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Os conteúdos abordados na cadeira de Deficiência Auditiva e Problemas de Linguagem permitiram-nos fazer uma breve reflexão sobre o "Mundo do Silêncio", em que uma minoria da população mergulha e em toda a problemática que a envolve quando se tem que ajustar ao "Mundo dos Sons". Mundo em que vive uma maioria que, por um desconhecimento total e uma insensibilidade inconsciente pouco se esforça para aprender a comunicar com eles.
Esta cadeira tornou-se rica e útil pelo alerta que despertou, pela troca de experiências, e porque nos irá fazer no futuro interagir com a surdez de uma forma mais responsável e informada .
Qualquer acto de comunicar pressupõe a presença mediata e imediata no espaço e no tempo, de um agente emissor, que produz o sinal e de um agente receptor ao qual é destinado.
O homem não pode viver isolado ninguém comunica consigo mesmo, comunica com alguém, e quando comunica, comunica alguma coisa.
A capacidade de comunicar utilizando a linguagem é um dos aspectos que distingue os seres humanos dos demais. Na tradição cultural das sociedades humanas, a comunicação é basicamente oralista, o que acaba por dificultar a comunicação entre surdos e ouvintes.
No caso das pessoas surdas é necessário ter em conta a situação de comunicação, e esta caracteriza-se pelos "instrumentos que a pessoa surda dispõe para a comunicação"
Estes instrumentos são os seguintes :
- a audição (total, parcial ou quase nula)
- o conhecimento da língua oral (semântica) falada e escrita.
- o conhecimento da leitura labial
- o conhecimento da língua gestual nas crianças surdas.
Segundo Chomsky (1971) todas as crianças possuem características inatas que lhe permitem adquirir e desenvolver a língua da sua comunidade. Apesar das crianças nascerem pré - programadas para adquirirem a linguagem, necessitam viver num ambiente linguístico para que o processo seja activado e estimulado.
Para as crianças surdas a linguagem gestual, como língua natural, é um instrumento facilitador do processo de significação quer da linguagem receptiva quer da expressiva. A linguagem escrita quando desenvolvida é um precioso auxiliar da memória.
Este trabalho é constituído por 4 partes. Na 1ª desenvolve-se a aquisição da linguagem das crianças ouvintes, das crianças surdas filhas de pais surdos e filhos de pais ouvintes, na 2ª parte aborda-se linguagem e pensamento, na 3ª parte faz-se uma breve abordagem sobre o desenvolvimento conceptual nas crianças surdas e por último parte apresenta-se alguns métodos utilizados no desenvolvimento da linguagem das criança surdas.
Ao fazermos este trabalho reconhecemos a necessidade de uma sólida formação de base dos técnicos de educação que intervêm junto das crianças surdas, e como é importante estarmos abertos aos diferentes métodos de comunicação, pois só assim será possível assegurar respostas de acordo com a especificidade de cada caso.