domingo, 16 de agosto de 2015

Assassinos tinham armas de calibres usados por PMs e GCMs, diz IC

Instituto de Criminalística (IC) de São Paulo informou, neste sábado (15), que assassinos utilizaram armas de calibres 380, 38, 45 e 9 mm nos ataques que deixaram 18 mortos em Osasco e Barueri. A Polícia Civil já havia levantado a informação sobre o uso de armas restritas às forças de segurança nos crimes. Uma das possíveis motivações levantadas pelas investigações é a de vingança de PMs e guardas-civis pelas mortes de um policial e de um GCM, ambos de folga.
Segundo nota da Secretaria da Segurança Pública (SSP), projéteis daquelas armas foram encontrados em oito dos dez pontos onde ocorreram os crimes na quinta-feira (13). Os calibres 38 e 380 são usados pela Guarda Civil; o 9 mm, por integrantes da PF e das Forças Armadas. Policiais civis e militares de São Paulo usam em serviço munição calibre ponto 40, que não foi encontrada nas cenas dos crimes. Armas ponto 45, um dos calibres achados pelo IC, podem ser portadas por agentes de segurança de folga desde 2013.
Naquele ano, o Comando do Exército autorizou policiais militares, policiais civis e bombeiros a comprarem e portarem, para uso pessoal, pistolas de calibre ponto 45. A ponto 45 é também usada pela Polícia Federal como arma corporativa, nas ruas.
As Polícias Militares dos estados e do Distrito Federal, porém, continuam proibidas de usar o mesmo calibre no policiamento. Segundo o Exército, pela legislação, as armas de dotação das PMs no país são exclusivamente o revólver calibre 38 e a pistola ponto 40.
“Assim que o material dos últimos dois locais for periciado, o IC poderá concluir a análise conjunta e indicar quais as mesmas armas que foram utilizadas em diversos locais”, informa comunicado da SSP.
Osasco e Barueri receberam reforço de 83 policias militares e 43 viaturas após a série de ataques. De acordo com a SSP, os agentes das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), Força Tática e Comando de Operações Especiais (COE) patrulhavam as ruas dessas regiões neste sábado (15).
O governo de São Paulo determinou também a criação emergencial de uma força-tarefa,  para investigar a autoria dos crimes. A equipe montada pela SSP possui 50 policiais civis, sendo 30 do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro) e 20 do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). Serão 12 peritos e 8 médicos legistas. As delegacias de Osasco e Barueri também participam das investigações.
O Ministério Público estadual designou três promotores para acompanhar a investigação: Marco Antonio de Souza e Helena Bonilha, de Osasco, e Vitor Petri, de Barueri, todos do Tribunal do Júri.
Também acompanharão a investigação o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) – Núcleo São Paulo – e o Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial (Gecep).
Familiares batem palma no enterro de Eduardo Bernardino Cesar (Foto: Paula Paiva Paulo/G1)Familiares batem palma no enterro de Eduardo Bernardino Cesar (Foto: Paula Paiva Paulo/G1)
Enterros
A maioria das vítimas foi enterrada neste sábado (15). O G1 acompanhou nesta manhã o velório e sepultamento de seis pessoas no cemitério Santo Antônio, em Osasco. Presley Santos Gonçalves, de 26 anos, Deividson Lopes Ferreira, 26, Igor Silva Oliveira, 19, Jonas dos Santos Soares, 33, Eduardo Bernardino Cesar, 25, e Rodrigo Lima da Silva, de 17. Neste sábado também ocorreram enterros em Barueri, Itapevi, São Paulo, no litoral paulista e um no Piauí. Seis pessoas ficaram feridas.

Durante o velório e sepultamento, familiares das vítimas diziam-se revoltados com a falta de segurança em seus bairros e que seus parentes assassinados não tinham qualquer ligação com o mundo do crime.
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Um corpo é visto após uma série de ataques em ruas de Osasco, na Grande São Paulo, na noite de quinta-feira (13). Vinte e três pessoas foram baleadas em Osasco e outras três em Barueri. Os ataques aconteceram em 10 pontos diferentes dos dois municípios (Foto: Edison Temoteo/Futura Press/Estadão Conteúdo)Corpo é visto após série de ataques (Foto: Edison Temoteo/Futura Press/Estadão Conteúdo)
Vingança
Uma das linhas de apuração aponta para crimes de vingança que teriam sido cometidos por policiais militares. Os ataques seriam uma retaliação ao assassinato de um policial militar na semana passada em Osasco. O cabo Avenilson Pereira de Oliveira, de 42 anos, foi vítima de um assalto num posto de combustível, no último dia 7. Dois suspeitos do crime foram identificados pelo DHPP, que pediu a prisão deles à Justiça.

As execuções seguiram um padrão: homens encapuzados em carros e em motos desciam dos veículos perto de bares, perguntavam para as pessoas quem já havia tido ficha criminal e atiravam nelas. "Não descartamos nenhuma hipótese", disse o secretário Alexandre de Moraes.
18 vítimas
Os ataques começaram às 20h30 de quinta, em um bar no Jardim Munhoz Júnior, em Osasco, já perto do limite com Barueri. Quatro pessoas baleadas morreram no bar. Outras seis morreram pouco depois ao serem socorridas. Uma testemunha contou ao Bom Dia São Paulo como foi a ação dos criminosos.

"Chegaram dois carros com vários indivíduos, em frente ao bar. Não procuraram por ninguém. Chegaram aqui, bateram em todo mundo que eles viram e saíram correndo rapidamente, saíram rua abaixo e chegaram aqui embaixo, onde deram mais tiros em um pessoal que estava parado lá, também não acertou ninguém, mas foram embora", relatou a testemunha, que não quis se identificar.
Vários ataques ocorreram nas horas seguintes em outras ruas de Osasco: Moacir Sales D'Ávila, Suzano, Vitantônio de Abril e Professora Sud Menucci e nas avenidas Eurico Cruz e Astor Palamin. Segundo testemunhas, os ataques aconteceram até as 22h na cidade.
Já em Barueri, uma pessoa foi morta por volta das 22h15 na Rua Carlos Lacerda. Cerca de uma hora depois, outros dois homens foram assassinados a tiros na Rua Irene. "Esses dois indivíduos baleados estavam sentados tomando uma bebida quando pessoas saíram do carro e passaram a atirar contra eles", disse o sargento da PM Flávio Sabino.
Eles rendem algumas pessoas. há correria na hora dos tiros. Ao sair, os suspeitos seguem atirando.

Mortes em osasco V5 (Foto: Editoria de Arte/G1)

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