quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Justiça Federal aceita denúncia contra ex-diretor da Eletronuclear


Othon Luiz Pinheiro é acusado de receber R$ 4,5 milhões em propina e está preso em um quartel do Exército, em Curitiba. Ele estava afastado da Eletronuclear desde abril deste ano, após as primeiras denúncias de corrupção, e pediu demissão no início de agosto.
Othon Luiz participou, em 2011, de audiência no Senado para discutir o sistema de energia nuclear do país  (Foto: Antonio Cruz/ABr)Othon Luiz passa a ser réu na operação Lava Jato
(Foto: Antonio Cruz/ABr)
Veja os réus do processo e os crimes:

Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-diretor-presidente da Eletronuclear: organização criminosa, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, corrupção passiva e embaraço à investigação de organização criminosa.
Ana Cristina da Silva Toniolo, filha de Othon Luiz e representante legal da Aratec: evasão de divisas, lavagem de dinheiro, organização criminosa e embaraço à investigação de organização criminosa.
Rogério Nora de Sá, ex-executivo da Andrade Gutierrez: associação criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.
Clóvis Renato Numa Peixoto Primo, ex-executivo da Andrade Gutierrez: organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.
Olavinho Ferreira Mendes, ex-executivo da Andrade Gutierrez: organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.
Otávio Marques de Azevedo, executivo da Andrade Gutierrez, afastado da presidência da empresa após a prisão: organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.
Flavio David Barra, ex-executivo da Andrade Gutierrez: organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção ativa.
Gustavo Ribeiro de Andrade Botelho, executivo da Andrade Gutierrez: organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.
Carlos Alberto Montenegro Gallo, controlador da CG Consultoria: organização criminosa, lavagem de dinheiro e embaraço à investigação de organização criminosa.
Josué Augusto Nobre, titular e controlador da JNobre: organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Geraldo Toledo Arruda Junior, controlador da Deustschebras Engenharia: lavagem de dinheiro.
José Antunes Sobrinho, executivo da Engevix Engenharia: organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.
Cristiano Kok, presidente de Engevix Engenharia: organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.
Victor Sérgio Colavitti, controlador da Link Projetos: organização criminosa e lavagem de dinheiro.

 O advogado Helton Pinto, que representa Othon Luiz Pinheiro, mas ele não retornou às ligações. A Eletronuclear informou que Othon já não faz mais parte da empresa e por isso não iria se pronunciar sobre o caso.
A Andrade Gutierrez afirmou por nota que os advogados dos executivos e ex-executivos da da empresa "informam que as respectivas defesas serão feitas nos autos da ação penal, fórum adequado para tratar o assunto. E que não discutirão o tema pela mídia".
Também em nota, a Engevix informou que "forneceu informações ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal, permanecendo à disposição das autoridades competentes e do Poder Judiciário”.
A reportagem tenta contato com as defesas dos demais réus.
Acusações
O foco das investigações da 16ª fase da Lava Jato, deflagrada no dia 28 de julho, foram contratos firmados por empresas já citadas na operação com a Eletronuclear. A empresa foi criada em 1997 para operar e construir usinas termonucleares e responde hoje pela geração de cerca de 3% da energia elétrica consumida no país.

Conforme o MPF, a Andrade Gutierrez repassava valores para uma empresa de Othon Luiz, a Aratec, por meio de empresas intermediárias que atuavam na fase de lavagem de dinheiro – algumas reais, outras de fachada. O MPF sustenta que Othon Luiz Pinheiro recebeu R$ 4,5 milhões de propina.
Além do pagamento de propina, a 16ª fase da Lava Jato apura a formação de cartel e o prévio ajustamento de uma licitação para obras de Angra 3, que foi vencida pelo Consórcio Angramon – Andrade Gutierrez, Odebrecht,  Camargo Corrêa, UTC, Queiroz Galvão, EBE e Techint.
Angra 3 será a terceira usina nuclear do país e está em construção na praia de Itaorna, em  Angra dos Reis (RJ). Segundo as investigações, houve restrição à concorrência, por parte Eletronuclear, levando as empreiteiras do Consórcio Angramon a saírem vitoriosas.

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