com a Jecana do Capim, Forró da Espora e fechando com a 71ª
Missa do Vaqueiro 2012. Carlos Augusto recebeu em sua residência amigos e
conhecidos.
Com o
tradicional pirão de bode, no qual queremos parabenizar a este guerreiro homem
de luta pelo idealismopelo mundo justo.
Fonte: Durvalina Coelho