quarta-feira, 12 de julho de 2017

Lula é condenado a 9 anos e meio, mas vai responder em liberdade

Lula é condenado por Sergio Moro
A condenação faz parte do primeiro processo dos cinco a que Lula responde. Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, acatada pelo juiz, ele teria recebido propina por meio de pagamentos dissimulados na entrega de um apartamento tríplex no Guarujá. “Entre os crimes de corrupção e de lavagem, há concurso material, motivo pelo qual as penas somadas chegam a nove anos e seis meses de reclusão, que reputo definitivas para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, afirmou Moro em sua sentença.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado na Lava Jato (Foto: Leonardo Benassatto/Reuters)
Na sentença, Moro também determinou o confisco do tríplex em questão, alegando que ele é “produto de crime”. “Independentemente do trânsito em julgado [confirmação da sentença em tribunais superiores], expeça-se precatória para lavratura do termo de sequestro e para registrar o confisco”. Na mesma sentença, Moro absolveu Lula e Paulo Okamoto, diretor do Instituto Lula, das acusações corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo o armazenamento do acervo presidencial em um galpão da empresa Granero na Grande São Paulo “por falta de prova suficiente da materialidade”. "Apesar das irregularidades no custeio do armazenamento do acervo presidencial, não há prova de que ele envolveu um crime de corrupção ou de lavagem", escreveu o magistrado.
Moro, acusado pela defesa de Lula de não ser isento para julgar o petista, também afirmou em seu despacho que a condenação de Lula não lhe traz “qualquer satisfação pessoal”. “Pelo contrário, é de todo lamentável que um ex-presidente da República seja condenado criminalmente”, escreveu o magistrado. Mas também criticou o comportamento do petista ao longo do processo, que de acordo com o magistrado incluiu a intimidação de “agentes da lei” e do procurador Deltan Dallagnol, e afirmou que caberia até mesmo prender preventivamente o ex-presidente. “Aliando esse comportamento [de intimidação] com os episódios de orientação a terceiros para destruição de provas, até caberia cogitar a decretação da prisão preventiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”. O magistrado, no entanto, descarta a medida alegando que “a prisão cautelar de um ex-presidente da República não deixa de envolver certos traumas”, e que a “prudência recomenda que se aguarde o julgamento pela Corte de Apelação”.
O advogado do ex-presidente, Cristiano Zanin estava em audiência com o próprio Sergio Moro, em Curitiba, quando a sentença saiu. Ele só soube da notícia por volta das 16h, porque um assessor o comunicou depois de saber do ocorrido, pela internet. A defesa dará uma entrevista coletiva no final do dia, mas, por meio de nota, já disse que Lula é vítima de lawfare [o uso da lei com finalidades políticas], e alegou a inocência do ex-presidente. Para Zanin, o juiz Moro sempre demonstrou "sua parcialidade e motivações políticas do começo ao final do processo".
Na porta do Instituto Lula, o vice-presidente do PT, Márcio Macêdo, falou brevemente sobre a condenação. "Recebemos a notícia com a serenidade de um inocente e com a indignação de um injustiçado", afirmou. Macedo disse que o partido está programando mobilizações em todo o país e que o ex-presidente fará um pronunciamento "na hora adequada". A executiva do partido se reunirá nesta quarta para deliberar as próximas ações, mas já convocou protestos contra a decisão.
As alegações finais dos advogados foram apresentadas à Justiça de Curitiba no final do mês passado. No documento, de 363 páginas, eles pediram que o ex-presidente fosse considerado inocente das acusações, já que a OAS não poderia ter repassado o apartamento a Lula, pois os direitos econômicos e financeiros do imóvel foram transferidos pela construtora a um fundo gerido pela Caixa Econômica Federal em 2010. Ele teria sido oferecido ao banco pela OAS como parte de garantia de um empréstimo, que não foi pago. “Nessas alegações finais demostrar-se-á que não apenas o Ministério Público Federal deixou de desincumbir o ônus de comprovar as acusações deduzidas na denúncia, mas, sobretudo, que há nos autos farta prova da inocência do presidente Lula”, afirmaram os defensores.
A linha de defesa diferiu nas alegações daquela apresentada pelo ex-presidente quando prestou depoimento a Moro, em que afirmou que o interesse do tríplex era de sua mulher, Marisa Letícia, que morreu neste ano. A defesa também argumentava que nenhuma prática ilícita ou dissimuladora pode ser atribuída a Lula no caso da armazenagem do acervo presidencial, pois a legislação estimula que instituições públicas e privadas auxiliem na manutenção do acervo presidencial, já que ele integra o patrimônio cultural brasileiro.

sábado, 8 de julho de 2017

Eu te amo por inteiro

Tantos anos se passaram e aqui estamos nós. No começo, nos desentendíamos pois não nos comunicávamos com a mesma linguagem, até que percebemos que tínhamos diferentes formas de amar e de mostrar isso para o outro. E com o tempo fomos nos ajeitando, nos entendendo e realmente vendo um ao outro. E preciso dizer: que lição maravilhosa que tem sido estar contigo, minha companheira! Você sempre me apoia e me ajuda a ser uma pessoa melhor, você me ouve e sempre tem a intenção de me ajudar e de propor uma solução ou de fazer com que eu me sinta melhor. Com o passar dos anos, os desafios que enfrentamos e os inúmeros momentos de alegria, passei a te amar cada vez mais e de formas diferentes. Eu digo, com toda a certeza e amor do mundo, que te amo de diferentes formas, eu te amo por inteiro! Construímos uma vida e uma família linda com muito diálogo, respeito e espontaneidade. Eu sou muito feliz ao seu lado e espero que possamos passar mais tantos anos juntos!

quinta-feira, 6 de julho de 2017

QUANTO VALE A SUA LIBERDADE?

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Em todas as lutas promovidas pelos povos, a liberdade sempre foi um tema presente. Liberdade de expressão, de credo, de ideologias... Liberdade. Mas, o que o ser humano faz com sua liberdade? Ele realmente quer ser livre, ou teme a liberdade?
O filósofo francês Jean-Paul Sartre defendia a ideia de que o ser humano estava condenado a ser livre.  Na visão dele, ninguém é obrigado a tomar as decisões, quando escolhemos entre duas situações, independente de quaisquer motivos, exercemos o nosso poder de escolha e, portanto, usamos da nossa liberdade.
A ideia do filósofo se mostra condizente com a realidade, pois em todos os momentos da história da humanidade, o ser humano buscou elementos para cercear sua liberdade. Desde o homem primitivo houve uma busca por “algo” que restringisse essa liberdade. Por isso, a adoração de deuses, ídolos, reis, faraós, etc. As religiões funcionaram, desde os primórdios, como elemento controlador da sociedade. Ainda hoje, a religião tem essa finalidade, porém perdeu grande espaço para o Estado.
O Estado é investido do poder – dado pela própria sociedade – de restringir as liberdades de cada um. Ou seja, nós, míseros humanos, colocamos nossa liberdade nas mãos do Estado para que ele decida como devemos proceder. Mas quem é o Estado? Existe Estado sem seres humanos? Então, na verdade, entregamos nossa liberdade nas mãos de alguns seres humanos escolhidos para escolherem por nós.
Se a liberdade é um bem tão precioso e a entregamos ao Estado, de mãos beijadas, o que esse Estado deve nos dar em retribuição a nossa generosa doação?
Poderíamos dizer que em troca teríamos educação, saúde, segurança, habitação, provimentos para nossa existência... Mas, na realidade apenas entregamos a liberdade sem nada em troca, pois nem sempre o Estado zela de pela sociedade, ao contrário, impostos e taxações é o que mais ganhamos.
Retornamos ao início, o ser humano é livre e, sem dúvida, exerceu seu direito a liberdade quando dispôs desta a favor do Estado. Foi uma escolha. Portanto, a liberdade de cada um, até quando se imagina não tê-la, está sendo exercida. Não tem como, Sartre tinha razão! Estamos, todos, condenados a ser livres.
Viveremos com o peso da nossa liberdade de escolha e, reconheceremos o peso da escolha dos outros. O que não podemos é continuar a nos enganar de que não há escolha, que somos obrigados a essa ou aquela situação. Somos responsáveis por todas as nossas ações, as que praticamos e as que deixamos de praticar, pois ambas foram nossas escolhas.

O Trem Frutas

O Trem a Aventura do Alfabeto (BOB)

Bob, O Trem das fórmulas

sexta-feira, 30 de junho de 2017

Av 2 - Fundamento Histórico Curltural da Educação de Surdos

1)
Qual é o principal objetivo do Oralismo?

Alternativas:
  • a)
    A comunicação entre os surdos.
  • b)
    A comunicação entre surdos e não surdos.
  • c)
    Possibilitar que o surdo seja usuário proficiente da língua oral.
    Alternativa assinalada
  • d)
    Curar a deficiência dos surdos em falar.
  • e)
    Incluir o surdo na sociedade.
2)
O uso de formas de comunicação auditivas manuais e orais associadas é utilizada na:

Alternativas:
  • a)
    Comunicação verbal.
  • b)
    Comunicação total.
    Alternativa assinalada
  • c)
    Comunicação não verbal.
  • d)
    Comunicação oralista.
  • e)
    Comunicação por sinais.
3)
Trata-se de uma filosofia de ensino que utiliza duas línguas no contexto escolar. A Língua de Sinais é compreendida como língua natural e através dela é ensinada a língua escrita. A que filosofia nos referimos?

Alternativas:
  • a)
    O bimodalismo.
  • b)
    LIBRAS.
  • c)
    O oralismo.
  • d)
    A cultura surda.
  • e)
    A educação bilíngue.
    Alternativa assinalada
4)
Leia as frases abaixo e assinale (V) verdadeiro ou (F) falso sobre o Programa Nacional de Educação de Surdos:
( ) Um dos objetivos do programa é promover cursos para formação de professores/instrutores surdos para ministrarem cursos de Língua de Sinais.
( ) Um dos objetivos do programa é promover cursos para formação de tradutores/intérpretes de Língua de Sinais e Língua Portuguesa.
( ) Um dos objetivos do programa é promover cursos para formação de professores de Literatura, História e Geografia para surdos.
( ) Os principais parceiros do Ministério da Educação para o desenvolvimento deste programa são a UNESCO, a ONU e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BIRD).
Assinale a alternativa que indica a sequência correta:

Alternativas:
  • a)
    V – V – F – F.
    Alternativa assinalada
  • b)
    V – F – V – F.
  • c)
    F – V – V – F.
  • d)
    V – F – F – V.
  • e)
    F – V – F – V.
5)
Qual é o significado da sigla LSCB?

Alternativas:
  • a)
    Língua de Sinais dos Central do Brasil.
  • b)
    Linguagem de Sinais Comunitários do Brasil.
  • c)
    Linguagem de Sinais da Comunidade de Surdos do Brasil.
  • d)
    Língua de Sinais da Comunidade Estudantil do Brasil.
  • e)
    Língua de Sinais dos Centros Urbanos Brasileiros.
    Alternativa assinalada

Av 1 - Fundamento Histórico Curltural da Educação de Surdos

Segundo as leis judaicas de 2000 a 1500 a.C., os surdos não tinham direito à:

Alternativas:
  • a)
    Cidadania.
  • b)
    Saúde.
  • c)
    Vida.
  • d)
    Proteção.
  • e)
    Educação.
    Alternativa assinalada
2)
Em qual século se encontram os primeiros registros de tentativas reais para educação dos surdos?

Alternativas:
  • a)
    XIII.
  • b)
    XVI.
    Alternativa assinalada
  • c)
    X.
  • d)
    XX.
  • e)
    XXI.
3)
Charles-Michel de l'Épée descobriu que os surdos desenvolviam uma boa comunicação através do canal "visogestual" e, através dessa observação, ele criou o método educacional denominado:

Alternativas:
  • a)
    Língua dos sinais.
  • b)
    Método dos sinais.
  • c)
    Sinais metódicos.
    Alternativa assinalada
  • d)
    Comunicação visual.
  • e)
    Comunicação não verbal.
4)
Complete o trecho exposto abaixo assinalando alternativa correta.
A primeira medida educacional para proibir o uso da língua de sinais foi obrigar os alunos surdos a:

Alternativas:
  • a)
    Sentarem sobre suas mãos.
    Alternativa assinalada
  • b)
    Usarem o oralismo em tempo integral.
  • c)
    Não conviverem em grupos.
  • d)
    Permanecerem sozinhos na sala de aula.
  • e)
    Participarem do treinamento auditivo.
5)
A Língua Brasileira de Sinais, estabelecida por Hernest Het, recebeu forte influência:

Alternativas:
  • a)
    Americana.
  • b)
    Inglesa.
  • c)
    Espanhola.
  • d)
    Alemã.
  • e)
    Francesa.
    Alternativa assinalada

terça-feira, 27 de junho de 2017

Relações perigosas: da depressão à poesia

Resultado de imagem para não sorrir de uma pessoa depressiva, esse é o ultimo estágio de sofrimento de uma saudade
Doença da moda na ponta dos lápis dos diagnósticos PSIS, a depressão, cujas causas ainda são pouco conhecidas pela ciência, constitui o tema central do livro Perdas e Danos. Retomando teóricos e estudiosos, da psicanálise de Freud à Classificação de Transtornos Mentais e Comportamentais da Organização Mundial da Saúde, o autor discorre sobre a depressão procurando apresentar seus aspectos psicodinâmicos. Partindo do pressuposto de que os sintomas e sentimentos depressivos existem desde que existe o homem, percorre o caminho histórico de seu isolamento e classificação médica. Mostra ainda as diferentes definições e os variados tipos de experiências depressivas: a reação depressiva normal, o luto, a neurose depressiva, a posição depressiva, até chegar ao seu estado mais grave, que é a depressão melancólica.
Em 1917, Freud já havia estudado amplamente o luto e proposto uma psicodinâmica da melancolia (ou depressão). Em Luto e Melancolia, o pai da psicanálise apresenta uma psicodinâmica e uma diferenciação destes dois processos psíquicos de busca de elaboração do desamparo e sofrimento frente a uma situação de perda. A perda de um objeto querido e amado, seja ele uma pessoa (um filho, marido, amigo), seja ele um objeto ou um ideal, uma aspiração (o sonho de um bom emprego, a crença em um político que torne o país melhor), provoca no enlutado um profundo desinteresse pelo mundo externo, pela vida e por suas atividades cotidianas. É um processo normal de desligamento do objeto perdido, em que o ego, que antes era repleto de ligações e investimentos afetivos com o objeto, se vê perdido e obrigado a religar seus fiozinhos de investimento afetivo em um objeto substituto. É um processo longo e doloroso, mas com grandes chances de resolução satisfatória e fortalecedora, se o sujeito que o realiza estiver amparado por bons objetos internos (referenciais internos de aconchego e proteção).
Já na melancolia, estado patológico do luto, o sujeito que perde o objeto amado perde também, junto com o objeto, uma parte de si. Assim, no quadro sintomatológico, depressão e luto caracterizam-se pelos mesmos sintomas: humor alterado, tristeza profunda, desinteresse pela vida, prostração. Na melancolia, entretanto, além destes sintomas há um substantivo rebaixamento da autoestima, em que o sujeito ataca o seu próprio ego, o seu próprio eu. Nesse estágio podem surgir as ideias e, inclusive, os atos suicidas.
Como poetizou certa vez um ilustre psicanalista ribeirão pretano, a maneira mais fácil de compreender o que são o luto e a melancolia é ouvindo duas músicas, de diferentes épocas, do grande compositor Chico Buarque: A Rita, de 1965, e Trocando em miúdos, 1978.
Na primeira, o eu-lírico perde Rita, seu objeto de amor e investimento afetivo e, junto com ela, perde seu sorriso, seus planos, seus pobres enganos, os seus vinte anos e até seu coração. E, além de tudo, a Rita lhe deixa mudo o violão. É a melancolia, o estado patológico em que o enlutado perde, junto com o objeto amado, parte de si e permanece sem saber exatamente o que se foi junto com outro perdido. A Rita causou no poeta perdas e danos.
Já na segunda música, composta em parceria com Francis Hime, por um Chico mais maduro musical e emocionalmente, o eu-lírico (que tanto pode ser uma mulher como um homem) perde também seu amor, sai com o peito dilacerado, sofre, mas não se perde no outro, pois leva consigo sua identidade: “Eu levo a carteira de identidade/Uma saideira, muita saudade/E a leve impressão de que já vou tarde”.
O que se percebe, nos dois estados e nas outras modalidades de sofrimento depressivo, é que são experiências deflagradas por uma perda. Ainda que a perda atual seja apenas a gota d´água que encheu a caixa que já estava cheia de lutos passados mal resolvidos. Nesse sentido, o que define, entre outros fatores, a vivência patológica (depressão) ou “normal” (luto) de uma perda é a relação anteriormente estabelecida com o objeto de amor. Quando esta relação é narcisista, ou seja, quando a eleição do objeto se dá de acordo com o que o sujeito quer que o outro seja e não de acordo com o que ele é de fato, o risco é o de uma profunda idealização das características do outro, que o impede de existir enquanto sujeito. O outro passa a funcionar como uma tela em que o sujeito projeta seus anseios, desejos e expectativas. E, se “uma das facetas da melancolia é o seu caráter onipotente e sua predominante forma de relação narcísica consegue e com o outro”, já sabemos em que pode culminar a perda de um objeto assim desejado. São estas as relações que estão sendo chamadas pelo autor do livro de perigosas.
E, afinal, que relações são estas? São aquelas que, tendo as primitivas relações com os pais como seu núcleo fundador, mantém, na vida adulta, a imagem de um outro todo poderoso. Esse outro contém tudo o que é belo, perfeito e bom. Este tipo de vivência pode ser encontrado nas relações de namorados, amigos, casais, profissionais, relações de estudo, entre pais e filhos e muitas outras.

Um bom exemplo deste tipo de relação, citado pela psicanalista Françoise Dolto em seu livro Quando os pais se separam, é a da mãe recém separada, que mantém uma relação super protetora com seu jovem filho ou filha. Todo seu afeto, carinho e proteção anteriormente dedicados ao parceiro, com a perda deste, voltam-se para a criança e a aprisionam em uma relação excessivamente investida, da qual dificilmente conseguirá libertar-se. São aquelas mães que, mais adiante, dirão ao filho “Foi por você que me sacrifiquei e que não voltei a me casar” (citado em Dolto). A vida dessas crianças fica assim paralisada em função da culpa. Segundo a mesma autora, “elas ficam, de fato, encarregadas da mãe pelo resto da vida, mesmo que cheguem a evoluir e a se casar”.
Em uma relação estabelecida desta maneira, muitas vezes, o filho não consegue, não pode desenvolver sua própria vida, está sempre ligado àquela mãe (ou pai, ou companheiro, marido) que “sacrificou sua vida, anulou-se” para “viver para o filho”. Este então, adolescente, não poderá fazer uma faculdade fora da cidade, nem arrumar emprego longe da casa da mãe. Adulto, não poderá casar ou, se vier a ter um companheiro, poderá ter sempre sua intimidade e autonomia prejudicadas pela presença intrusiva da mãe onipresente.

O grande perigo dessas relações é o fato de que, a qualquer momento, como acontece na situação de perda, tudo o que era bom, perfeito e lindo pode tornar-se o seu oposto, transformando-se em ruim, persecutório e intrusivo na mente do depressivo. Isto acontece em função da imensa dificuldade que essas pessoas tem de integrar em um único objeto de investimento (amigo, animal de estimação, esposa, marido, trabalho, ideal) suas características boas e más. Então se hoje meu time do coração é o melhor e mais perfeito time do mundo, amanhã, quando perder um jogo ou título e me decepcionar, ele se tornará o que de pior há na face da terra.
A capacidade de integrar e assumir ante um mesmo objeto sentimentos opostos como amor e ódio é chamada pela psicologia de ambivalência emocional. E, para melhor compreendê-la, nada melhor que voltar ao Chico e escutar seu Samba do grande amor. Nele todos os desejos extremados do eu-lírico relacionados ao grande amor (vivê-lo, rir-se dele) são suave e jocosamente negados pelo refrão sempre presente após a enunciação do grande amor: mentira!