segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017
ATIVIDADES PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
A criança com deficiência intelectual, assim como qualquer criança, deve pertencer ao ambiente escolar. A escola deve proporcionar a esta uma educação voltada as suas habilidade e não exaltar as suas dificuldades. Sabemos que para seu aprendizado se concretizar deveremos dar a ela um "tempo maior" oferecendo atividades ricas e que o levem a construir seu conhecimento. Segundo Vygotsky, as leis que regem o desenvolvimento da pessoa com deficiência mental são as mesmas que regem o desenvolvimento das demais pessoas. Aspecto este também presente nos processos educacionais (VYGOSTKY, 1997, 2003). Para ele, a criança cujo desenvolvimento foi comprometido por alguma deficiência, não é menos desenvolvida do que as crianças ‘normais’, porém é uma criança que se desenvolve de outra maneira.
As atividades propostas terão que partir de seu conhecimento para a construção de novos conceitos. Mas, muitas vezes a criança com DI não conhece “si mesma” não sabe distinguir suas características físicas e emocionais, não discrimina suas preferências. Pensando neste pressuposto devemos, a priori, oferecer atividades que favoreçam o conhecimento pessoal.
A Educação Física Transpondo as Dificuldades de Aprendizagem na (da) Escola.
1. ESCOLA, DIFICULDADES E DISTÚRBIO
A escola não é apenas aquilo que a lei lhe impõe. Ela é muito mais o produto das práticas diárias de seus professores, alunos, funcionários e pais e das relações que estabelece com o todo social. É um ambiente de ações e reações, onde ocorre o saber, o saber-fazer e o ser. É constituída por características políticas, sociais, culturais e críticas. Ela é um sistema vivo, aberto. E como tal, deve ser considerada como em contínuo processo de desenvolvimento influenciando e sendo influenciada pelo ambiente, onde existe um feedback dinâmico e contínuo.
É neste ambiente de produções e produto que se insere o professor, o educador, não como um indivíduo superior, em hierarquia com o educando, como detentor do saber-fazer, mas como um igual, onde o relacionamento ente ambos concretiza o processo de ensinar-aprender. Pensar no educador como um ser humano é levar à sua formação o desafio de resgatar as dimensões cultural, política, social e pedagógica, isto é, resgatar os elementos cruciais para que se possa redimensionar suas ações no/para o mundo.
Sendo assim tem uma função de realizar mediação entre o conhecimento prévio dos alunos e o sistematizado, propiciando formas de acesso ao conhecimento científico. Porém todo aluno tem o seu ritmo na construção do conhecimento e muitas escolas acabam desrespeitando este ritmo, através de grandes exigências. Contudo o desempenho escolar pode ser influenciado tanto por problemas afetivos, psicomotores, cognitivos, como por problemas relacionados à escola.
É muito discutida a questão do papel do professor na educação em relação aos alunos que apresentam "dificuldades de aprendizagem".
Sabemos que os problemas de aprendizagem não podem ser resolvidos apenas com os educadores. A escola é construída com a participação da família e do estado(professores). Quando um desses atores deixa de cumprir o seu papel, compromete o trabalho do outro.
Nas literaturas sobre aprendizagem, muito se tem discutido sobre distúrbios versos dificuldade de aprendizagem, ficando claro que não são sinônimos, apesar da diferença ser muito sutil entre os termos.
Esses distúrbios e dificuldades abrangem vários fatores, uma vez que envolvem a complexidade do ser humano, afetando crianças, adolescentes e adultos.
Acredita-se que podem ser decorrentes de:
Um estresse grande vivido pela criança
Doenças
Falta de alimentação
Falta de estímulos
Baixa auto-estima
Problemas com alcoolismo ou drogas
Problema familiar
Problema escolar
Problemas patológicos
O distúrbio está relacionado a um grupo de dificuldades com maior comprometimento e está vinculado a questões neurológicas e orgânicas. Isso significa que essas dificuldades estão relacionadas na aquisição e no uso da fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas que se referem às disfunções no sistema nervoso central.
Os alunos portadores de distúrbio de aprendizagem não são incapazes de aprender, pois os distúrbios não é uma deficiência irreversível, mas uma forma de imaturidade que requer atenção e métodos de ensino apropriados.
Considera-se que um alunos que tenha distúrbio de aprendizagem quando:
a) Não apresenta um desempenho compatível com sua idade quando lhe são fornecidas experiências de aprendizagem apropriadas;
b) Apresenta discrepância entre seu desempenho e sua habilidade intelectual em uma ou mais das seguintes áreas; expressão oral e escrita, compreensão de ordens orais, habilidades de leitura/compreensão e cálculo/raciocínio matemático.
Além disso, costuma-se considerar quatro critérios adicionais no diagnóstico de distúrbios de aprendizagem. Para que o aluno possa ser incluído neste grupo, ele deverá:
a) Apresentar problemas de aprendizagem em uma ou mais áreas;
b) Apresentar uma discrepância significativa entre seu potencial e seu desempenho real;
c) Apresentar um desempenho irregular, isto é, o aluno tem desempenho satisfatório e insatisfatório alternadamente, no mesmo tipo de tarefa;
Principais distúrbios de aprendizagem: dislexia, disgrafia, discalculia, dislalia, etc.
Já a dificuldade de aprendizagem é um termo mais global e abrangente com causas relacionadas ao sujeito que aprende, aos conteúdos pedagógicos, ao professor, aos métodos de ensino, ao ambiente físico e social da escola. Ou seja, problemas que não estão apenas no aluno, mas que interferem na sua aprendizagem.
"As dificuldades de aprendizagem não são uma condição ou síndrome simples, nem decorrem apenas de uma única etiologia, trata-se de um conjunto de condições e de problemas heterogêneos e de uma diversidade de sintomas e de atributos que obviamente subentendem diversificadas e diferenciadas respostas clínico-educacionais" (PORTO, 2005, p. 59)
Não podemos também deixar de considerar que as dificuldades de aprendizagem muitas vezes podem ocorrer concomitantemente com outras situações desfavoráveis, como: alteração sensorial, retardo mental, distúrbio emocional, ou social, ou mesmo influências ambientais de qualquer natureza.
Portanto, é imprescindível a observação global de um aluno, para que seja possível levantar hipóteses sobre a origem de sua dificuldade antes de se categorizar como sendo de ordem patológica ou não.
Uma dificuldade não é uma doença e sim um desafio, que propõe à escola rever suas estratégias e ao professor rever suas concepções.
É importante ter conhecimento sobre este assunto, para que seja possível tornar o professor mais consciente do seu papel e da influência de sua concepção e postura frente ao tema. Esclarecê-lo que a dificuldade não é um distúrbio, portanto, pode ser trabalhada em sala de aula, que sua causa e aparecimento não são devidos unicamente ao aluno, à sua família ou de outra ordem, mas sim um conjunto de fatores, incluindo a prática pedagógica, metodologia e a relação professor/aluno. Não estando o problema apenas fora da escola, mas muitas vezes dentro dela.
2. AS QUESTÕES DIDÁTICAS E A RELAÇÃO PROFESSOR/ALUNO
A relação professor-aluno deve ser encarada como um processo dinâmico, os dois sujeitos participam ativamente co-construindo, negociando, reorganizando e reestruturando significados. Assim, está na relação o foco de análise para encontrar a explicação sobre as dificuldades no processo ensino-aprendizagem.
Verifica-se que um aluno dito com "problemas de aprendizagem" enquanto tinha um(a) professor(a) "sem características afetivas, cooperativa e de incentivo" apresentam desempenho escolar abaixo do esperado. Com isto não havia uma identificação das necessidades mútuas e dos interesses de ambos, o que impossibilitou o crescimento de aluno(a) e professor(a).
Por outro lado, o mesmo aluno, em contato com uma professora de característica "afetiva, cooperativa, demonstrando consideração, apoio, incentivo..." foi capaz de superar as dificuldades de aprendizagem.
Todavia a transmissão de conhecimento baseada no modelo unidirecional, onde o aluno deve se conformar às atitudes do professor sem esperar ser compreendida enquanto indivíduo, não gera transformação. Ao contrário, cristaliza formas de pensar e comportar. Por outro lado, se a transmissão do conhecimento tem por base o modelo bidirecional onde há uma troca de informações que gera mudança e desenvolvimento, a interação irá mudar a mensagem, ocorre mudança tanto para quem transmite, que o faz junto com as suas vivências pessoais, assim como para quem recebe a informação e este fato é respeitado por ambas as partes da interação.
Mais do que transmitir conhecimento o educador deve buscar construir o conhecimento com seus alunos respeitando as diferenças individuais e também culturais.
"O professor não apenas transmite uma informação ou faz perguntas, mas também ouve os alunos. Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, a expor opiniões e dar respostas. O trabalho docente nunca é unidirecional. As respostas e as opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação do professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos.
Servem também para diagnosticar as causas que dão origem dão origem a essas dificuldades" (LIBÂNEO, 1994, p.250).
Deste novo modelo de interação surge a confiança, o respeito mútuo e a amizade, características fundamentais para que haja uma troca sadia e construtora entre professor e aluno.
A dimensão afetiva da aprendizagem precisa receber maior atenção, se o que se pretende é uma formação integral do indivíduo, pois não somos apenas racionalidade, somos também sentimento e afeto (emoção). E assim se destaca as aulas de educação física.
Educação é muito mais do que o aprendizado das matérias dadas em sala de aula. Ela engloba o desenvolvimento cognitivo, psicomotor e afetivo. E resumidamente pode-se dizer que nas aulas de educação física todos os três domínios estão em constante relação.
A educação física realmente objetiva o desenvolvimento integral do aluno. Por meio do movimento, são ensinados valores múltiplos que vão desde o desenvolvimento físico, passando pelo caráter lúdico, através dos jogos e brincadeiras e atingindo até a conscientização de valores morais, como o respeito e o trabalho em grupo.
Nessas aulas a aprendizagem do aluno não depende somente dele, e sim do grau em que a ajuda do professor esteja ajustada ao nível que o aluno apresenta em cada tarefa de aprendizagem. Se o ajuste entre professor e aprendizagem do aluno for apropriado, o aluno aprenderá e apresentará progressos, qualquer que seja o seu nível.
No processo educacional físico, alunos e professores são sujeitos que atuam de forma consciente. Não se trata apenas de sujeitos do processo de conhecimento e aprendizagem, mas de seres humanos imersos numa cultura e com histórias particulares de vida. O aluno que o professor tem à sua frente traz seus componentes biológico, social, cultural, afetivo, lingüístico entre outros. Uma vez que independente de como seja esse professor, ele será sempre alguém para ser lembrado, um referencial que deixará marcas na vida de seus alunos. Paulo Freire diz:
"O professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal-amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua marca" (FREIRE, 1996, p.73).
O processo de ensino-aprendizagem envolve um conteúdo que é ao mesmo tempo produção e produto. Parte de um conhecimento que é formal (curricular) e outro que é latente, oculto e provém dos indivíduos.
Todo ato educativo depende, em grande parte, das características, interesses e possibilidades dos sujeitos participantes, alunos, professores, comunidades escolares e demais fatores do processo. Assim, a educação física se dá na coletividade, mas não perde de vista o indivíduo que é singular (contextual, histórico, particular, complexo) e tem uma ferramenta imprescindível e diferente dos demais componentes curriculares o corpo. Pois o aluno percebe seu próprio corpo por meio de todos os sentidos, estando seu corpo ocupando um espaço no ambiente em função do tempo, captando assim imagens, recebendo sons, sentindo cheiros e sabores, dor e calor, movimentando-se. O corpo é o seu centro, o seu referencial, para si mesmo, para o espaço que ocupa e na relação com o outro.
Portanto, é preciso compreender que o processo ensino-aprendizagem na educação física se dá na relação entre indivíduos que possuem sua história de vida e estão inseridos em contextos de vida próprios.
As atividades de correr, saltar, arremessar, trepar, pendurar-se, equilibrar-se, levantar e transportar, puxar, empurrar, saltitar, girar, saltar corda permitem a descarga da agressividade, estimulam a auto-expressão, concorrem para a manutenção da saúde, favorecem o crescimento e uma variedade de benefícios para o sujeito aprendente. É evidente que estas atividades devem ser adequadas ao estado de desenvolvimento de cada aluno para assim fazer com que os movimentos sejam próprios ao seu grau de desenvolvimento morfofisiológico, o que contribui de maneira significativa para o avanço orgânico e funcional dos alunos em cada etapa de sua vida escolar.
A importância da educação física frente às dificuldades de aprendizagem começa a configurar-se quando se toma consciência das dificuldades dos alunos e cuida-se em apresentar os objetivos, os temas de estudos e as tarefas numa forma de comunicação clara e compreensível, juntamente com a escola, em um todo. As formas adequadas de comunicação concorrem positivamente para a interação professor-aluno e outros que fazem parte do contexto escolar, uma vez que muitos a vêem como um estímulo ao simples desenvolvimento físico através de gestos e movimentos padronizados, tirando assim o caráter educacional pertencente que visa atuar sobre a formação do caráter humano e contribuir para um maior rendimento do trabalho intelectual e afetivo frente às dificuldades de aprendizagem na(da) escola.
O profissional de educação física, no desempenho de sua função, pode moldar o caráter dos alunos e, portanto, deixar marcas de grande significado na sua formação. Ele é responsável por muitos descobrimentos e experiências que podem ser boas ou não. Com isso dirigi e orienta a atividade mental dos alunos, de modo que cada um deles seja um sujeito consciente, ativo e autônomo.
Como facilitador, deve ter conhecimentos suficientes para trabalhar tanto aspectos físicos e motores, como também os componentes sociais, culturais e psicológicos. Isso significa que, além da capacidade de ensinar conhecimentos específicos, é também papel deste profissional transmitir, de forma consciente ou não, valores, normas, maneiras de pensar e padrões de comportamento para se viver em sociedade e para que seja transposto as barreiras das dificuldades. Ficando claro que não se pode transmitir todos esses aspectos descartando o aspecto afetivo - a interação professor-aluno.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, pode-se dizer que a educação física juntamente com as dificuldades de aprendizagem exige um trabalho multidisciplinar e cada profissional tem o seu papel para ajudar o aluno construir o seu mundo de forma saudável. Não há como separar o cognitivo, o físico e o afeto em fragmentos isolados. Pois o aluno não deve ser visto como partes, mas como um todo, complexo e único que está formando a sua estrutura. Isso vale para professores, psicólogos, pais, familiares, enfim, a todos que fazem parte do universo discente.
Ao nos depararmos com quadros de alunos com dificuldade de aprendizagem, nos surge a preocupação em que nós professores podemos contribuir para que esse aluno, mesmo diante de suas dificuldades possa aprender? A esse questionamento refletimos sobre o papel da escola e a inter-relação com a família.
Consideremos que o papel da escola deveria ser o de desenvolver o potencial de cada um, respeitando as características individuais do aluno e sempre procurando reforçar os pontos fracos e auxiliando na superação desses pontos, evitando dessa forma que as dificuldades que os alunos possuem não sejam motivos para serem excluídos do processo de aprendizagem e muito menos possam ser rotulados ou discriminados.
Outro fator que muito colabora no papel da escola, é a família, pois permite a troca de experiência entre pais e professores. É muito importante que haja uma integração entre os ambientes (escola e família) para se compor o quadro de uma forma real e objetiva. Tanto os pais quanto os professores precisam entender que as dificuldades que o aluno possui se tiver um trabalho em conjunto todos serão beneficiados, principalmente ele, o aluno.
Dificuldades encontradas na Educação Física Escolar que influenciam na não-participação dos alunos: r
Introdução
O número elevado de estudos realizados desde o início da década de 1980 na área da Educação Física Escolar, tais como Libâneo (1985), Tani (1988) e Betti (1991), foi sinalizado por Freire (2003) como um indicador de que a Educação Física precisava de mudanças e que, mesmo com os avanços teóricos alcançados pelas reflexões levantadas por esses estudos, a prática da disciplina ainda não era correspondente às propostas apresentadas. As publicações mais recentes, como o Coletivo de Autores (1992), os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997) e Darido e Rangel (2005), mostram preocupação com a necessidade de uma prática educativa mais coerente com a realidade e as peculiaridades humanas.
Em meio a esse cenário de transição, diversas abordagens pedagógicas foram apresentadas nas pesquisas em Educação Física, todas baseadas nas diversas áreas de conhecimento humano, como a psicologia, sociologia e filosofia. Mesmo que essas propostas tenham fatores em comum e, ao mesmo tempo, pontos divergentes, todas se relacionam ao pretender uma Educação Física que contemple o Ser Humano em todas as suas dimensões, proporcionando uma educação dita integral (DARIDO, 2003).
Esse trabalho levanta uma nova discussão sobre tema, pois, mesmo com a diversificação de material existente sobre o assunto, as publicações atuais ainda demonstram preocupação com as mudanças almejadas pelos estudiosos há aproximadamente duas décadas, mas que ainda não foram totalmente concretizadas.
Buscando uma reflexão mais esclarecida sobre as principais dificuldades presentes nas aulas de Educação Física na escola e de como os professores podem superá-las, esse trabalho teve como objetivo analisar dados de pesquisas, relatos de situações e argumentos que pudessem colaborar para um processo de reflexão-ação em seus leitores, no sentido de contribuir com o crescimento dessa disciplina. Sendo assim, foram selecionados alguns trabalhos publicados recentemente sobre as questões levantadas e livros clássicos que abordam a Educação Física na escola.
1. Questionamentos das publicações atuais
Durante o processo de análise, verificou-se a discussão de diversos problemas ligados à Educação Física na escola, levantando muitos questionamentos sobre a prática pedagógica dos professores e seus métodos de ensino. A maior parte das publicações revistas trata dos conteúdos trabalhados nas aulas, o aspecto motivacional discente e docente e a importância atribuída à Educação Física enquanto componente curricular.
Numa primeira impressão, as pesquisas feitas sobre o Ensino Médio demonstraram bastante preocupação no tocante à motivação dos alunos. Segundo esses resultados, um dos fatores que alimenta o desinteresse dos alunos são os conteúdos abordados, pois quase sempre são uma repetição mecânica dos programas de Educação Física do Ensino Fundamental, que em sua maioria compõem-se somente do esporte tradicional. Essa prática acaba fazendo com que os alunos – na maior parte meninas que não gostam das modalidades oferecidas – se sintam desmotivados a participar das aulas.
Darido (2005) considerou que os conteúdos da Educação Física Escolar incluem somente algumas modalidades esportivas, tais como o futebol, basquetebol e voleibol. Complementando, Seabra (2004 apud Marzinek e Neto, 2007) apontou que parte dos professores de Educação Física na escola ainda tem como um dos seus principais objetivos desenvolver habilidades esportivas seguindo modelos de preparação física dos esportes de alto rendimento, assemelhando-se à realidade da Educação Física na década de 1970.
A maior parte dos autores durante esse trabalho converge na idéia de que muitos professores assumem o esporte como único conteúdo nas aulas de Educação Física, tanto no Ensino Fundamental como no Ensino Médio, e que isso desmotiva os alunos. Em contrapartida, Betti (2003) desenvolveu uma pesquisa com alunas do Ensino Fundamental e concluiu que o esporte é o conteúdo preferido das estudantes e que a maioria continua sentindo prazer pelas aulas, porém não consideram a Educação Física uma disciplina muito importante.
Betti e Zuliani (2002 apud Martinelli et al, 2006) argumentam que, ao chegarem nos anos finais do Ensino Fundamental, os alunos começam a desenvolver uma visão mais crítica do mundo e da sociedade, passando a desconsiderar a importância dessa disciplina e a ter outros interesses.
No Ensino Médio, a busca por uma definição profissional é uma característica de constante presença, pois com a sociedade cada vez mais exigente, os adolescentes acabam se preocupando muito com o vestibular e deixando a Educação Física de lado, especialmente se as aulas não ocorrem no mesmo período das demais disciplinas (DARIDO, 1999).
Segundo Martinelli (et al, 2006), o profissional de Educação Física muitas vezes contribui para o desinteresse dos alunos, pois os métodos utilizados para desenvolvimento das aulas, os conteúdos pouco relevantes, o relacionamento com os alunos, entre outros fatores, determinam o participar ou não das aulas.
2. Dificuldades nas aulas de Educação Física
Atualmente existe muita discussão sobre as dificuldades com as quais os professores e alunos se deparam nas aulas de Educação Física na escola. Por esse motivo, foram levantados alguns dos problemas mais comuns relacionados à prática dessa disciplina no Ensino Fundamental e Médio. O desenvolvimento desse tema incorre em uma reflexão sobre a visão dos alunos em relação à disciplina Educação Física e seus professores, sempre com a preocupação de entender quais os principais obstáculos existentes nas aulas.
A auto-exclusão
Umas das grandes dificuldades relacionadas à prática da Educação Física na escola é a auto-exclusão de alunas do Ensino Médio. Andrade & Devide (2006) realizaram um estudo com alunas do Ensino Médio que freqüentavam as aulas de Educação Física. Os autores ressaltaram que muitos motivos podem contribuir para a auto-exclusão de alunas nas aulas de Educação Física, como:
Ambiente físico inadequado (quadras pequenas e sem vestiários); Aulas frequentemente repetitivas e desorganizadas; Falta de habilidades e desprazer com os esportes oferecidos; Brutalidade masculina; Professor de Educação Física que não participa das aulas; Desigualdade de habilidades e gênero; Exclusão dos menos hábeis; Preferência da bola sempre para os meninos;Os autores, então, pediram que as alunas apresentassem sugestões para a melhoria das aulas, destinadas à participação dos alunos nas atividades de forma mais ativa, expressando suas idéias e desconstruindo os estereótipos de gênero presentes até então. Algumas das idéias foram:
Atividades mais diversificadas: aquecimento, ginástica, alongamento, dança, atletismo, aulas teóricas, natação, jogos de mesa, corridas e abdominal; Melhorias na estrutura física geral da escola: material e bebedouro; Aulas mais organizadas, animadas e interessantes; Melhorias na participação e interesse dos professores para ensinar, prática didático-pedagógica, planejamento e conteúdo.Os resultados da pesquisa indicam a importância e a necessidade de transformação da realidade apresentada, cabendo ao professor proporcionar mudanças que conduzam à construção social das igualdades de gênero, resgatando e aproximando os grupos auto-excluídos.Educação Fisica e EsportesEm muitas escolas, a disciplina Educação Física do ensino fundamental e médio toma basicamente o esporte como conteúdo. Marzinek (2004) identificou que os esportes mais trabalhados nas aulas são: futebol, voleibol, basquetebol e handebol, sendo eles geralmente os mais populares entre os alunos de Ensino Fundamental e Médio. Além disso, Facco (1999 apud MARZINEK, 2004) observou, assim como Betti (2003), que essas modalidades esportivas, além de serem os conteúdos mais desenvolvidos nas escolas, são também os preferidos dos alunos, desde a 5ª série do ensino fundamental até a 1ª série do ensino médio.Apesar da preferência pelas práticas citadas, acredita-se ser de grande importância que os alunos tenham a oportunidade de conhecer outros conteúdos, podendo até mesmo vivenciar práticas esportivas ainda pouco disseminadas na nossa cultura, como por exemplo, o baseball.Rangel-Betti (1999) menciona que os currículos das faculdades de Educação Física incluem disciplinas como a dança, capoeira, judô, atividades expressivas, ginástica, folclore, entre outros, sendo incompreensível as razões da pouca ou nenhuma utilização destes conteúdos.Percebe-se que a falta de diversificação pode provocar um atraso no desenvolvimento, quando Kunz (1989 apud RANGEL-BETTI, 1999) alega que “sentidos tais como o expressivo, o criativo e o comunicativo, que se manifestam em outras atividades de movimento, não são explorados quando o conteúdo escolar é apenas esportivo” e que "a transformação didática dos esportes visa, especialmente, a que a totalidade dos alunos possa participar, em igualdade de condições, com prazer e com sucesso, na realização destes esportes"O esporte é um fenômeno de relevância da cultura corporal, sendo inviável o tolhimento deste conteúdo aos alunos. Então, a preocupação deve ser com a maneira ele é trabalhado nas aulas. Portanto, nesse cenário, falta repensar cuidadosamente os procedimentos didáticos.Uma das situações que explicaria a pouca variação de atividades, seria a de que muitos professores por insegurança e/ou acomodação, tendem a trabalhar com os conteúdos que mais dominam, sendo geralmente algum desporto. O antigo conceito de que o professor de Educação Física é um atleta, faz com que este sinta-se desconfortável para confessar que não sabe executar todos os aspectos procedimentais da disciplina. Sendo assim, quando os alunos sugerem algo novo, muitas vezes o professor cria obstáculos para a sua realização.A desmotivaçãoAlves (2007) expõe diversos fatores que desmotivam os alunos à prática de Educação Física, como a metodologia de ensino inadequada, conteúdos que não favorecem a aprendizagem, relacionamento professor-aluno, postura desinteressada do educador, falta de coordenação de área, orientação, supervisão ou direção da escola e a ausência de significado sobre o real papel da Educação Física no contexto escolar que identifique o professor.Outro fator novamente apontado foi em relação aos conteúdos, que se repetem nos diferentes níveis de ensino e acabam sendo sempre os esportes coletivos. Ocorre que os alunos mais habilidosos na atividade chegam motivados e com as equipes já escolhidas, ocasionando a fuga dos menos habilidosos, que acabam utilizando diversos subterfúgios para não participarem da aula.De acordo com Martinelli et al. (2006), a Educação Física Escolar proporciona ao educando a experimentação dos movimentos, de modo que o mesmo tenha a capacidade de desenvolver um conhecimento corporal e compreender os motivos pelos quais os praticam. Quando isso não ocorre, parte dos alunos acaba perdendo o interesse pelas aulas de Educação Física.Em sua pesquisa, a autora citada levantou os motivos que levam as alunas do Ensino Médio a não gostarem de participar das aulas de Educação Física, compreendendo:
Não gostar das atividades propostas como conteúdo programático – vôlei, basquete, handebol e futebol; Não gostar dos conteúdos serem apresentados apenas sob a forma de jogo; Não saber jogar; Inibição em participar das aulas; Aulas desmotivantes; Não haver aquecimento no início dos jogos; Falta de exercícios dos fundamentos que serviriam de base para o jogo em si;As mesmas alunas sugeriram algumas atividades que pudessem ser abordadas nas aulas de Educação Física. São elas: atletismo, ginástica olímpica, dança, natação e yoga. Disseram, ainda, que se tivessem a oportunidade de debater sobre os conteúdos a serem abordados, indicando as atividades mais agradáveis, teriam maior interesse, estímulo e prazer em participar das aulas.
3. Sugestões para a prática profissional
Nos textos analisados no decorrer desse trabalho encontram-se diversas idéias e sugestões para uma possível superação dos problemas abordados, tanto por parte dos autores, quantos dos alunos entrevistados por eles.
Primeiramente, uma melhora na conduta dos professores de Educação Física resultaria em uma postura mais comprometida dos alunos, pois estes necessitam ser incluídos, ter uma participação ativa e até mesmo colaborar no desenvolvimento das aulas, questionando, sugerindo e cooperando. Dessa forma, sentiriam mais prazer e vontade de vivenciar as atividades propostas (FLORENCE, 1991).
Martinelli et al. (2006) acredita que se os professores apresentarem a iniciativa de conversar com os alunos a respeito dos conteúdos a serem trabalhados, oferecendo a oportunidade de um planejamento participativo, o interesse pelas aulas de Educação Física naturalmente aumentará. Deve-se levar em conta que foram os próprios alunos que sugeriram essa prática.
Correia (1993, apud DARIDO et al., 1999) relata pontos positivos diante da oportunidade de participação dos alunos na construção do currículo, principalmente no Ensino Médio, como: aumento da motivação e participação nas atividades; a valorização da disciplina por parte dos alunos; a identificação dos educandos com a aula e a aproximação dos grupos excluídos. Nas palavras de Darido (1999):
“o ensino médio não pode ser concebido como uma repetição, um pouco mais aprofundada, do programa de Educação Física do ensino fundamental, mas deve apresentar características próprias, que considerem o contexto sócio-histórico destes alunos”
Por outro lado, é necessário que o professor introduza novos conteúdos por conta própria, sugerindo novas modalidades esportivas, variações de jogos, aulas de alongamento, relaxamento, yoga, diferentes tipos de dança e atividades de expressão corporal. Quando não se possui conhecimentos suficientes sobre a atividade a ser trabalhada, existe a possibilidade de que um aluno com experiência prática conduza as atividades sob supervisão e orientação do professor.
Sendo assim, entende-se que, quando o aluno tem oportunidade de vivenciar diferentes conteúdos, como, por exemplo: jogos, danças, lutas, esportes menos conhecidos e atividades alternativas, cria-se um ambiente de maior interação e de conhecimentos mais aprofundados sobre seu próprio corpo e suas diversas possibilidades de movimentação.
Para Müller (1998 apud FOLLE et al., 2005), o estado motivacional dos envolvidos no processo, quando positivo, desperta o interesse e faz com os alunos que se tornem protagonistas, melhorando em si a qualidade da aula.
Cabe ao professor de Educação Física estimular e incentivar a participação, para que os alunos se relacionem cada vez melhor e atribuam valor a essa disciplina, criando a possibilidade de se tornarem indivíduos ativos e autônomos nos aspectos motor, cognitivo e socioafetivo.
Conclusão
Após as incursões realizadas no decorrer dessa análise, conclui-se que, nas pesquisas apresentadas, a maioria dos autores encontrou dificuldades semelhantes no cenário da Educação Física Escolar brasileira. De certo modo, essas questões problemáticas então interligadas e formam um aglomerado que se sustenta pela falta de renovação a apatia de uma parte dos professores.
Através das sugestões apresentadas nesse trabalho, espera-se que seja possível incentivar os professores rumo a uma mudança de postura, transformando a Educação Física Escolar em uma prática cada vez mais importante, atrativa e democrática entre os docentes.
Complementando, a intenção também foi instrumentalizar os professores para que se sintam seguros em trabalhar novos conteúdos e abrir espaço para diálogo com os alunos, mas para uma efetiva mudança de atitude é importante que os educadores estejam sempre abertos ao novo e motivados para renovar.
sábado, 18 de fevereiro de 2017
Atividades para alunos com dislexia
Como identificar?
Por se tratar de um transtorno de linguagem, a dislexia só se manifesta no final da alfabetização e nos primeiros anos escolares (1ª e 2ª ano). A criança começa a apresentar dificuldades inesperadas de aprendizagem de leitura, apesar de ter outras habilidades.
Feito o diagnóstico, é importante que o professor se junte ao profissional que tratará a criança e, dessa forma, combine uma maneira de aprendizado diferente. A psicoterapeuta de crianças e adolescentes Mirian Barros conta que não é só o psicólogo quem faz o diagnóstico, e sim o conjunto professor, pais, fonoaudiólogo, psicopedagogo etc.
Quanto mais tarde é feito o diagnóstico, mais a criança fica com a autoestima baixa, podendo ser excluída pelos grupos de amigos, e isso vai acarretando em diversos problemas. Estudos mostram, inclusive, que as taxas de suicídio infantil estão relacionadas à escola e, principalmente, à dislexia, por conta do bullying. Às vezes, até o professor pode influenciar a baixa autoestima, uma vez que não consegue identificar o problema.
Atividades para alunos com dislexia
Os alunos que possui dislexia deve ser aplicado a letra do alfabeto antes da palavra, por exemplo: "B bola" por que dessa forma o aluno irá conseguir similar fazendo com que o aprendizado aconteça normalmente.
Atividades para alunos com dislexia |
O que é dislexia?
A Dislexia do desenvolvimento é considerada um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração. Essas dificuldades normalmente resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas. (Definição adotada pela IDA – International Dyslexia Association, em 2002.
Essa também é a definição usada pelo National Institute of Child Health and Human Development – NICHD).
Possíveis Sinais
Alguns sinais na Pré-escola
- Dispersão;
- Fraco desenvolvimento da atenção;
- Atraso do desenvolvimento da fala e da linguagem
- Dificuldade de aprender rimas e canções;
- Fraco desenvolvimento da coordenação motora;
- Dificuldade com quebra-cabeças;
- Falta de interesse por livros impressos.
Alguns sinais na Idade Escolar
- Dificuldade na aquisição e automação da leitura e da escrita;
- Pobre conhecimento de rima (sons iguais no final das palavras) e aliteração (sons iguais no início das palavras);
- Desatenção e dispersão;
- Dificuldade em copiar de livros e da lousa;
- Dificuldade na coordenação motora fina (letras, desenhos, pinturas etc.) e/ou grossa (ginástica, dança etc.);
- Desorganização geral, constantes atrasos na entrega de trabalho escolares e perda de seus pertences;
- Confusão para nomear entre esquerda e direita;
- Dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas etc.;
- Vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou longas e vagas;
Próximo passo: diagnóstico
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