De 13 áreas com areia frequentadas por crianças na cidade, apenas uma, na Urca, Zona Sul do Rio, não representa risco para a saúde. As demais têm índices de coliformes muito acima do limite recomentado, segundo estudo feito pela Fiocruz, a pedido da Comissão pelo Cumprimento das Leis da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, a chamada “Comissão do Cumpra-se!”.
O resultado das amostras coletadas e analisadas pela Fiocruz foi apresentado em ato público pelo presidente da Comissão do Cumpra-se!, deputado Carlos Minc (PT), na Praça do Leme, Zona Sul do Rio, uma das mais contaminadas entre as analisadas. Na pracinha onde crianças brincam, entre elas alunos de uma escola municipal em frente, a areia dos locais com sombra apresentara um índice de coliformes de 2.200, quando o limite recomendável é até 138,44 UFC/g (unidade formadora de colônias por grama).
Cachorros circulam pela praça ao longo do dia, e mendigos à noite, usam a praça como banheiro. Fezes de cachorros, de pombos e de moradores de rua, segundo a pesquisa, são as maiores fontes de contaminação das áreas analisadas.
A única areia aprovada para a saúde entre as analisadas é a faixa de areia seca da Praia Vermelha, na Urca, ao lado da Creche Municipal Gabriela Mitral, com apenas 30 UFC/g de coliformes, uma classificação ótima segundo especialistas.
Mas é na própria Praia Vermelha que os técnicos encontraram o local mais contaminado entre os pesquisados: na creche do horto, a areia tem 2.500 UFC/g de coliformes. Na pracinha com brinquedos e no labirinto, o índice fica em 2.000 UFC/g.
O Bosque da Freguesia, na Zona Oeste, apresentou altos níveis de coliforme, fungos e parasitas. Em outro lado da cidade, em uma área carente da Zona Norte, na Tijuca, no Morro do Borel, uma creche pública também apresentou altíssimos índices de contaminantes. Outra área degradada é a Praça Saens Peña, de acordo com o estudo. Veja na tabela o grau de contaminação dos locais pesquisados. O estudo pesquisou a presença de coliformes, escherichia coli e fungos.
Segundo o estudo, os resultados caracterizam uma situação de alerta à saúde dos frequentadores, sujeitos a contrair doenças como toxicoplasmose, candidiose e asccariadise, uma vez que mais de 90% das amostras coletadas foram negativas. Os sintomas são os mais diversos como dor abdominal, micose, sapinho, diarreia aguda.
“A contaminação da areia desses espaços é profundamente danosa à população, principalmente para as crianças, que, brincando, levam a mão à boca. As doenças diarréicas são umas das principais causas de óbito de crianças até 2 anos de idade. É a população de maior risco”, disse o médico e especialista Luiz Roberto Tenório, que participou do ato público.
Com o resultado das amostras indicando risco de contaminação por doenças graves, Minc disse que pretende aprovar na Alerj projeto de lei que obriga o monitoramento semestral da qualidade da areia dos locais destinados ao lazer e à recreação, além de obrigar seus responsáveis a fazer o tratamento, a limpeza e a conservação da areia, para prevenir a proliferação de agentes transmissores de doenças.
A especialista da Fiocruz Adriana Sotero disse que os níveis contaminantes encontrados nos locais são assustadores.
“Existe a Lei Orgânica do município do Rio que fala sobre isso, mas não existe lei específica para creches e praças. O projeto normatizaria os padrões, principalmente de qualidade, que poderiam colocar em risco a saúde da população, principalmente de crianças, expostas a contrair bicho geográfico, que perfura a camada superficial da pele”, disse.
Minc disse que apesar de a Praça do Leme estar numa área nobre do Rio, os pais das crianças e seus responsáveis não têm a menor ideia do grau de contaminação.
“As autoridades também não. Não há prevenção, e é um risco para a criançada contrair inúmeras doenças. Com o projeto de lei, vamos informar, monitorar, prevenir e ter um padrão de referência. E quem descumprir, receberá multa, podendo até ocorrer a interdição do local", afirmou Minc
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