No depoimento sigiloso à CPI do Cachoeira, o delegado Raul Alexandre
Souza revelou uma faceta violenta do grupo de Carlinhos Cachoeira,
citando "uma ampla sorte de crimes de natureza grave". Segundo o
delegado, Cachoeira mandou sequestrar e grampear pessoas do seu grupo
para punir traições.
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Conforme o delegado, os executores do crime foram o policial militar
Jairo Martins de Sousa e o terceiro sargento da Aeronáutica Idalberto
Martins de Araujo, o Dadá. "Ambos ligados a atividades de inteligência
de suas corporações." A Folha não os localizou ontem para comentar o assunto nem seus advogados.
Dadá, afirmou o delegado, "chega a mencionar em ligação telefônica que
trabalhava para Cachoeira há mais de dez anos", o que comprovaria a
relação profissional entre os dois. Esses fatos, informou o delegado na
CPI, podem configurar ameaça, sequestro e cárcere privado e lesão
corporal.
O delegado relatou ainda que após um assalto a casa de um de seus
gerentes, Cachoeira "faz contatos, entre outros, com delegado da Polícia
Civil e orienta as investigações visando identificar os assaltantes" e
"se empenha junto a comparsas que exercem cargos públicos para quebra de
sigilo funcional de seus próprios funcionários com o intuito de
verificar se algum deles pode ter envolvimento no assalto." O delegado
afirmou que trata-se de violação criminal a lei de interceptação
telefônica.
O senador José Pimentel (PT-CE) questionou o delegado sobre o sequestro.
"Dadá e Jairo abordam um funcionário e o Cachoeira manda dar uma
prensa, dar um pescoção nele. A gente temeu muito pela vida dele",
detalhou o delegado. Conforme o delegado, o funcionário foi solto porque
uma pessoa próxima a Cachoeira interfere "e consegue garantir a
integridade desse funcionário que foi sequestrado".