Prestes a completar quatro meses de idade, um bebê de Petrolina, no Sertão pernambucano, continua a espera de uma cirurgia para correção da uretra. A criança já esteve internada mais de 15 dias no Hospital Dom Malan de Petrolina e foi encaminhada para o Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira (IMIP), em Recife. Contudo, a cirurgia não foi feita e a unidade não estabeleceu uma previsão de realização. O motivo informado foi a danificação do equipamento necessário para este tipo de procedimento cirúrgico.
O bebê nasceu com "hidronefrose à direita por válvula posterior da uretra" que é uma dilatação do rim causado pelo acúmulo de urina, aos dois dias de vida, passou por uma cirurgia para poder drenar a urina pela bexiga. Entretanto, a criança já teve sucessivas infecções. Neste período, o bebê apresentou ainda uma queimadura no pé, após a aplicação de uma medicação, e a família aponta que foi vítima de erro médico, prestando Boletim de Ocorrência (B.O) e recorrendo a ouvidoria do hospital.
A mãe Francisca Luciano Braz disse que o bebê foi enviado no dia 6 de agosto em uma ambulância pelo Hospital Dom Malan para o IMIP em Recife. “Meu filho ficou dois dias no isolamento do hospital e depois foi para o quarto andar, local das cirurgias. Mas o médico de lá me disse que não tinha como fazer a cirurgia dele e teria que dar alta. Ele perguntou o porquê de Petrolina ter me enviado, pois a situação do hospital é precária e há oito meses o aparelho da correção da uretra está quebrado”, explica.
Segundo Francisca, a unidade de saúde também desconhecia a queimadura no pé do bebê e nos primeiros dias não ofereceu o tratamento para a enfermidade. “Eles não sabiam do pé e então só depois deram os antibióticos para ele ficar bom. Já a cirurgia ficou certo que com um ano de idade ele faria. No dia 13 de agosto, ele teve alta e voltamos para Petrolina”, conta.
Para dar continuidade ao tratamento, no dia 23 deste mês, o bebê retornou pelo Tratamento Fora de Domicílio (TFD) a capital do estado para uma nova consulta. “O médico disse que ele precisa fazer a cirurgia pelo risco de novas infecções, mas não tem previsão de quando vai ser, não sabe se vai ser com um ano ou mais. Além disso, soube cerca de cinco crianças que estão nessa mesma situação”, destaca.
A próxima consulta ficou agendada para 4 de janeiro no IMIP em Recife. Contudo, a mãe teme a piora do filho e cobra um retorno preciso do hospital. “Ele está melhor da infecção e o pé está melhorando também. O médico deu uma requisição para o cirurgião plástico para tratar do pé. Mas não conseguimos uma consulta, porque tem que ser avaliado se vai ser preciso enxertar carne de outro lugar para colocar no pé dele, para que ele não perca os movimentos. Ele está em casa agora, e uma pequena parte da bexiga fica para fora e por um cateter sai a urina. Já a cirurgia, não deram nenhuma resposta, só existe incerteza”, relata.
O médico nefrologista, Caio Petrola, sobre a realização de cirurgia no caso do bebê com hidronefrose. "O hospital pode fazer a desobstrução sem o aparelho, colocando a sonda direto na bexiga e quanto mais rápido fizer a cirurgia melhor para criança, porque se não a criança sempre vai ter dificuldade para urinar e tem riscos de infecção. Se não resolver logo, a criança pode desenvolver doença renal crônica e precisar de diálise no futuro. Tem hospitais que fazem até com o paciente prematuro, a regra é dar esse diagnóstico intra útero, o médico já tem essa desconfiança e quando a criança nasce é feito o diagnóstico", explica Petrola.
A direção do Hospital Dom Malan/IMIP disse em nota que foi realizada uma sindicância e a investigação não constatou erro médico durante a assistência prestada ao paciente.
Sobre a cirurgia, em nota, a assessoria do Hospital IMIP em Recife informou que está garantindo toda a assistência necessária para o paciente. Contudo não respondeu quando será feita a cirurgia do bebê e por qual motivo o procedimento ainda não foi realizado, e também não deu retorno em relação a marcação da consulta do cirurgião plástico para a criança.
Fonte: G1 Petrolina
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